Capítulo 102 | Trevor

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- Você perguntou o porque deles estarem te chamando?

- Sim, mas disseram que só poderia ser pessoalmente e para familiares.

- Ele não tem nenhum familiar?

- Que eu saiba, não.

- Ok... Eu vou com você.

- Obrigada... Tenho certeza que só conseguirei aguentar se estiver ao meu lado.

O que eu poderia dizer? Não posso meter o foda-se e falar que ela não tem que se envolver em mais nada que se refira a ele, porque também ela não está indo lá, por vontade própria. Pediram que fosse, então... não se tem muito o que fazer.

Percebo que em todo o percurso, ela fica completamente nervosa. Tento segurar a sua mão em alguns momentos e a mesma está trêmula e gelada. Bolo mil assuntos para falar e tentar tirá-la deste pânico, mas não consigo pensar em nada. Merda.

Chegamos ao hospital e fomos direto à recepção:

- Oi... é... ligaram para eu vir ao hospital, referente a um paciente.

- Qual é o nome? – pergunta a atendente.

- Bernardo Vinícius Santiago.

Ela consulta na tela do computador e pede para irmos a ala de CTI.

Chegando no local indicado, conversa com uma enfermeira que estava na recepção e ela começa a perguntar:

- Você é familiar?

- Na verdade, não mais.

- Conhece algum parente dele?

- Não, ficamos juntos por um bom tempo, mas ele nunca me falou sobre sua família, creio que não tenha ninguém de algum grau próximo.

- Só um instante.

A mulher entra em uma sala e logo volta, com mais uma pessoa, que creio eu ser algum médico:

- Não deveríamos dar este tipo de informação, mas devido a não ter nenhum outro parente e é você que aparece como contato médico... Bom, o sr. Bernardo deu entrada com um quadro clínico bem agravado, devido aos ferimentos de bala e não resistiu.

- E-e-ele faleceu?

- Sim, por volta das 14 horas.

- Oh minha nossa. – Ela leva a mão a boca tentando controlar a emoção.

- Precisamos que seja feito o reconhecimento do corpo. – O rapaz conclui.

- Tu-tudo bem... e-eu faço.

- Ok, o corpo já está no necrotério, preciso que você vá lá, entregue estes documentos e faça o reconhecimento. – A enfermeira conclui, entregando alguns papéis para ela.

Sei que o cara era um tremendo de um filha da puta, mas nunca desejei a morte de ninguém. Se bem que, depois de tudo o que ele fez para ela, merecia.

Por mais que ela tenha sofrido nas últimas horas com ele, sei que o que passa pela cabeça dela agora, foi tudo o que ela viveu com ele, não só os momentos ruins, mas, também os bons...

Lógico que ela fica abatida. Um misto de sentimentos deve estar girando em sua mente.

- Quer dar uma volta antes de irmos lá?

- É... Acho que sim. – ela responde sem força.

Passo meu braço pelos seus ombros e a encaminho até o elevador. Saindo de lá, a levo para a lanchonete do hospital.

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