Krasóvia, Março de 1821.
Os saraus que o duque de Mayfall presenteava em seu castelo durante as temporadas de primavera dificilmente poderiam serem taxados como um "evento monótomo", pois constantemente tomavam os jornais de fofocas da alta aristocracia Krasoviana, simplesmente por serem famosos pelos doces mais saborosos da região e pelos numerosos casos de amor que comprometiam boa parte das jovens do reino.
Callie sempre adorou os saraus e as danças. Mesmo não sendo a primeira ou a terceira, nem a quinta, décima ou vigésima escolha de par dos melhores partidos da cidade. Ela estava em sua terceira temporada e sem nenhum pretendente à vista. Sem cortejos... sem flores... sem passeios românticos ou cartas. Nada.
É verdade que a família fora quase arruinada pela tentativa do irmão de fugir com uma jovem e provavelmente moça da nobreza, sendo parcialmente responsável pelo acidente que a matou. Agora ele estava exilado, sabe-se Deus aonde, a família quase falida e Callie quase ilegível como esposa de qualquer homem, fosse nobre ou não.
Para piorar sua situação, o pai bebia todas as noites e gastava o resto do dinheiro da família com jogatina em clubes que só serviam para falir as pobres almas atormentadas que os frequentavam. Isso era algo imperdoável para a sociedade. Afinal de contas, eles acreditavam ser aceitável um homem viciado em jogos, desde que não fosse pobre. Ao que parecia, pobre e viciado era a pior combinação que existia, pois quando se acabava com o dinheiro da família, o que propor em mesas de apostas?
Ela não gostaria de descobrir, não é mesmo?
E mesmo estando em seu melhor vestido de festa, Callie não chamava muito a atenção dos duques, marqueses, condes, barões e, aparentemente, nem dos empregados do castelo May.
Humpf!
Ela bufou e, cansada de permanecer sentada em seu banco, caminhou até a mesa de doces finos que se enfileiravam de forma bastante requintada na mesa abastada. Sentia sua bunda dolorida de ficar tanto tempo esquecida no local. Embora tivesse certeza de que todos sabiam de sua presença, apenas tratavam de ignorá-la pelo simples fato de ser "uma criatura incomum", lembrava do comentário de um certo lorde. E por mais que tivesse gostado do fato de ser taxada como diferente das outras damas, aquilo não parecia ter sido um elogio sobre sua pessoa.
— Chatice! — sussurrou ela para si mesma ao pensar sobre sua própria situação. Sua atenção sendo ligeiramente ofuscada pela perfeita fileira de Scones que estavam a sua frente, os bolinhos escoceses que o duque fazia questão de servir em todo baile, o que não era uma má ideia, já que Callie uma vez chegara a comer pelo menos oito deles. E não poderia esquecer os coloridos pratos de tortilhas, em suas mesclas de morangos, limões e damascos, com o mais maravilhoso dos cremes que ela já provara em uma sobremesa. Não era novidade que Callie os adorasse também. Estava começando a ficar entediada e quando isso acontecia, ela se enchia de bolinhos. Tinha sorte por não engordar.
Sorte ou azar? Ela não sabia ao certo, mas de uma coisa Callie tinha certeza: ser magra como uma vara também não a ajudava a encontrar um marido. O que ela queria muito. Já estava pendendo para os 21 anos e nem ao menos havia sido cortejada por um pretendente. Nem velho, nem pobre. Por nenhum. O que deixava a lady Cooper alarmada.
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O Duque de Greyfair - Escandalosos I
RomanceOBRA REGISTRADA! - Até onde um homem pode chegar para se vingar de alguém? Thomas Albert Ryan Crawford, oitavo duque de Greyfair, vê a vida sem sentido, depois que sua irmã mais nova foge com um homem inadequado e acaba morrendo na fuga, transforma...