VINTE E SEIS

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Eric

Minhas mãos estavam suando que nem um inferno. Droga! Eu estava nervoso pra caralho. Não sei quanto tempo eu estava esperando encostado no carro, devia ter mais ou menos uma hora.

Eu fui atrás de Nina, implorei para que ela me ouvisse, e bom, ela ouviu, mas depois de me xingar de nomes que eu desconhecia até o exato momento. Mas no final, ela decidiu que e ajudaria.

Então na noite passada me ligou e me disse os primeiros passos que eu deveria seguir. Eu nunca, nunca, tive que conquistar ninguém, as coisas com Kate foram naturais, então eu nunca tive trabalho. Mas agora eu estava ali, nervoso que nem um adolescente, orando para conseguir dizer as coisas certas e não estragar tudo.

Pela décima vez repassei às palavras de Nina na minha cabeça.

Respirei fundo e sequei minhas mãos na minha calça. O sinal tocou e logo as crianças começaram a sair, em vinte minutos eu a vi. Eu estava agindo feito um idiota, mas era isso ou perder de vez a única mulher que me fez sentir algo. Assim que me viu, ela pareceu surpresa, mas logo se recompôs, ignorando minha existência e indo em direção ao seu carro. Tomei coragem e fui até onde ela estava.

- Para quem resolveu sumir por três meses, você está aparecendo muito - tinha mágoa na sua voz.
- Eu quero conversar com você - disse com calma, antes que ela me xingasse.
- Não temos nada para conversar, Eric - como Nina me alertou, ela estava sendo fria. Mas eu merecia. Era hora de implorar. Céus, isso no final tinha que valer a pena. - Por favor, Stella. Só preciso que me escute, só isso - insisti.

Ela pensou por uns instantes. Não sei se era raiva ou medo de ceder, mas em nenhum momento ela me olhou.

- Tudo bem, não vou a lugar nenhum com você, vamos conversar dentro do carro - disse ríspida.

Ela abriu a porta do motorista e entrou.

Merda! Dentro do carro? Eu ensaiei a situação para ser num lugar aberto, ficar em local fechado com ela não era legal. Eu deveria me comportar, mas Stella mexia com um lado meu que eu não conhecia. É óbvio que já senti tesão por diversas mulheres, mas ela era diferente. Ela me deixava louco.

Realmente dentro do carro não era um local adequado. Stella estava linda, seu cabelo tinha mudado, não sei o que era ao certo, mas tinha algo diferente. De repente, tudo dentro de mim virou uma bagunça e minha cabeça deu pane. Minha vontade de verdade era agarrá-la ali e beijá-la, mas eu precisava me comportar e não forçar a barra.

Pedir desculpas.
Assumir minhas merdas.
Deixar claro o que sinto.

Isso ia ser mais difícil do que eu imaginava.

- Você está bem? - tentei começar uma conversa.
- Você disse que queria que eu te ouvisse, bom, apenas fale - cuspiu as palavras.

Como começar a falar? Merda, eu tinha treinado isso umas cem vezes e agora eu não lembrava uma palavra do que eu pensei em dizer.

- Eu... Ahm... - bela frase formada. Vamos lá, seu idiota! - Eu queria te pedir desculpas, pela forma que eu conduzi as coisas e...
- Tanto faz, Eric - me cortou. - De verdade? Eu tenho uma coisa de botar expectativas demais nas pessoas, mas dessa vez eu aprendi. Você nunca mentiu pra mim, nunca me fez promessas, então você não me deve desculpas.
- Devo sim, depois de tudo que você fez por mim, eu não deveria ter ido embora daquela forma e...
- Eu tenho bom coração, Eric. Faria por qualquer pessoa - seu tom de voz estava cheio de frieza.
- Estou tentando, Stella - falei começando perder minha paciência. - Não é fácil para mim estar aqui, mas deixei meu orgulho de lado, porque não quero perder você.

Sol que faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora