Depois da meia noite

Capítulo 7

- Feche os olhos, você tem muito que aprender - passando a mão sobre seus olhos e os fechando o Assoviador dissertou sobre as indicações necessárias para encontrar a botija. - Concedo-te a oportunidade de encontrar meu ouro escondido, guardado com o intuito de protegê-lo contra o furto dos que dormiam sobre meu teto. O nosso acordo depende da execução de missas e orações para minha alma. Você aceita?

- Aceito - disse José com a voz suave, era como se ele estivesse dormindo dentro do próprio sonho.

- Obedeça as minhas indicações: hoje a meia-noite vá sozinho, e em silêncio, a árvore seca na beira da estrada depois do cemitério e antes da encruzilhada. Desenhe no chão ao redor de toda a árvore o sinal de Salomão, uma estrela de dois triângulos um sobre o outro, isso te dará proteção do poder de Satanás. O meio é a chave. Cave até encontrar a botija, e lembre-se deixe uma moeda no local, não traga tudo consigo. Essa oportunidade é sua, não tente transferi-la a outra pessoa, pois, ela não encontrará nada. Não revele a ninguém as indicações que estou lhe dando, essa é a sua história e de mais ninguém. Mantenha o silêncio por todo o tempo, qualquer erro pode transformar o tesouro em areia. Muitos gostariam de estar no seu lugar, mas você foi o escolhido. Continue sendo corajoso e mantenha a fidelidade em nosso acordo.

Dando um sobressalto acorda José, sua cama e camisa estão encharcadas de suor. Ele sai do quarto em direção à cozinha onde suas filhas estão inquietas e confusas com o que está acontecendo.

- Papai, você está muito estranho - disse Clara.

- Pai não têm nada para o jantar. O que vamos comer? - alertou Cecília.

- Eu cuidarei de tudo isso mais tarde.

- Mas, já é quase noite - disse Cecília.

- Fiquem aqui, eu vou até o lago. Vou tomar um banho e na volta resolvemos tudo - logo após abaixar-se e beijar a cabeça de Clara, José se dirigiu ao pequeno lago que ficava logo atrás de sua casa.

Ele demonstrava sentir-se vigiado, o tempo todo olhava para os lados, como se estivesse à espreita do cavaleiro a qualquer momento. Chegando a margem do lago, despiu-se por completo e entrou na água, começou a esfregar suas costas com uma esponja, até ouvir risadas vindas da mata, levantou-se assustado mais ainda dentro do rio.