Capítulo 3

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- Eu quero que você e suas filhas se mudem para cá, quero que você trabalhe ao meu lado na fazenda, sua filha mais nova pode ajudar na cozinha e quero pedir a mão de sua filha mais velha em casamento. Quero me casar com Cecília.

- Mas Ceci, só tem 12 anos. Ela é muito jovem para casar - o olhar de José relevou espanto e raiva, não seria do seu agrado casar sua amada filha com o ranzinza Coronel Benedito, ainda mais em sinônimo de troca pelo abrigo e comida oferecidos.

- A escolha é sua, eu só quero ajudar. Eu sou um homem velho e desde que minha mulher morreu me sinto muito solitário. Você já sabe o que acontecerá se não aceitar minha proposta.

- Preciso de um tempo para pensar.

- Pense o quanto quiser, só não esqueça que nesta vila existem muitas jovens tão bonitas quanto sua filha esperando apenas o meu chamado.

- Sim, eu sei. Posso lhe fazer um pedido?

- Peça.

- Será que você me arranja algum dinheiro para comprar algo para misturar com minha sopa hoje?

- Tome – disse o Coronel, estendendo a mão com algumas moedas, depois de verificar o bolso.

- Obrigado.

Saindo da fazenda, José foi direto ao armazém de secos e molhados, onde comprou um pequeno frasco de veneno. Logo em seguida partiu em direção ao cemitério, em busca do túmulo de sua esposa.

- Querida, você sabe que a situação não é das melhores - José estava sentado ao lado da cova de Catarina sua esposa morrera há seis anos. - Você sabe que eu tenho tentado, mas não estou conseguindo, estou prestes a desistir. No momento que lhe perdi ganhei Clarinha, mas não sei se ainda é possível manter essa situação, aquele homem nojento quer se casar com a nossa Cecília, se eu pudesse o acertaria com uma pancada agora. Vou por um fim nisso tudo, logo estaremos todos juntos finalmente.

José permaneceu grande parte da manhã no cemitério, em sua casa Clara e Cecília estavam apreensivas a sua volta com o café da manhã, contudo o tempo passou e já estava na hora de prepararam a sopa de legumes que comiam todos os dias no almoço. José dormira sobre o túmulo, quando acordara o sol já estava bem alto, quase no meio do céu.

- Até logo meu amor – ele despediu-se e foi para casa, apertando o frasco com o veneno na mão direita.

Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora