- Eu quero que você e suas filhas se mudem para cá, quero que você trabalhe ao meu lado na fazenda, sua filha mais nova pode ajudar na cozinha e quero pedir a mão de sua filha mais velha em casamento. Quero me casar com Cecília.
- Mas Ceci, só tem 12 anos. Ela é muito jovem para casar - o olhar de José relevou espanto e raiva, não seria do seu agrado casar sua amada filha com o ranzinza Coronel Benedito, ainda mais em sinônimo de troca pelo abrigo e comida oferecidos.
- A escolha é sua, eu só quero ajudar. Eu sou um homem velho e desde que minha mulher morreu me sinto muito solitário. Você já sabe o que acontecerá se não aceitar minha proposta.
- Preciso de um tempo para pensar.
- Pense o quanto quiser, só não esqueça que nesta vila existem muitas jovens tão bonitas quanto sua filha esperando apenas o meu chamado.
- Sim, eu sei. Posso lhe fazer um pedido?
- Peça.
- Será que você me arranja algum dinheiro para comprar algo para misturar com minha sopa hoje?
- Tome – disse o Coronel, estendendo a mão com algumas moedas, depois de verificar o bolso.
- Obrigado.
Saindo da fazenda, José foi direto ao armazém de secos e molhados, onde comprou um pequeno frasco de veneno. Logo em seguida partiu em direção ao cemitério, em busca do túmulo de sua esposa.
- Querida, você sabe que a situação não é das melhores - José estava sentado ao lado da cova de Catarina sua esposa morrera há seis anos. - Você sabe que eu tenho tentado, mas não estou conseguindo, estou prestes a desistir. No momento que lhe perdi ganhei Clarinha, mas não sei se ainda é possível manter essa situação, aquele homem nojento quer se casar com a nossa Cecília, se eu pudesse o acertaria com uma pancada agora. Vou por um fim nisso tudo, logo estaremos todos juntos finalmente.
José permaneceu grande parte da manhã no cemitério, em sua casa Clara e Cecília estavam apreensivas a sua volta com o café da manhã, contudo o tempo passou e já estava na hora de prepararam a sopa de legumes que comiam todos os dias no almoço. José dormira sobre o túmulo, quando acordara o sol já estava bem alto, quase no meio do céu.
- Até logo meu amor – ele despediu-se e foi para casa, apertando o frasco com o veneno na mão direita.
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Depois da meia noite
Historical FictionHá muito tempo viveu em uma vila no interior do Nordeste brasileiro, uma família de camponeses que passou por toda a sorte de infortúnios possíveis, chegando até mesmo a ficar sem um local para morar. No entanto, em um acordo macabro José e suas dua...