Primaveras

O verdadeiro foco em diante

Foram dias e dias, capítulos e capítulos até a realidade voltar a minha cabeça. Me deparei com você em pé em cima de uma colina, admirando a paisagem. O sol acabava de surgir ao leste. Você olhava fixamente o pasto a frente, nada tirava sua atenção.

Naquele momento, me veio a mente o quanto eu te amava e o quanto que fiz por você. Aquela paisagem já não era novidade para mim, aliás eu vim a noite inteira viajando por pastos como aqueles. Mas o brilho da manhã foi enigmático e percebi que aquilo te representava de alguma forma.

Você não esqueceu desse dia, não é mesmo? Adoraria te levar para aquele lugar de novo. Você gostaria?
Sei que ficar nesse porão sem poder sair não é nada bom, mas pense nisso como um casamento. O porão representa a união, e o sangue que você derruba aqui dentro é a nossa aliança eterna.

Você virou para trás, me viu e sorriu. Confesso que essa é a única lembrança que tenho do seu sorriso, o tempo me fez esquecer de momentos bons. Agora sou destinado a ver o seu rosto de dor todos os dias. Lembra o dia que você se cortou e eu fui socorre-lá? Agora sou eu quem te corta e não existe ninguém aqui pra te ajudar.

Nem você mesma pode se ajudar.

Mas eu... eu, meu amor... eu posso te ajudar, posso te amar, sabia? Sim, eu posso.

Não! Eu não consigo. Depois de tudo que eu fiz, não consigo mais te amar. A culpa é minha, meu amor.

Não posso voltar atrás. Não posso nem ter acesso as minhas lembranças.

Estou ficando louco!

Fiz um quadro para você. É a única lembrança que tenho de você sorrindo. Sua admiração por paisagens avulsas.

Pegue, por favor.

Lembrará de tudo que senti.

Boa noite.