Suffocated | camren

chapter 17

Sufocada (adj.f.): quando estás consumida por raiva.

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-Lauren-

91 dias antes.

Não havia muito mais para dizer. A Camila permaneceu em silêncio após a minha resposta, e acabou por me seguir quando comecei a caminhar de volta para a mota.

Tal como prometido, deixei-a em casa antes das oito, mas acho que nenhuma foi capaz de dizer mais nada. Eu pessoalmente achei que estava tudo dito. Talvez depois disto fosse mais fácil esquecê-la, apagá-la aos poucos. A dívida estava quase paga, daqui a algum tempo ela já não teria utilidade.

Quando cheguei a casa, pude finalmente respirar, embora o Brad estivesse em casa. A Keana estava a lavar a loiça do jantar, enquanto a Lucy estava sentada no sofá a dobrar roupas e a empilhá-las de volta no cesto. O ambiente estava pesado e demasiado silencioso. O Brad estava sentado ao lado da Lucy a ver televisão, rodeado de garrafas vazias de cerveja e com uma recém-aberta na mão. Mais uma vez, a Veronica não estava em casa. Já se tinha tornado rotina, e todos notávamos o quanto isso afetava a Lucy.

- Se soubéssemos que vinhas tão cedo tínhamos esperado por ti para jantar. - a Keana disse, apontando para o microondas, indicando-me que lá estava o meu prato.

- Não faz mal, eu também não estava a contar vir para casa cedo e muito menos jantar. - encolhi os ombros e cliquei no botão do aparelho para aquecer o meu jantar, caminhando até ao sofá e debruçando-me para beijar a testa da Lucy, que se esforçou para sorrir.

- Onde estiveste? - o Brad perguntou com desdém e eu sorri-lhe sarcasticamente.

- Não é da tua conta. - respondi e ele também não pareceu interessado em responder de volta. Afastei o cesto da roupa de perto da Lucy e sentei-me ao lado dela. Coloquei o braço em volta do corpo dela e ela deitou imediatamente a cabeça no meu peito. - O que tens, Lu?

- A Vero não dormiu em casa... - suspirou triste e mordeu o lábio. Era fácil reparar que ela estava a conter-se para não chorar. - ...outra vez. Ela prometeu que não se ia embora, mas ela nunca está aqui e eu estou sozinha... - caiu em soluços profundos e eu abracei-a mais fortemente contra o meu peito.

- Tu não estás sozinha, meu anjo. Eu estou aqui, a Keana está aqui, nós nunca te vamos abandonar! Certo? - olhei a Keana quase em súplica, e apesar de ser uma das pessoas mais frias que conheço, ela aproximou-se de nós e agachou-se perto da Lucy para lhe limpar as lágrimas.

- A Lauren tem razão, nós não vamos a lado nenhum. - concordou. - E eu vou ter uma conversa séria com a Veronica, ela está mesmo a precisar, não achas? - a Lucy ainda se esforçou para esboçar um sorriso mas foi em vão. Limitou-se a assentir rapidamente com a cabeça e olhou-me novamente quando eu lhe toquei o nariz com o dedo para chamar a atenção dela.

- Lembraste de quando eu e as outras tivemos de viajar pela primeira vez em negócios e tu ficaste uma semana aqui com o Brad? - perguntei-lhe e ela assentiu lentamente.

- Foi a pior semana da minha vida! - suspirou em frustração. - Eu tive muitas saudades... - murmurou envergonhada e eu sorri, afagando-lhe o cabelo.

- Mas nós voltámos, tal como prometemos. - acrescentei. - Nós não te abandonámos, pois não? Nem dessa vez, nem nas seguintes. Nós prometemos que nunca te íamos deixar sozinha, e cumprimos sempre a promessa. Não é verdade?

- Sim... tens razão, Lolo. - sorriu, desta vez mais tranquila, e eu beijei-lhe a testa. - Mas a Vero...

- Eu sei. - interrompi-a. - Também sentes a falta dela, eu sei Lu. Mas ela não te vai deixar sozinha.