Harry
Havia se passado oito meses. Oito meses desde que meu pai me expulsou de casa e eu vim viver com minha mãe e meu irmão em uma bairro de classe mais ou menos alta em Londres.
Me lembro perfeitamente dos meus dias nos bairros baixos de Cheshire, passando as horas mortas na rua com meus colegas, ferrando com os demais, fazendo mal as pessoas, fazendo sexo brutal com as garotas fáceis e não tão fáceis. Depois de tudo, tinha chegado a hora de voltar.
Louis havia quebrado meu nariz. Nunca cheguei a pensar que ele tivesse tanta coragem e força para fazer isso. Tinha sido sem dúvida o pior golpe que eu já tinha levado na vida, o mais bestial, e o que mais havia me machucado. Por um momento, estive a ponto de desmaiar pelo soco.
Quando cheguei na casa de Anne, comecei a recolher tudo. Troquei de camiseta e me olhei no espelho do banheiro. Meu nariz estava completamente destroçado e não parava de sangrar. Outra pessoa teria ido ao hospital, eu não. Eu levei a mão até o nariz, o agarrei com força e lhe dei uma sacudida para coloca-lo em seu lugar, assim como eu fazia com o meu ombro quando ele se deslocava em uma briga. Gritei quando o coloquei. Aquilo tinha sido muito mais doloroso do que colocar o ombro e nem se quer sabia se eu tinha feito direito. Mas pelo menos parou de sangrar.
Agarrei as malas e as arrastei até o carro. Minha mãe observava fixamente cada um dos meus movimentos, com os braços cruzados no umbral da porta.
Por um momento, quando vi a Gibson que ganhei, pensei em deixa-la ali, onde estava, mas só machucaria Louis, então eu também a levei. Quando pensei que já não tinha nada mais, lembrei daquele moletom, que emprestei ao meu irmão no primeiro dia, para que ele não passasse frio e a qual ele sempre deixava debaixo dos travesseiros. Eu sabia disso desde o primeiro dia. Lembrei do quão vermelho ele ficou quando eu o peguei e comecei a atazanar ele dizendo que ele o usava para poder se masturbar pensando em mim. Depois disso, eu deixei pra lá. Era divertido ve-lo dormir abraçado com ele. Mas agora eu tinha que tira-lo de lá.
Quando peguei o moletom de forma furtiva, lembrei de quantas vezes havíamos transado em sua cama, como ele gritava, como gostava, como ele me deixava fazer, como levantava a bunda e eu enfiava meu pau, bem disposto a fazer tudo o que eu quisesse, inclusive lhe bater e lhe insultar. Sim inclusive isso. Ele adorava sentir-se dominado, se exitava, como uma putinha bem treinada.
Tive que sair do seu quarto correndo para que eu não me pegasse pensando em sua cara enquanto eu o fodia.
Quando peguei tudo, subi no carro e arranquei, saindo rapidamente dali sem dirigir um ultimo olhar a tudo o que essa casa representava para mim. Sem olhar a minha mãe uma só vez, sem dizer uma palavra. Pelo menos Louis não estava ali.
Me pergunto, como tudo teria sido se eu nunca o tivesse fodido? Certeza que não tão divertido nem excitante como o que tínhamos sentido.
Agora, eu tinha que voltar para o meu lugar. O lugar do qual nunca deveria ter saído. Teria que recuperar o que era meu.
— Z...-— Levei o telefone ao ouvido enquanto virava uma curva a esquerda. Zayn respondeu em seguida, eufórico ao me escutar. — Estou voltando pra casa, pra sempre... Sim, bem, aquele não era o meu lugar. Não me encaixava ali...está com Ricky...? Então não lhe diga que estou voltando, não diga a ninguém. Será... — Sorri, olhando o espelho retrovisor. — ... uma surpresa. — Desliguei o celular e o joguei sobre o banco do copiloto. Ia acender um cigarro quando o celular começou a tocar. Olhei a tela.
Boneco...
Não, Louis... por favor, pare. Pare de se humilhar. Não vale a pena me ligar e se arrastar atras de mim. Pare...
Mas ele não parou. Os nós dos meus dedos ficaram brancos pela força com que eu apertava o volante a cada toque. Na nona vez, parei o carro no acostamento. Agarrei o celular e arranquei a bateria, lançando-a nos acentos traseiros.
Deixei minha cabeça cair no volante, apoiando a testa nele, suspirando, esgotado.
De repente tive que sair do carro guiado por uma necessidade vital e me inclinei pra frente vomitando tudo até que não tivesse mais nada no estômago.
Nunca tinha me sentido tão merda...
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Muñeco ❌ L.S ❌ [✔]
Fanfiction"Eu não tinha vontade de me encaixar nesse mundo e em nenhum outro, sinceramente não me importava nem um pouco com isso. Gostava de ser como era, gostava de brincar de ser Deus, gostava de brigar, de sentir o sangue alheio me salpicar, de sentir a d...