Capítulo 6 | Trevor

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INVERNO DE 2004

Toco a campainha e começo a suar frio. Ensaiei tanto o que falar e agora tudo sumiu da minha cabeça. Socorro, preciso de ajuda.

A Luciana me recebe e ela parece estar ansiosa também, não tanto quanto eu, pois ela consegue sorrir ao meu ver, eu nem isso consigo.

- Bo-boa no-noite, Luciana.

- Oi Trevor...

- Como estão as coisas?

- Minha mãe está mais tranquila, meu pai é que está mais... como posso dizer... receoso.

- Ah minha nossa...

- Calma, tudo vai dar certo. Ele sempre faz isso quando está nervoso.

- E ainda está nervoso??!! – é agora que eu começo a tremer mais ainda...

- Mas ele não será rude com você, fique tranquilo.

- Tem certeza??

- Tenho sim... Acho que vai falar apenas as coisas básicas de pai, mas fora isso, nada de anormal.

- Ok... Então tá. – falo e respiro fundo, preciso me acalmar. – Bom, trouxe isso para você. – entrego o vasinho de flores para ela.

- Que linda. Amei. Obrigada Tedy.

- Por nada, Luly.

Criamos apelidos para nós, ela insistiu que tivéssemos. Até chegamos a cravar nossos nomes na nossa árvore preferida. Por mim chamaríamos pelos nossos nomes mesmo, mas ela faz questão, quem sou eu para discordar...

Entramos e dou de cara com a Adriana, gelo no mesmo minuto.

- Bo-boa no-noite Do-dona Adriana. – é agora que não paro de gaguejar...

- Boa noite querido, tudo bem?

- Si-sim... – respiro fundo mais uma vez para tentar me acalmar, para então continuar a falar – Tudo bem. Trouxe isto para a senhora.

- São lindas, muito obrigada, mas por favor não precisa me chamar de senhora e muito menos de dona. – me senti na obrigação de ser mais respeitador, mas já que ela não quer...

- Tu-tudo bem.

- Vamos nos sentar um pouco na sala?

- Sim...

Por sorte o pai dela não está, bem que ele podia nem aparecer. Sento no sofá, a Luciana senta ao meu lado e pega a minha mão que está completamente suada. Ela chega até a rir. Na mesma hora limpo minhas mãos na minha calça. A noite está bem fria, mas não consigo parar de suar.

Conversamos um pouco sobre a escola e depois de quase meia hora o pai dela aparece.

- Boa noite senhor Trevor, tudo bem? – ele fala ríspido.

- Bo-boa no-no-noite, sr. Jairo

- Posso saber quais são as suas intenções com a minha filha? – puta merda, assim na lata???

- E-e-eu... e-e-euu.

- Jairo, não precisa assustar tanto o menino, coitado.

- Vou tentar... Ok, vamos lá filho estou esperando. – caramba isso é tentar?

- Pai, para... Aconteceu... E estamos gostando de ficar juntos.

- Quero ouvir dele. – ah meu Deus. Vamos lá Trevor, coragem...

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