Capítulo 18

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O Sol já não estava tão forte como há uma hora.
Abaixo de uma arvore estavam Laura e Murilo, sentados em cima de uma toalha de mesa que Laura tentou adivinhar de todas as formas de onde Murilo havia tirado.
Era tudo arrumado com muito carinho, Murilo parecia um adolescente apaixonado.
Um pouco a frente deles havia um lago, mas quase não haviam pessoas por ali, geralmente era movimentado mais pela manhã.
Laura observava Murilo, quando saíram de casa o mesmo estava falante e agitado, agora estava pensativo e praticamente mudo.
O vinho que estava em sua taça, havia sido tomado apenas uma vez.
La: Amor? Não vai beber o vinho? Daqui a pouco vai virar vinagre na sua mão. – rindo –
Mu: Eu... Eu só não consigo parar de olhar pra você. – sorrindo –
Laura retribuiu o sorriso, as bochechas coraram inevitavelmente.

Assim estava o delicioso piquenique no parque.
Ela o fascinava, a pele era branca como a neve, olhos verdes que o penetravam certa hora. Sua boca, ah, como era linda.
Vez ou outra ele passeava com a mão nos cabelos dela. E ela sempre deixava seu rosto inclinado para que a mãos e os dedos dele passeassem por ele.
O coração batia acelerado cada vez que ela o olhava, cada vez que ela citava o seu nome. Ele tentava deixar a mente focar no piquenique, mas estava impossível.
Seus pensamentos iam longe, ele apenas tinha a visão dos dois no altar. Sim, ele queria casar com aquela mulher, ele estava nervoso, como se já não tivesse proposto isso antes.
Laura notou que ele estava nervoso. Afinal, ele quis tanto aquele piquenique e agora parecia estar em outra dimensão. Já namoravam a um bom tempo, o suficiente para conhecer um ao outro. Ela acariciava seu rosto tentando decifrá-lo.
La: Tudo bem, amor? – desconfiada –
Mu: Sim.
Ele negava, abaixava o rosto, estava tímido. Laura nunca tinha visto ele assim.
Não tinha mais o porquê esperar. Ele tomou todo o vinho que estava em sua taça em um só gole. Em seguida, ajoelhou em frente a Laura.
La: Murilo? O que está fazendo?
No primeiro momento, Laura duvidou se ele não havia tomado mais vinho do que tinha percebido.
Ele procurou à caixa aveludada em seu bolso, quando enfim a encontrou e ela viu, a respiração de ambos ficou desordenada.
A taça na mão de Laura estava a um ponto de cair. Então ele abriu a caixa e disse:
Mu: Laura, quer casar comigo?
Ela não conseguiu conter as lágrimas, e para sua surpresa, ele também não.
La: Tem certeza que é isso mesmo que você quer?
Mu: Quero! Claro que quero!
La: Então é claro que eu caso. Caso hoje e sempre!
Beijaram-se como se fosse a primeira vez.
Ele a abraçou forte e ela fez o mesmo. Os lábios não se desgrudavam um minuto sequer. As línguas se cruzavam de forma harmoniosa, um buscando ao outro.
Não eram mais duas pessoas, mas sim um único sentimento escancarado e gostoso.
O beijo não parava, nem com os primeiros pingos de agua anunciando a chuva que estava por vir.
As mãos a acariciavam o rosto de leve e ele secava suas lagrimas que já se confundiam com as gotas da chuva.
A chuva apertava e as pessoas que ainda restavam no parque, corriam para seus carros para não se molharem, a maioria foi embora.
Já Laura e Murilo se mantiveram lá. Pouco se preocupavam com a roupa encharcada ou com o que trouxeram para comer.
No momento, naquele mundo o único que importava era os dois. Os beijos ficaram mais gostosos conforme a chuva intensificava.
Em alguns momentos paravam de se beijar e olhavam um ao outro, mas nada falavam. Apenas voltavam a se beijar e de forma cada vez mais intensa.
Os corpos já estavam colados, uma mão de Murilo envolvia a dela e a outra acariciava o seu rosto.
O tempo parecia ter parado para os dois. O tudo havia se transformado em nada. O céu, a chuva, a grama, tudo era completamente deles, como se tivessem sido criados para existir apenas naquele momento.
Murilo começou a acariciar o corpo dela. Aquela chuva chamava aquilo.
A mão passeava pela sua pele molhada, mas ao mesmo tempo quente.
Ela fazia o mesmo, sua mão passeava pelo peito dele, amassando a camisa já molhada.
Laura o beijou no pescoço, o provocando a continuar com suas mãos percorrendo seu corpo. Ela o queria tanto quanto ele a ela.
A chuva estava severa, não dera descanso, os deixando a sós na grama sobre a toalha pesada que trouxeram.
Ela estava amando aquele momento, suspirou e o beijou intensamente. Mordeu de leve seus lábios.
Era um momento de luxuria, mascarado pelo amor que estavam sentindo um pelo outro.
O desejo era forte que ele logo a deitou na toalha molhada. Que se dane tudo, apenas a queria como nunca naquele momento.
Ele ficou sobre ele, os pingos de agua agora batiam em suas costas, mas isso pouco o preocupava.
O vestido que ela pusera para ocasião parecia saber o que aconteceria naquela tarde.
Abriu o zíper de seu short e encaixou-se entre as pernas dela, sua boca alcançou a dela novamente. Ela o acariciava o rosto para tentar secar a agua, mas em vão. A chuva parecia um enorme chuveiro sobre suas cabeças.
O que eram carinhos leves transformou-se em carícias mais que sensuais, eram quentes e pecaminosas.
Ela se contorcia, gemia timidamente e aproveitava cada segundo.
Os pingos de água desapareceram naquele momento, não sentiam mais nada.
O amor se traduzia naquele momento.
Abraçados, sentados e ainda posicionados um ao outro. Murilo via as gotas da chuva escorrendo pelo rosto dela, pingando nos seus seios seminus pelo vestido molhado.
Apenas intensificaram o movimento que continuava discreto e deixaram aquele frenesi tomar conta de ambos. Primeiro foi Murilo, depois Laura não conseguiu se segurar mais.
Esperaram mais alguns minutos e se recompuseram. Estavam tão felizes que Laura sequer se importou com o fato de que aquelas roupas molhadas iriam acabar com o estofado do seu carro.

-
Era inicio da noite e Laura e Murilo estavam próximos de chegar em casa, quando de repente, um clarão!
Enf: Ele está bem, só está desmaiado. Levem-no para a ambulância e faça o curativo, fratura exposta no braço esquerdo.
Enf: A paciente está morrendo!
Enf: Adrenalina! Preciso de adrenalina!
Enf: Não, faz somente a massagem cardíaca, ela bateu a cabeça. A respiração está diferente, mas não está parando.
Enf: Vamos lá. Três, dois, um. Vai.
Enf: Vamos, abre os olhos.
Enf: Graças a Deus. Ela abriu os olhos.
Luzes passavam pela frente de seus olhos, mas Laura não sabia o porquê delas. Depois disso, ela apagou de vez.

A luz do sol que passava por entre as cortinas daquele quarto, acordou Laura.
De imediato o que sentiu, foi um súbito enjoo seguido de uma forte dor na cabeça. Em sua boca havia uma mascara de oxigênio, um barulho irritante de bip, fazia-lhe companhia.
O quarto estava vazio, era um hospital, se não fosse o soro ligado ao seu pulso e a cama de forma padrão, com certeza passaria despercebido.
Sentou-se com dificuldade, tirou a máscara de oxigênio, sentiu-se esperta o bastante para fazê-lo. Olhou ao seu lado e havia uma delicada caixinha aveludada, pegou e abriu. Dentro havia uma aliança, onde o nome Murilo estava gravado em seu interior.
Colocou de volta na mesinha. Mas a frente tinha uma cadeira, e uma bolsa feminina repousava nela. Seria dela?
Perto da janela tinha ao todo quatro vasos de flores de rosas vermelhas.
Olhou novamente para a mesinha e viu que um relógio mostrava que já eram três horas da tarde. De que dia? Não fazia a menor ideia.
Estava desorientada, arrancou sem cuidado algum a agulha que estava em seu pulso. Levantou-se meio sem direção. Abriu a porta do quarto e saiu pelos corredores, tentou encontrar alguém conhecido, mas não teve sucesso.
Quando estava prestes a sair da ala onde estava internada, ouviu uma mulher chamar desesperadamente seu nome, Laura. Sim, seu nome era esse. Por alguns minutos chegou a se esquecer.
Ca: Doutora Laura, meu Deus. O que a senhora está fazendo aqui?
Ela olhou para a secretária e como se naquele momento entendesse tudo, completou.
La: Onde está o senhor Paulo? É por isso que estamos no hospital? O que está acontecendo? Porque estou com essa roupa?
Carla não queria acreditar naquilo, sua patroa não se lembrava de nada, absolutamente nada.
Ca: Realmente não se lembra de nada? O acidente...
La: Que acidente? O que aconteceu? Onde está o senhor Paulo?
O médico que cuidava de Laura chegou.
Med: O que está fazendo aqui, Laura? Precisa se deitar.
Foi como se soubesse, a empresária sentiu suas pernas pesarem, e se não fosse o homem que aparecera de repente a segurar, com certeza estaria com mais algum hematoma.
Era Murilo, ele mal acreditou quando a viu de pé a sua frente. Ela ficaria bem. Iriam continuar juntos.
Ele tinha o braço esquerdo fraturado, mas isso não o impediu de mesmo com um braço, erguê-la em seu ombro e levá-la para o quarto. O médico e Carla o seguiam explicando o motivo dessa cena.
Mu: O que ela está fazendo aqui? – nervoso –
Ca: Me desculpe, doutor Murilo. Eu sai pra comer alguma coisa, e quando estava voltando ela já estava aqui. – preocupada –
Med: Isso não é culpa sua. É pra ter enfermeiros nessa ala 24horas! – nervoso –
Ca: Doutor, ela não se lembra de nada.
Mu: Como?
Med: Já iremos fazer os exames para descobrir se ouve sequelas.
Assim que chegaram ao quarto, encontraram alguns enfermeiros nervosos com o sumiço da paciente.
Nada que não fosse a altura, afinal, Laura estava em coma. Há duas semanas sofreu um acidente de carro com Murilo, onde devido a pancada forte apenas na cabeça, entrou nesse estado.
Ele a colocou novamente na cama. Rapidamente uma das enfermeiras correu com um medicamento no pulso da paciente.
O mesmo sangrava, Laura havia tirado sem conhecimento a agulha.
O médico se chamava Luís, estava constrangido por sua equipe ter sido tão negligente ao observar a paciente.
Pediu uma reunião em meia hora com toda a equipe, além disso, chamou a atenção dos enfermeiros bem na frente de Murilo e Carla.
Assim que os deixaram, o médico Luís conseguiu fazer com que Laura fosse recobrando os sentidos.
Ela olhou para o Médico, depois para Carla e por ultimo para Murilo.
Med: Laura? Como se sente?
La: Estou um pouco enjoada.
Med: Isso é comum. Sabe por que está aqui? Se lembra de algo do acidente?
La: Acidente? Do que estão falando? – preocupada –
Med: Precisa se acalmar, tudo está bem.
Murilo foi em sua direção e pegou em sua mão tentando acalmá-la.
Mu: Laura, não precisa se esforçar. Fique tranquila.
Ela puxou a mão de imediato.
La: Quem é você?
Murilo sentiu um aperto no peito, a voz já tinha um tom de desespero.
Mu: Como quem sou eu?
Laura afastava-se dele assustada, olhou para Carla implorando para que ela não o deixasse mais se aproximar. Estava com medo.
La: Carla.
Ca: Doutor Murilo, por favor. – puxando-o para fora do quarto –
Med: Calma.
Enquanto doutor Luís fazia os exames e conversava com Laura, do lado de fora do quarto, Carla conversava com Murilo que já estava desesperado.
Mu: Que diabos está acontecendo, Carla? É alguma brincadeira dela? Porque se for isso... – sendo interrompido

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