- Mas pai não há nada aqui - disse Cecília enquanto olhava para o lado de fora da casa.
- Feche, Cecília! – berrou José.
Sem contrariar seu pai Cecília fechou todas as portas da casa.
- O que é isso na sua mão pai? - perguntou Clara.
- Não é nada – ele respondeu ainda ofegante, logo em seguida guardou o frasco no bolso de trás da calça, levantou-se e foi para seu quarto, trancou a porta. Depois não se ouviu mais nenhum barulho vindo do quarto. José caiu em um sono pesado e teve uma série de sonhos.
- José. José. José - venha até mim.
José abrira os olhos, e lá estava ele, no meio da mata no fim da tarde.
- José. José. José - venha até mim.
- Quem chama por meu nome? Manifeste-se.
- Sou eu José. Aquele que todos temem. Chamam-me de Assoviador. Não se lembra do nosso encontro na estrada hoje mais cedo? - disse o cavaleiro enquanto caminhava na direção de José exibindo um leve sorriso no canto da boca.
- O seu rosto mudou.
- Aquela figura deformada e suja serve para assustar as pessoas. Eu só revelo o meu verdadeiro rosto aos escolhidos - o Assoviador agora se mostrava com uma face branca e rosada, olhos azuis e cabelos loiros que deslizavam sobre testa e orelhas.
- Mas o que deseja? Como posso ajuda-lo?
- Primeiro eu gostaria de saber por que não teve medo de me invocar.
- Não é que não tive medo, é que não tinha e não tenho mais nada a perder.
- Um homem sem destino, é isso que você é?
- Sim é o que sou.
- Então, já que não tem nada a perder. Que tal fazermos um acordo que pode te dar um futuro muito... Como posso dizer... Agradável.
- Que tipo de acordo?
- Eu te darei a oportunidade de encontrar uma fortuna e você me dará a oportunidade de salvar minha alma.
- Quem é você? Um demônio?
- Eu sou uma alma que não se salvou, estou pagando minha penitência. Eu vago por essa mata há muito tempo, dia e noite carregando os corpos dos homens que eu matei. Meu único período de alívio é quando estou a cavalo, o que não é muito recorrente. Isso é um martírio, meus ombros estão cansados, eu não posso mais aguentar. Os meus assovios são para chamar a atenção dos homens corajosos como você, só uma pessoa corajosa e valente pode me ajudar. É isso que eu quero de você, a sua coragem.
- Se você está em penitência talvez seja por que mereça pagar pelas coisas ruins que fez em vida.
- Eu sei que mereço, e já paguei.
- Mesmo assim comoposso acreditar em você? Como sei se não é apenas uma armadilha?
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Depois da meia noite
Tarihi KurguHá muito tempo viveu em uma vila no interior do Nordeste brasileiro, uma família de camponeses que passou por toda a sorte de infortúnios possíveis, chegando até mesmo a ficar sem um local para morar. No entanto, em um acordo macabro José e suas dua...