Capítulo 4

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Ao passar por uma encruzilhada e logo em seguida por uma cruz na estrada José não se benzeu, ignorando o costume que tinha herdado dos mais velhos, o respeito pelas cruzes que representavam as pessoas que morriam nas estradas. Alguns passos à frente José ouviu um assovio vindo de bem distante na mata, sem querer e sem perceber José assoviou de volta. E a mata deu uma nova resposta, um assovio fino como o anterior, mas dessa vez mais próximo, José por sua vez assoviou novamente. Um terceiro assovio veio do lado direito de José, próximo o suficiente para arrepiar todos os pelos de seu corpo. José engoliu a saliva e assoviou. Por um instante todas as folhas das árvores pararam de balançar.

- Você deveria ter medo de mim. Ou você não acredita na história do Assoviador? – disse uma voz rouca e grave, vinda bem de trás da nuca de José, que se virou rapidamente para trás e viu um ser montado em um cavalo negro, vestindo calças da cor marrom e uma blusa branca de mangas, na cabeça usava um chapéu, também marrom, que cobria todo o rosto do cavaleiro, quando o seu cavalo relinchou e ergueu as patas dianteiras, José correu o mais rápido que podia, enquanto ouvia os galopes do animal em sua direção.

O animal se aproximava cada vez mais de José, que corria com todas as suas forças e mesmo assim parecia não sair do mesmo lugar. Quando o cavaleiro estava ao seu lado José o olhou, ele por sua vez levantou o chapéu, deixando a vista um rosto deformado, com cortes e sangue escorrendo.

- José por que não tem medo de mim? - a sua voz que era grossa e não parecia humana foi seguida por um sorriso sarcástico que eriçou novamente os pelos de José.

Ignorando qualquer contato que a entidade quisesse estabelecer José continuou a correr, agora já avistava a sua casa.

- Clara, Cecília, me ajudem, abram a porta - gritou José.

As meninas ouviram o brado de seu pai e correram para a sala, e abriram a porta a sua espera. Quando ele entrou desabou no chão, com o corpo e principalmente as pernas tremendo, as duas garotas estavam atônitas com o que viam.

- Fe - chem, as por – tas - gaguejou ele. – Tem... uma coisa ai fora.

Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora