CAPÍTULO 12

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CAPÍTULO 12

O despertador tocou, uma, duas, três vezes. Em um último esforço para continuar dormindo Kate virou para o lado, cobrindo a cabeça com o travesseiro. Mas o algoz das noites, mensageiro dos compromissos, continuava o anuncio estridente, estava na hora de levantar. Eram duas horas da manhã de uma terça-feira fria e chuvosa em São Paulo. Dentro de minutos Kate deveria estar no Aeroporto de Guarulhos para cumprir mais uma escala de comissariado.

Todo o glamour da profissão de comissária de bordo era rapidamente esquecido em horas como aquela. Não havia jeito, a solução era levantar e chamar a companheira, também comissária, que dividia o aluguel do apartamento e concorria à mesma escala de vôo.

- Tirar Márcia da cama, hoje, não vai ser fácil! - resmungou Kate, enquanto dobrava a roupa de cama, acomodando-a no interior do armário.

Aproximando-se da porta do quarto de Márcia, Kate chegou a conclusão de que naquela noite não seria necessário seu serviço de despertadora. A julgar pelos gemidos animais e o vai-vem das silhuetas observadas pela porta entreaberta, Márcia estava bem acordada e ocupada. Restava, então, um banho bem quentinho, para despertar do sono e prepara-la para as longas horas de vôo subseqüentes.

Sob o chuveiro, a água quente e a esponja suave deslizando na pele macia, coberta por pêlos dourados, pareciam entorpecer Kate. A lembrança do que acabara de ver no quarto ao lado, brotou repentinamente em seus pensamentos. Sentindo o corpo envolvido carinhosamente pelo abraço de calor e umidade dos vapores, Kate imaginou o que ainda estaria acontecendo no quarto da colega. O instinto guiou suas mãos aos pêlos pubianos, loirinhos e cuidadosamente aparados. Em um estremecer lânguido, Kate cerrou os olhos azuis se entregando ao prazer. Mãos, dedos, seios, seu corpo mergulhava na fantasia de estar nos braços do seu homem. Do amor não correspondido. Logo uma onda de prazer varreu corpo e alma, um sorriso de menina veio à tona.

Horas mais tarde, uma aeronave iniciava os procedimentos para decolagem. As comissárias, dentro de uniformes cuidadosamente ajustados às curvas do corpo, demonstravam procedimentos para o caso de emergência.

Kate sabia o quanto duras seriam as próximas doze horas. Além de aturar passageiros inconvenientes e mal educados, seria preciso ouvir as lamentações da companheira. O que a confortava era a expectativa de um novo contato com aquele homem misterioso e sedutor para a entrega do relatório de suas últimas atividades.

Sentindo o cansaço advindo de mais uma noitada de prazer às vésperas de um vôo, Márcia insistia em tentar convencer Kate de que não cometeria o mesmo erro novamente. Reclamando do sono para quem quisesse ouvir.

- Amiga, este cansaço que estou sentindo não vale a pena, nem por aquele homem maravilhoso de ontem, nem por nada no mundo. Mal posso esperar para deitar e dormir um pouco. - disse Márcia a Kate após a segunda decolagem do dia.

Nada que o tempo e o sangue apimentado da moreninha de olhos esverdeados, sorriso contagiante e corpo esculpido por anos de malhação em academias de ginástica, não pudessem apagar.

Durante o vôo, um dos passageiros pediu à Kate doce de abóbora com coco queimado. A comissária respondeu, de pronto:

- Não temos o sabor da terra. Mais alguma coisa, senhor?

- Não, obrigado.

Havia sido realizada a troca de senha e contra senha. Discretamente e em hora oportuna o homem passou e recebeu das mãos úmidas de Kate algo semelhante a um pequeno cartão de memória.


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