Eu sei o que eu to fazendo, eu to fazendo merda.

107 10 1
                                    



Júlio Narrando.


O meu passatempo favorito ultimamente era pegar quantas minas eu conseguisse na semana. No começo eu só precisava me lembrar de alguém que tinha me dado mole, conversar no whats um tempo e depois chamar pra fazer alguma coisa.

Quando minha lista começou a ficar menos extensa tive que ter um trabalho a mais com as meninas que não me davam mole, fingindo estar interessado em alguma coisa que elas gostavam e ouvi-las para finalmente atingir o meu objetivo que era o beijo, e na melhor das hipóteses o sexo. Infelizmente com a Lara não passou de beijos essa noite, ela trabalhava na loja do lado da minha e nós vinhamos conversando na última semana até que por muita insistência minha ela aceitar o convite pra ir tomar uma cerveja que acabou em vários beijos.

Quando eu bati a porta da sala, ouvi a voz do meu irmão e congelei no lugar ao ouvir aquela risada.

Quanto tempo que eu não ouvia aquela risada? Fazia muito tempo.

Dei um passo a frente e a vi sentada na cozinha de costas pro arco, me escondi atrás da parede enquanto pegava o final da conversa.

- Ele não dorme em casa final de semana. – ouvi meu irmão falar. – então não tem perigo dele te ver aqui, Alice. – disse.

- Ele tá pegando alguém?

Parte de mim sabia que eu estava me torturando, mas a parte que gritava de saudade dela me disse que eu não estava fazendo nada demais.

- Bom, é o Júlio. – ele respondeu evasivamente. – a gente nunca sabe o que ele vai fazer, ele não dá satisfação pra ninguém. E você? – desconversou.

- Estou saindo com um garoto da minha escola, nada demais. – ela respondeu dando de ombros.

Minha parte sã me disse que eu tinha que acabar com aquilo, mas eu não conseguia.

- Como ele chama mesmo?

Murilo.

Eu sabia.

Eu sabia por que ele comentou na sua última foto no facebook.

Mauricinho babaca sem noção.

- Murilo. – ela disse. – eu até gosto de sair com ele, mas sinto falta... – sua voz morreu ao fim da frase.

- Talvez se você tentasse com o Murilo, as coisas ficassem mais fáceis entre você e o Júlio, quem sabe um namoro? – aconselhou.

Antes de ouvir sua resposta, eu fui até a porta novamente e bati a mesma com força e ouvi alguma coisa cair na cozinha, me forcei a ficar normal e andei lentamente até a cozinha.

A Alice estava abaixada enquanto pegava os cacos do copo no chão.

- Júlio? – meu irmão perguntou preocupado enquanto me olhava confuso.

- Eu. – respondi lhe dando um olhar sarcástico.

Ele era meu amigo ou meu inimigo?

Que porra de conselho era aquele que ele estava dando pra Alice?

- Você... Você acabou de chegar? – ele perguntou.

- Sim. – respondi. – Oi, Alice. – falei enquanto ela se levantava e ia pra lavandaria, ela parou de costas quando me ouviu.

- Oi, Júlio. – falou sem se virar.

Eu não estava com fome, mas não queria sair da cozinha.

A Dama e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora