Família que mente junta permanece junta.

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Alice Narrando.


Os dias foram passando lentamente e cada dia eu ficava cada vez mais ansiosa.

Minha mãe tinha feito realmente o voto de silêncio, e pelas mensagens eu também percebia o quanto o Júlio estava nervoso com aquela situação.

Nós nos falamos muito pouco na semana porque além de ter toda essa situação pra pensar, ainda tínhamos que estudar para as provas da escola.

E foi só de noite, um dia antes de irmos buscar o exame é que a ouvi a baterem na minha porta e eu levantei os olhos pra ver minha mãe entrar no quarto, ela estava desolada.

Me sentei na cama assustada com sua expressão.

- Mamãe? – perguntei.

Ela fechou a porta e andou até a cama se sentando na mesma e em seguida me encarou.

- Podemos conversar? – perguntou.

- Claro! – falei largando o celular na cama, ela colocou uma mão sobre a minha perna e acariciou a mesma.

- Eu preciso que você me escute e tente me entender, tudo bem? – assenti curiosa com a expressão no seu rosto. – quando eu descobri que seu pai me traia eu terminei tudo com ele, eu era nova. Numa das vezes em que viajei pra São Paulo pra ficar com os seus avós, eu conheci um homem. Alemão, lindo, alto. Ele se apaixonou por mim, e nós tivemos um caso. – encarei seu rosto. No meu rosto a dúvida era clara e minha mãe respondeu a minha pergunta silenciosa. – não, seu pai nunca soube. – falou. – foi bem importante, eu gostava bastante dele. O nome dele era Franz, um homem muito charmoso se você quer saber... – e sorriu enquanto me olhava. – quando eu voltei pra cá, voltei com o seu pai, e pouco tempo depois descobri que estava grávida, Alice.

- Sim, eu sei. Eu nasci de oito meses... – falei concluindo sua história. – eu já sei essa história mamãe...

- Não, você não nasceu de oito meses. – minha mãe falou.

- Como assim eu não nasci de oito meses mãe, se você voltou com o meu pai... – minha voz morreu enquanto as peças se encaixavam na minha cabeça e eu puxei as pernas com violência. – você tá querendo me dizer que meu pai não é meu pai? – perguntei chocada.

- Seu pai sempre foi o Marcelo, Alice. – disse séria.

- De sangue? – perguntei ainda chocada.

- Nunca tive certeza. – minha mãe falou. – nem tive coragem de contar pro seu pai do Franz, naquela época eu estava muito apaixonada pelo Marcelo pra contar qualquer coisa que me afastasse dele. – concluiu. – o que eu quero que você saiba é que dependendo do que aquele exame der pode mudar toda a nossa vida, filha. – disse.

- Você mentiu pra mim também? – perguntei triste. – será que ninguém nessa família sabe contar a verdade? – meus olhos transbordaram as lágrimas. – eu amo meu pai, e se ele não for o meu pai? – perguntei chocada pra minha mãe.

- Ele é pai do Júlio. – minha mãe afirmou. – eles são idênticos.

Ela tinha razão.

Eu e o Erick é que destoávamos. Segundo o meu pai eu era mais parecida com a minha mãe.

- Não vai buscar esse exame, Alice. – minha mãe pediu.

- O Júlio vai querer saber. – falei no automático.

- Podemos falar pra ele que o exame deu positivo. – ela falou. – se for você que falar ele vai acreditar...

- Você quer que eu minta pra ele? – perguntei e pisquei os olhos surpresa.

A Dama e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora