Capítulo 13 | Trevor

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INVERNO DE 2010

Vê-la tão desesperada daquele jeito me deixou angustiado. O que havia acontecido para ela estar assim? Tento acalmá-la, mas ela não para de chorar. Seus soluços ecoam dentro da minha cabeça fazendo-a latejar. Acho que meu corpo não estava totalmente livre de todo o vinho que tomei como tinha pensado.

- Luciana por favor me fale o que aconteceu. Por que tem um resgate parado aí na frente?

Ela continua sem me dizer nada. Ouço conversas vindo do andar de cima, queria subir para saber o que está acontecendo, mas ela não me larga.

- Luly, por favor...

Ela para de chorar e me olha assustada.

- Vo-você me-me cha-chamou de Lu-luly? – chamei?

- Sim...

- Oh Trevor... – fala e chora um pouco mais. – Se eu não tivesse sido tão burra...

Fico confortando-a, passando minha mão pelas suas costas. Nossa já faz muito tempo que não faço isso, mas ainda me parece muito bom, apesar de estarmos nesta situação. O abraço dela me faz lembrar de um passado em que eu amava estar... Mas que me foi tirado. Por mais que a raiva volte a me assombrar, não consigo parar de tentar afagá-la.

- Vou trazer um pouco de água com açúcar.

- Não... não precisa – ela responde sem força. – Só fica aqui comigo.

- Então por favor...

Ela respira fundo umas 5 vezes para então começar a falar.

- Cheguei da balada por volta das 4h da manhã. Sempre que chego em casa, meus pais estão dormindo, mas hoje foi diferente, meu pai resolveu me esperar. Já faz umas 3 semanas que ele vem dizendo que eu devia estar metida com drogas, pois minhas roupas estavam com cheiro estranho. Quando entrei ele estava sentado no sofá e pelo visto, viu pela janela eu me despedindo dos caras... – ela para de falar para conter o choro.

- Vamos... continua. – tento incentivá-la.

- Ele disse que não botou filha no mundo para ser uma vagabunda drogada... Subi para meu quarto, não queria brigar com ele, sabia que ele tinha razão... Mas ele me seguiu e quando chegamos ao meu quarto, começou a mexer nos meus bolsos e encontrou minha maconha. Ele estava tão nervoso que gritava muito comigo... Eu só fiquei quieta, sentada na cama, mas então do nada ele começa a apertar sua mão no peito... em seguida cai no chão... e já era tarde demais...

- Oh meu Deus... – isso não pode ser real.

- Eu matei meu pai, Trevor... Eu matei ele... – ela praticamente grita.

- Calma... – falo enquanto a aperto mais forte em meu abraço.

- Se eu não tivesse me envolvido com pessoas erradas, se não tivesse me deixado levar, isso não teria acontecido...

Não sei o que falar... Senhor me ajuda...

- E sua mãe, onde ela está?

- Lá em cima... Estão esperando não sei quem para dar o atestado de óbito.

- Eu sinto muito Luly, eu sinto muito...

Por mais que ela tenha me feito sofrer, não tem como eu não a apoiar nesta hora. Nunca me dei bem com o meu pai, mas mesmo assim não queria que nada de mal acontecesse com ele, ainda mais se achasse que era o causador da sua morte.

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