Capítulo 2

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Callie não queria levantar da cama. No dia seguinte teve que aturar o sermão da mãe e da tia até seus ouvidos implorarem para serem arrancados fora. Estava envergonhada com a situação. Nem tanto pelo ato de ser beijada, mas sim pelo fato de todos os que presenciaram a cena terem feito aquilo parecer algo tão incorreto e sujo. O que nunca deveria ser considerado assim. Aquele tinha sido o melhor beijo de sua vida. E isso não se devia ao fato de ser o primeiro beijo de sua vida. De um modo estranho Callie tinha gostado de seu primeiro beijo ter sido com lorde Crawford, mesmo não o conhecendo como gostaria. Mas agora, naquele momento, estava se sentindo a pior pessoa por ter feito algo que realmente gostou de ter feito. E ela não sabia dizer se sentia-se pior por ter beijado um estranho e ser flagrada ou por não se arrepender de tê-lo feito.


— Ele propôs casamento. — disse lady Cooper andando de um lado para o outro, fazendo seu vestido verde, levemente gasto, farfalhar furiosamente. — É sobre um duque que estamos falando, Calliope!


— Mãe, eu nem ao menos o conheço. — disse tentando fingir que esse era o verdadeiro motivo pelo o qual estava relutante em aceitar aquela situação.


— E mesmo assim o beijou! — retrucou lady Cooper com maestria fazendo o rosto de Callie arder em vergonha.


Era verdade que lorde Crawford tentara se reparar com sua família no mesmo dia. Foram flagrados em uma posição comprometedora por uma multidão no baile de lorde Kennywood. O que fez com que Lorde Crawford, como o cavalheiro e nobre que era, pedisse a mão de Callie no mesmo instante. O que foi muito embaraçoso, para falar a verdade.


Callie não entendia como funcionava o amor, mas ela tinha certeza que era um sentimento que não sentia pelo duque, tampouco o que ele sentia por ela. O amor não acontecia de uma hora para outra. Ou talvez até acontecesse, mas ela sabia com exatidão que um leve encostar de lábios, por mais escandaloso que fosse, não resultaria em uma paixão avassaladora. E nunca poderia aceitar o pedido de casamento de um homem por ele se sentir obrigado a fazê-lo. Eles nem ao menos se conheciam, como ela poderia aceitar a proposta de casamento dele? Primeiramente... como ele a pedia em casamento por causa de um beijo tão superficial daqueles?


Callie sabia que deveria estar arrependida do ato impulsivo da noite anterior. Mas a verdade é que ela não estava. Queria ser beijada. E se aquela tivesse sido a única chance dela de viver tal experiência, nunca se arrependeria.


— Não pode recusar o pedido do duque, Calliope! — resmungou a mãe enquanto continuava andando de um lado para o outro. — Quer ficar encalhada e passar o resto da vida em uma sala de mulheres enquanto as outras jovens conseguem enlaçar duques, marqueses e condes? Nem mesmo o velho e viúvo padeiro a aceitaria depois de um escândalo desse.


— Sua mãe está certa. — concordou sua tia Constance. As duas tão parecidas, desde os cabelos ruivos até a forma de pensarem. Deveria ser coisa de irmãs gêmeas, pensava Callie. — Se perder essa oportunidade não conseguirá um bom casamento. Você já foi vista por uma multidão em um beijo comprometedor com um homem com a fama de libertino, nenhum outro irá querê-la.


— Tia querida, nenhum outro me queria muito antes disso. — Callie viu o olhar da mãe quando disse aquilo. Era quase como se seus olhos pudessem pular para fora da órbita ocular. — Enfim... Não posso me casar com um estranho. — continuou.

O Duque de Greyfair - Escandalosos IOnde histórias criam vida. Descubra agora