Por favor, eu preciso de você.

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***

Um dia antes.

Júlio Narrando.

Eu corria a rua da minha casa com tanta pressa que quase acabei caindo.

Foi quando eu os vi. Carros de policia bloqueando o caminho e ao lado deles uma ambulância que estava parada em frente a minha casa.

Meus pés corriam com mais velocidade e eu quase não ouvi o que o policial falou ao tentar me segurar. Desviei do aperto do primeiro e empurrei o segundo com força para que ele não ficasse no meu caminho. Foi quando a vi, a contagem dos médicos para tirarem seu corpo de chão e colocar em cima da maca parecia um zumbido e eu cambaleei ao perceber que ela estava de olhos fechados.

Morta não. Eu não ia aceitar.

- JÚLIO! – ouvi alguém gritar meu nome.

Mas eu não dei atenção. Empurrei os dois paramédicos que estavam em cima dela e me ajoelhei ao seu lado.

- Por favor, por favor, eu preciso de você! – falei baixo enquanto puxava seu corpo pra perto de mim.

- Júlio... – sua voz veio baixa.

- Não faz isso comigo, por favor, mãe. Não faz isso comigo! Eu preciso de você, eu preciso de você! – gritei desesperado.

Alguém tentou me tirar de cima dela.

A vida a minha volta parecia um borrão. Eu tinha consciência que tinha policial, os paramédicos e algumas pessoas em volta, mas eu só conseguia me concentrar na mancha de sangue que sujava a blusa da minha mãe.

Eu tinha dado aquela blusa pra ela de dia das mães.

E agora ela estava suja de sangue.

Ela levou a mão até o meu antebraço e segurou o mesmo para chamar minha atenção enquanto tentavam me tirar de cima dela.

- Seja cora... – tossiu, cuspindo o resto do sangue. – corajoso.

- Não, não, não! – gritei com raiva quando me afastavam dela. – VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO! – gritei.

Alguém me puxou e me jogou contra um capô de um carro.

- FICA CALMO! Deixa os médicos agirem! – meus olhos estavam foram de foco e demorou vários minutos até eu me dar conta que era meu pai que me segurava. – Nós estamos aqui, tudo bem. Tá tudo bem! – falou me encarando.

Mas não estava tudo bem.

- É a minha mãe, minha mãe Marcelo. – sussurrei desesperado.

- Eu sei, Júlio. – falou baixo.


***

Doze horas antes.

Àquela terça-feira tinha começado com o céu fechado. Hoje ia cair um temporal daqueles, por isso eu deixei a Alice dormindo na cama ao invés de acorda-la para ela ir pra casa dela.

Minha mãe já estava na mesa quando eu desci.

- Vai cair uma chuva. – ela disse olhando pela janela da cozinha.

- Vai mesmo, tá levando guarda-chuva? – perguntei a olhando enquanto colocava café em uma xicara pra mim.

- Não vai tomar chocolate? – ela perguntou me olhando espantada.

A Dama e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora