Capítulo 16

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16º O Jogo de uma Vida (2017)
Laura precisaria viajar por alguns dias na Grécia, mais uma reunião era urgente e somente ela poderia resolver.
Ela já estava no aeroporto quando Murilo ligou mais uma vez antes dela embarcar.
Mu: Oi, amor.
La: Oi, já está com saudades? – sorrindo –
Mu: Desde o momento em que você saiu da empresa. – rindo –
La: Dessa vez eu não vou demorar. Meu funcionário, Murilo, não está indo comigo dessa vez.
Mu: Não esquece de me ligar quando chegar.
La: Ok, amor, prometo que não vou esquecer.
Mu: Ótimo.
La: E você, juízo, viu?
Mu: Eu? Eu digo é o mesmo pra você. É você que está indo pra outro país onde está cheio de homens que nunca viram uma mulher como você, linda e com esses olhos verdes que me deixam louco.
La: Isso é na sua cabeça. – rindo –
Mu: Boa viagem, amor.
La: Obrigada. Beijos.
Mu: Beijos.
Assim que ela terminou de falar com Murilo o seu celular tocou novamente, agora era Lucas que chamava.
La: Oi, Lucas.
Lu: Ainda bem que deu tempo de falar um pouquinho antes de você embarcar.
La: Acho que ainda tenho uns cinco minutos.
Lu: Só quero te desejar uma boa viagem e me liga quando chegar.
Laura riu.
La: Claro, farei isso. Ah, e vê se fica de olho naquela mulher, não confio nesse silêncio dela.
Lu: Laura, fica tranquila, não fica paranoica. Mas se você ficará bem em saber que estou de olho neles, eu ficarei, ok?
La: Ok. – sorrindo. Sabe que é por isso que te amo, não é? Me apoia.
Lu: Até nessas suas maluquices. – rindo –
O Voo que Laura iria foi anunciado naquele momento.
La: Lucas, preciso desligar. Já anunciaram o meu voo.
Lu: Certo. Beijo.
La: Beijo.
A viagem à Grécia de Laura, duraria quase duas semanas, desde a sua ultima viagem ao país com Murilo, ela não conseguiu voltar mais, e isso acumulou tarefas na filial que só Laura poderia resolver, então aproveitou para não deixar pendências ao voltar para o Brasil.
Murilo e ela se falavam todos os dias, sem exceção. Muito das vezes que se falavam pelo dia, era sobre a empresa, ele hoje era o braço direito de Laura na Concessionária.
Lucas também se reportava a ela, mas não com a frequência com que Murilo o fazia.
Aliás, Lucas estava evitando falar com Laura ultimamente, há dois dias atrás ele estava indo para a Concessionária deixar uns papeis para a Carla, quando ao sair, viu Murilo conversando com Carlos, o homem que desgraçou a vida de sua amiga junto com o homem que é o seu grande amor.
Lucas não foi tirar satisfação com Murilo, afinal, Laura já havia lhe contado que já contou todo o seu passado ao Murilo, mas que ela julgou não ser necessário citar nomes.
Então aquilo tudo que ele estava vendo, era uma mera coincidência. Da parte de Murilo, claro. Pois da parte de Carlos, Lucas tinha certeza que havia algo sendo tramado.
Ele fora esperto, só não fora tão esperto quanto Pâmela, que já havia colocado um homem atrás de Lucas, que a informava cada passo dele.
Ainda faltavam dois dias para Laura voltar da Grécia, mas Lucas recebera seu telefonema naquela noite. Ela estava chegando ao Brasil e pediu ao amigo para ir busca-la, queria fazer uma surpresa para Murilo.
Mas o que ela não imaginava, era que tudo estava planejado, a hora seria agora.
O relógio corria, eram duas horas da madrugada quando Laura parou com Lucas em frente o apartamento de Murilo.
Lu: Bom, acho que já está em boas mãos. Ajudo com algo mais, senhora? – rindo –
La: Perdão, Lucas. Juro que eu não queria te acordar, mas é que... Ah, você saber. – sorrindo –
Lu: Na verdade eu não estava dormindo.
La: Ah, Lucas! Você, estava com o... Leonardo?
Lu: Sim, aliás, ainda estou. Ele ficou em casa.
La: Meu Deus, que tipo de amiga eu sou. – rindo – Estraguei a sua noite.
Lu: Não seja dramática, Laura. Minha noite só está começando. – rindo –
Ambos riram, Laura despediu-se do amigo e seguiu.
O porteiro não anunciou a chegada dela, já a conhecia e não queria se dar nenhum trabalho, apenas queria continuar a olhar o programa da madrugada que assistia na sua pequena TV preta e branca que ficava em cima do balcão da recepção.
Laura tinha as chaves, essa era a primeira vez que precisou usá-las.
Em sua bolsa havia uma garrava de vinho que havia comprado no aeroporto.
Ela abriu a porta lentamente, colocou sua bolsa em cima do sofá, tirou os sapatos, pegou a garrafa que estava dentro da bolsa e seguiu para a cozinha, cuidadosamente pegou o abridor e abriu a garrafa, serviu o em duas taças e seguiu para o quarto dele.
Empurrou a porta do quarto o mais silenciosamente que pode e acendeu a luz com certa dificuldade, quando seus olhos encontraram a cena, seu coração apenas começou a acelerar e as taças foram ao chão, acordando então o homem para quem confiou seu coração.
Mu: O que foi... Laura? – assustado –
Laura apenas o encarava, os olhos já enchiam de lágrimas e nenhuma palavra conseguia sair da sua boca.
Murilo olhou para o lado e lá estava ela, Pâmela, completamente nua.
Mu: Quem é você? – confuso –
Ele levou as mãos à cabeça.
Mu: Ai, estou meio zonzo.
Ele olhou para Laura que estava encarando-o.
Mu: Amor, eu sei o que deve estar pensando, mas eu juro que eu não sei quem é essa mulher, da onde ela surgiu. Eu só me lembro de estar tomando um Wisky com meu irmão e acordei agora, eu juro.
Pamela sorria para Laura.
Pa: Laura, minha querida, por favor. Você está sobrando aqui. Não vê que não estamos em condições de te dar atenção agora?
Murilo levantou-se e logo começou a procurar um shorts, o vestiu e estava indo em direção a Laura quando ela o parou.
La: Não encosta em mim agora.
Mu: Laura, por favor...
La: A gente conversa depois, agora eu preciso fazer uma coisa que eu deveria ter feito a muito tempo.
Laura apenas correu em direção a Pâmela, a segurou no cabelo com as duas mãos e puxou, forte, obrigando-a a sair da cama.
Ela continuou puxando ela até chegarem para o corredor do apartamento.
Ali Laura jogou Pâmela ao chão e subiu em cima dela, os tapas eram desordenados, mas fortes.
Pâmela não conseguia muito, apenas mexer as pernas para inutilmente tentar tirar Laura de cima dela.
Murilo tentou intervir, as roupas que pegou ao lado de sua cama, estava em suas mãos, Pâmela ainda esta nua, mas Laura parecia não ver e nem ouvir ninguém, já havia machucado um tanto o rosto dela.
Mu: Laura, para com isso. Não precisa disso.
Os vizinhos começaram a aparecer no corredor. O porteiro logo foi chamado.
Assim que ele chegou Murilo ficou nervoso, a ultima coisa que queria, era arrumar algum desentendimento com o sindico.
Na sua época de solteiro chegou a dar algumas festas ali, não seria necessário muito mais advertências para que Murilo tivesse que alugar um apartamento em outro lugar.
Porteiro: O que está acontecendo aqui?
_ : Alguém faça alguma coisa, a pobre mulher não consegue mais nem gritar.
Laura parou de imediato, saiu de cima de Pâmela e olhou o homem que havia comentado aquilo.
La: Mas é claro que você estaria aqui.
Carlos: Claro, eu sempre visito o meu irmão aqui.
Ela não precisou perguntar, Murilo a olhava confuso.
Porteiro: Ei, ei. Chega de bagunça aqui, cada um voltando pro seu apartamento, o show acabou.
Carlos tirou sua jaqueta e enrolou Pâmela na mesma que colocava com dificuldade seu vestido simples.
Aos poucos os moradores foram se dispersando, mas Laura não conseguia sair do lugar.
Porteiro: Eu preciso pedir mais uma vez?
Mu: Não, de maneira nenhuma, eles já estão indo, me desculpa isso não vai acontecer de novo.
Porteiro: Quinze minutos é o que vocês têm pra limpar esse corredor.
Sem dizer mais nada, o porteiro seguiu para a recepção.
La: Irmão?
Mu: Laura? Vocês se conhecem? – confuso –
La: Murilo, por favor, me diz que você não sabe o que esse homem me fez.
Mu: Claro que não, o que está acontecendo? Laura? Eu juro pra você que eu não sei de nada, eu só me lembro de estar bebendo com o Carlos no meu apartamento e depois você chegando, eu juro.
La: Murilo, esse foi o idiota que me engravidou no passado, que me humilhou. E essa vagabunda sempre esteve com ele, fingindo ser minha amiga e depois matando meu filho.
Os dois são desprezíveis. Eu vou embora, porque não consigo mais olhar pra cara de nenhum deles.
Mu: Não, espera. – segurando o braço dela – Entra e me espera lá dentro, de jeito nenhum eu vou deixar você sair daqui dessa maneira.
E você Carlos, some daqui, porque eu acho que sou capaz de cometer uma loucura. E leva essa vagabunda com você.
Carlos viu que tudo foi em vão, e mesmo assim tentou uma ultima mentira.
Carlos: Como não se lembra, meu irmão? Pâmela, você e eu estávamos curtindo uma deliciosa noite e vocês... – foi interrompido –
Murilo o segurou pela gola da blusa e o juntou na parede do corredor.
Mu: Não confie muito na sorte, Carlos.
Carlos: Me solta! O que pensa que está fazendo?
Ele soltou Carlos e o advertiu mais uma vez.
Mu: Some logo daqui, e você... – olhando para Pâmela – Nunca mais chegue perto da minha mulher.
Murilo virou-se e entrou no apartamento.
Pâmela e Carlos saíram dali furiosos, Pâmela sentia-se humilhada, não pensou que Laura fosse ter tal reação, apenas pensou que a mesma sairia chorando como na primeira vez.
Apenas se esqueceu de que isso acontecera ha mais de trinta anos atrás.
Murilo a olhou com os olhos preocupados, ela apenas levantou-se do sofá e jogou-se em seus braços.
As lágrimas foram inevitáveis.
Mu: Laura, por favor, você precisa acreditar em mim. Eu juro, eu não sei como aquela mulher veio parar na minha cama, eu não sei como eu vou provar isso, mas eu vou provar.
Ela apenas chorava.
Mu: Eu te amo, jamais faria isso com você, eu... Laura? Por favor, me diz alguma coisa.
La: Eu acredito em você.
Mu: Acredita?
La: Claro que sim. Eu só queria entender como é que eu nunca soube desse teu irmão.
Mu: E nunca iria saber. Eu não o vejo tem muito tempo, acho que a ultima vez que tive contato com ele foi antes de te conhecer, e depois disso ele se aproximou há uma semana dizendo que queria conversar sobre a herança dos nossos pais.
La: Herança? Então vocês são irmãos mesmo? Mas eu nunca soube que ele tivesse um irmão.
Mu: Eu sou adotado, não cresci aqui, na verdade ele me rejeitou desde quando pisei naquela casa, e meus pais sempre fizeram tudo pra ele, então eu cresci num internato, mas sempre me deram de tudo.
Quando eles morreram ele me odiou por ter herdado parte dos bens da família, mas eu não sou meus pais e não abriria mão de nada que fosse meu por direito.
Amor, eu jamais imaginei que ele fosse o homem de quem você me falou. Agora tudo se encaixa. Ele me procurar depois de tanto tempo.
La: Eu o conheço bem o suficiente para acreditar que tudo isso foi armado. Assim como as fotos que você recebeu.
Mu: Mas porque tudo isso?
La: Eles querem vingança, eu nem sei bem por que. Já me fizeram tão infeliz no passado, apenas colheram o que plantaram, e isso eu não tenho culpa.
Ele acariciava o rosto dela, enxugando as suas lagrimas.
Mu: Eu sinto muito.
La: Só de pensar que aquela mulher deitou na mesma cama que você, eu já... – sendo interrompida –
Mu: Eu vou jogar fora aqueles lençóis.
La: Eu quero que troque aquela cama.
Murilo sorriu para ela, ainda estava tenso.
Mu: Enquanto isso eu durmo onde? – sorrindo –
La: Te deixo dormir na minha cama.
Ele aproximou-se dela para um beijo, mas a mesma interveio.
La: Só depois de você tomar um banho e tirar esse cheiro de vagabunda.
Ela não podia negar o fato de que estavam falando de Pâmela e Carlos, e essa traição de fato não existiu. No fundo ela sentia isso. Murilo estava sendo sincero.

O Jogo de uma Vida - 2017 [Concluída✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora