-... e assim o espirito do cavaleiro dos assovios se redimiu de sua culpa, ajudando uma família que muito precisava. E por toda a vida os membros daquela família rezaram para que aquela alma estivesse em um bom lugar.
- Papai, essa história é de verdade?
- Toda história é de verdade filha, basta acreditar. Assim como essa história, todas as histórias que nós conhecemos tem uma explicação, às vezes a explicação nos parece verdadeira outras vezes inventada pela imaginação.
Depois de deixar Clara e Cecília dormindo José sentou-se em sua cadeira de balanço no alpendre de sua casa. Permaneceu desse modo até a lua alcançar o meio do céu. Nesse momento minuiu-se de sua pá e seguiu todos os passos arquitetados pelo Assoviador. Durante a caminhada até a árvore voltou a ouvir as risadas que ouvira no lago, observou animais caminhando ao seu redor, alguns deles pareciam estar possuídos por forças malignas, pelo comportamento inapropriado que apresentavam, em sua maioria, patos andando de trás para frente, bodes negros com enormes chifres caminhando em círculos, e todo o tipo de cobras arrastando-se pelas pegadas de José, que mesmo sentido medo não recuou.
Ao chegar ao local designado, José desenhou com um graveto a estrela de Salomão em todo o perímetro da árvore, nenhum animal conseguia atravessar as marcas feitas por ele no chão, logo começou a cavar. Depois de um tempo cavando nada encontrara. Tentou do outro lado, a sua direita cavou, cavou e nada encontrará. Do lado de fora da estrela, o número de animais agora era bem maior, e vultos negros emitiam sons horríveis, que o faziam tampar os ouvidos. Mudando a posição novamente cavou a sua frente, e por mais que cavasse não encontrara nada. Já exausto, parou um pouco e encostou-se a árvore para descansar.
Sem demorar muito se levantou e cavou agora na única parte que ainda não havia sido mexida. Mais uma vez cavou e não encontrou nada. Desesperado, e vendo a lua baixar e seu tempo se esvair, tentou lembrar-se de todos os detalhes do sonho.
Vá sozinho e em silêncio a árvore seca na beira da estrada, depois do cemitério e antes da encruzilhada. Desenho no chão ao redor de toda a árvore o sinal de Salomão, uma estrela de dois triângulos sobrepostos, isso te dará proteção do poder de Satanás. O meio é a chave.
Pensou, o meio é a chave, o meio é a chave, o meio é a chave. Abaixo da árvore.
Sem ter mais tempo a perder, começou a cavar ao redor da árvore, deixando a mostra as suas raízes, até que a ponta da pá bateu em algo mais duro do que as raízes. Era a botija, cavando cada vez mais intensamente e sem parar logo a árvore despencou, erguendo todas as raízes e deixando a mostra presa entre elas, à botija, que não era tão pequena, e que certamente guardara ouro suficiente para uma grande mudança em sua vida.
Rapidamente José pegou a botija, forçou a pequena trava presa à borda com a pá e a abriu, todo o ouro que esperava encontrar se resumia em areia. Desesperado largou a botija que se quebrou em vários pedaços ao tocar o chão. Em pleno desespero levou as mãos a cabeça e caiu de joelhos no chão. Nesse instante aparece o Assoviador em seu cavalo.
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Depois da meia noite
Tarihi KurguHá muito tempo viveu em uma vila no interior do Nordeste brasileiro, uma família de camponeses que passou por toda a sorte de infortúnios possíveis, chegando até mesmo a ficar sem um local para morar. No entanto, em um acordo macabro José e suas dua...