O Duque de Greyfair - Escandalosos I

Capítulo 3

Mayfall, Meados de Junho de 1821.

— Minha querida, está acordada? — Callie ouviu a voz sonora e incerta da baronesa enquanto a observava entrar em seu quarto com uma xícara quente de leite nas mãos. Os cabelos acobreados presos em uma longa trança.

— Não consigo dormir. — confessou. — Estou nervosa pelo casamento.

— Sei como é sentir-se assim. — A baronesa sentou-se ao seu lado na cama. — Lembro-me da minha própria véspera de casamento. — continuou ela estendendo a xícara fumegante de leite para a filha enquanto lhe encarava como se fosse uma pintura pavorosa.

— Acredito que tenha alguma coisa muito importante a me dizer. — disse Callie, fazendo a baronesa arregalar os olhos e ficar demasiadamente vermelha.

— Como sabe que tenho algo a dizer?

Callie passou a mão por uma das mechas soltas do cabelo cor de mogno, bem diferente do tom de cabelo de sua mãe e do restante da família. Seus cabelos eram mais amarronzados em relação a eles.

— Bem, a senhora nunca fica com essa expressão. — disse ela. — A não ser que tenha alguma coisa a me dizer.

A baronesa limpou a garganta e encarou a filha.

— Sim... tenho algo a lhe dizer. Sobre.... sobre o que esperar de seu marido em sua noite de núpcias.

Ah, Callie queria muito saber sobre assunto. Não demorou um segundo para ela endireitar a coluna e se posicionar em alerta. Mas a mãe continuou quieta encarando-a com a mesma expressão muda.

Callie esperou mais alguns segundos e nada.

— Então..? — Ela incentivou a mãe.

— Então...

Mais silêncio e Callie já estava impaciente.

— Se não conseguir dizer, posso perguntar para outra pessoa. — disse ela, com naturalidade.

— De jeito nenhum. — A mãe lhe lançou um olhar cortante de reprimenda. — Eu quem tenho que lhe dizer tudo.

— Então diga. — Pediu Callie com mais impaciência do que antes.

— Não me apresse, Calliope! — A mãe se remexeu na cama com o rosto vermelho.Mais silêncio.

— Tudo bem, tudo bem.... — Começou a baronesa. — Ouça com atenção...

Callie esperou mais alguns minutos até a mãe formular as palavras na mente. Esperou até o leite esfriar e sentir o sono chegar. Era possível até ouvir os clássicos barulhos de grilos, jurava ela.