Capítulo 6

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"Meu irmão está me levando pra casa. Não espere por mim na saída."

Mandei a mensagem a Liam e uma vez feito isso, pude relaxar por completo sobre o acento do carona. Outra vez nesse carro que me trazia recordações por que... foi ali que tudo começou.

Olhei para trás, os acentos traseiros. Harry havia feito em cima deles na primeira vez, quando eu nem se quer sabia o seu nome e agora, ele estava sentado ao meu lado, concentrado na estrada, exatamente como daquela vez.

Me dei conta do quão surrealista era a situação e isso me deu arrepios.

"Sem problemas. Ele vai te trazer e levar pra uni a partir de agora?"

Liam me respondeu com outra mensagem. Encarei a tela fixamente por alguns segundos e acabei deitando a cabeça, pensativo.

- Quem é? - Perguntou Harry, meu irmão. Meu irmão...

- Liam. O avisei pra não me esperar na saída.

- Hum...

- Também me perguntou se você me levaria a partir de agora até a universidade. - Perguntei um pouco envergonhado.

- Se você quiser... - Disse sem muita emoção, quase indiferente.

- Você quer? - Harry me olhou de canto de olho e o sorriso arrogante voltou a sua cara.

- Seria bom para não dormir ao volante. A essas horas da manhã eu ainda não sou gente.

- Não? E eu muito menos!

- Me irrita muito ter que levantar cedo.

- Eu também. Eu amo dormir. - Ele expandiu o sorriso.

- Eu também. Dezesseis horas de sono era a melhor maneira de passar o tempo em casa. - Era a primeira vez que eu o ouvia dizer a palavra casa se referindo a Cheshire. De repente, minha curiosidade reapareceu. Não conhecia nada da vida dele, nada dele, nada de sua cidade e inclusive, nada de... meu próprio pai.

- Como era a sua vida lá? - Harry desviou os olhos por uns segundos da estrada para me encarar, com o cenho levemente franzido.

- Minha vida lá? Por que você quer saber? - Encolhi os ombros.

- Curiosidade. Sabe, eu quero saber mais... - Engoli saliva. Mais de você, pensei, mas não disse. - Você vivia em um dos bairros baixos, não?

- Em um apartamento dos bairros baixos, com o meu velho, sim.

- Seu velho... e o meu. - Falar do meu pai depois de 15 anos sem saber dele, sem nem se quer me lembrar da sua cara, me fazia sentir incomodo. Vi como Harry me olhava através do espelho retrovisor por uns segundos, vigiando minha reação. - Como era...?

- O apartamento é grande, mas parece pequeno porque é uma pocilga. Nos afundamos como porcos na merda que deixamos no meio do caminho, mas que nenhum de nós juntamos, ele por que não está, e eu porque... não me dá vontade. Uma das razões do porque fiquei feliz de vir pra cá, era por me livrar dos ratos e baratas.

- Ratos e baratas?! - O olhei com nojo, quase gritando, totalmente escandalizado. Esses bichos me davam medo e muito, muito, muito nojo.

- Sim, ratos pretos enormes, do tamanho de um gato pequeno. Pouco antes de vir, eu lutei com um por morder a Guetti.

- Você lutou com um rato?

- Sim, e ganhei! O matei. - Ele riu com uma gargalhada limpa e então supus que ele estava tirando com a minha cara, porque era impossível que ele vivesse entre ratos, não é?

Muñeco ❌ L.S ❌ [✔]Onde histórias criam vida. Descubra agora