chapter 19

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Sufocada (adj.f.): perdida.

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-Lauren-

90 dias antes.

Esperei nas traseiras da casa da Camila à hora marcada. Esperei que todas as luzes estivessem apagadas, apenas para me certificar que todos estariam deitados, e debrucei-me para apertar bem os atacadores das botas para não escorregar neles ao subir pela janela.

Amarrei o cabelo num rabo de cavalo e coloquei o pé direito sobre as grades da janela da sala de estar, dando impulso com o pé esquerdo para alcançar o parapeito da janela do quarto da Camila. Segurei firme com as duas mãos e empurrei o corpo para cima, prendendo a bota entre as grades de baixo para não cair. Quando finalmente me consegui sentar no parapeito, soltei o pé e rodei o manípulo da janela, mas esta não se abriu, e eu tentei mais algumas vezes até me aperceber que estava trancada.

- Mas que raio...? - murmurei para mim mesma e coloquei ambas as mãos sobre o vidro da janela, tentando olhar para dentro do quarto.

O quarto estava demasiado escuro para que eu pudesse ter uma boa visão do mesmo, mas após algum esforço, consegui ver a silhueta curvilínea e delicada da Camila sobre a cama. Ela estava deitada sobre o cobertor, de costas para a janela, os seus longos cabelos ondulados caíam suavemente sobre as costas dela e ela parecia estar a usar uma fina camisa de noite, pois delineava perfeitamente cada curva do corpo dela.

Ela estava estranhamente quieta, e por momentos achei que tivesse adormecido, mas atrevi-me a bater com o punho levemente sobre o vidro, tentando chamar à atenção dela, para ter a certeza se estava a dormir ou não. O corpo dela movimentou-se rapidamente para o lado nesse mesmo instante. Ela aproximou-se vagarosamente da janela e pude ver que estava a chorar. Os olhos inchados e vermelhos mostravam que, provavelmente, estaria assim há bastante tempo. Olhei-a confusa, mas preocupada ao mesmo tempo, e ela limitou-se a fechar as cortinas e a voltar para a cama.

- Camz? - chamei-a, tentando forçar a fechadura, mas sem sucesso. - Merda, Camila! Abre isto! Camila! - aumentei o tom de voz e cerrei o punho no vidro, ouvindo os soluços baixos dela através do mesmo.

Nesse mesmo instante, a luz do quarto do lado acendeu-se, fazendo-me quase cair da janela com o susto. Merda. Só podiam ser os pais dela. Saltei rapidamente e rebolei pelo relvado até ao muro que separava o jardim da estrada principal, acabando por bater com o ombro. Gemi com dores mas apressei-me para alcançar a mota e sair dali o mais rápido possível para não ser apanhada.

Durante a viagem de volta a casa, não conseguia deixar de pensar na Camila. A imagem dela a chorar inconsolavelmente fez questão de me assombrar durante todo o caminho, enquanto eu tentava arranjar uma explicação lógica para a forma como ela tinha agido. Só podia ter sido ele...

[...]

- Onde é que ele está?! - perguntei à Keana, já com a raiva a transbordar de mim, fazendo-me bater a porta de entrada com força e atirar as chaves e o capacete da mota para o chão.

- Estás à minha procura? - o Brad gargalhou sarcasticamente e deu um longo gole na garrafa de vodka. - Com que então a boneca deixou de te dar atenção? - aproximou-se lentamente de mim, fazendo-me sentir o cheiro forte a álcool cada vez mais perto e intenso. - Que chatice. - riu-se na minha cara e deu-me um encontrão, fazendo-me colidir contra a parede e escorregar até ao chão.

- Não tinhas o direito, Brad! - apoiei ambas as mãos no chão e reergui-me, segurando uma garrafa vazia que encontrei, indo de encontro a ele. - A Camila era o meu problema! Tu não tinhas nada a ver com isto! - a Keana segurou-me os braços atrás das costas fortemente, impedindo-me de o atingir. - LARGA-ME KEANA! MERDA!

Suffocated | camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora