Capítulo 91 | Trevor

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- Trevor que bom te ver novamente, você sumiu.

- Desculpa Dra. Laura, eu achei que conseguiria me resolver sozinho.

- Mas você me parece muito bem desde a última vez que nos vimos. Por favor, entre, fique à vontade.

Entro e me sento na poltrona que me é tão familiar. Quando entrei em depressão, minha mãe me fez procurar ajuda de um profissional. No começo, confesso que não queria, afinal, não estava louco para procurar um psicólogo ou psiquiatra, mesmo assim, resolvi atender ao pedido dela e acabei encontrando a Dra. Laura. Ela foi de suma importância na minha recuperação e assim pude ver que meu preconceito não tinha fundamento algum, afinal, psicólogos não são para loucos, são para todos. Eles servem para nos ensinar a lidar com nossas dificuldades para conseguirmos viver com nossas próprias pernas.

Creio que esse foi o meu erro, pois assim que tive o ímpeto de levantar daquele sofá e tomar um banho, achei que já estava curado, mas me parece que não é bem assim que as coisas funcionam.

- Me conte, como estão as coisas? Confesso que fiquei surpresa com a sua ligação.

- Bom... Estou bem, mas... Vou começar desde onde paramos... Uma semana depois de eu ter faltado aqui, entrei no fundo do poço. Fiquei completamente inerte, não queria ver ninguém, não queria fazer nada, a não ser ficar largado no sofá ou cama. Um dia deu um estalo na minha cabeça, pois tinha virado a noite, ou dia, sei lá, estava perdido nas horas... enfim passei um bom tempo remoendo tudo o que conversávamos e assim criei forças para sair do meu estado vegetativo. Tomei banho, fiz minha barba que está enorme e sai para a rua.

- Que bom.

- Então comecei a sair à noite, conhecer pessoas novas e aos poucos fui ganhando confiança em mim. Passei a me cuidar melhor, cuidei de resolver os problemas da empresa, corria todas as vezes por vontade própria e me envolvi com algumas pessoas.

- Continuou tomando seus medicamentos?

- No começo sim, mas depois que conheci uma pessoa muito especial, parei de dar tanta importância para os meus problemas e comecei a me preocupar mais com os dela. Como se eu tivesse parado de ficar preso no meu próprio umbigo e tive força para querer ajudar alguém.

- E com isso você resolveu parar por conta própria?

- Sim.

- Hum. E deu certo? Por que está me procurando novamente? – ela me pergunta calma, sinto que ela não está me julgando, está apenas tentando entender a situação e isso me deixa mais relaxado. Estava com medo e vergonha de voltar aqui.

- Estava dando, mas... Não sei se isso tem a ver...

- Talvez sim, talvez não, precisamos discutir o assunto.

- Estava muito bem, fazendo minhas corridas como tínhamos combinado, comecei a tomar gosto e se tornou até um vício. Me ajudou muito na fuga da ansiedade e a adrenalina que percorre pelo corpo quando termino de correr, me faz lembrar de que estou vivo e que tenho que continuar assim para realmente ficar bem.

- Isso mesmo.

- E então nesse meio tempo, conheci uma garota muito especial, tivemos que passar por alguns obstáculos para conseguirmos ficar juntos e agora estamos escrevendo nossa história. Com ela aprendi a descobrir coisas que nunca senti, não só no quesito sentimentos, mas me refiro também ao sexo.

- Que ótimo, é sempre bom descobrir coisas novas, principalmente no sexo que pode ser algo tão prazeroso.

- Então... é aí que o bicho pega. Cada dia que passa e que estou com ela, minha vontade de sexo só tem aumentado, se eu pudesse faria o tempo todo. Quando não estamos fazendo, me pego pensando nisso várias horas do meu dia. Para piorar, teve uma vez em que tivemos a ideia de filmar o ato e a partir daí não tive mais sossego.

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