Capítulo 8

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- Há alguém ai? - gritou José.

Sem resposta, abaixou-se novamente e dentro da água voltou a esfregar as costas, quando deu por si a esponja estava alcançando partes de seu corpo que as suas próprias mãos não podiam chegar. Ele ouviu as risadas novamente e a esponja apareceu boiando a sua frente.

- As investidas de Satanás podem já estar acontecendo - sussurrou. E as risadas voltaram a ecoar. José saiu rapidamente do lago, vestiu suas roupas e voltou para casa.

- Papai, papai, papai, me escute - disse Clara.

- Querida, eu já sei o que vamos fazer. Cecília acha que consegue preparar a nossa sopa de legumes para o jantar?

- Sim, ainda temos legumes suficientes, mas eu estava pensando em usar eles na sopa do almoço de amanhã.

- Não, use hoje, use todos que sobraram. Não se preocupe com o amanhã. Clara você acha que pode ajudar sua irmã?

- Sim, papai. Mas eu queria lhe pedir algo.

- Peça.

- Você pode pensar em uma história para me contar mais tarde antes de dormir, mas eu quero uma nova.

- Tudo bem. Eu vou pensar em uma história que ainda não tenha a contado. Agora vamos nos dedicar as nossas tarefas, se precisarem estarei no meu quarto organizando algumas coisas.

Em seu quarto José planejava onde esconder o ouro que encontraria, separou algumas bolsas de couro e esvaziou um pequeno baú que tinha.

- Depois terei que enterrar o ouro novamente. Não posso gastar tudo de uma vez, logo todos notariam que ficamos ricos - disse a si mesmo.

A lua cheia já brilhava no céu, quando todos engoliram a sopa feita por Cecília, seus ingredientes não eram saborosos, e a sopa estava na rotina alimentícia da família a mais de um mês, os legumes cozidos com água, serviam apenas para disfarçar a falta dos alimentos necessários na refeição. Depois do jantar e sem muito que fazer a noite, era hora de José levar Clara e Cecília para a cama.

- Boa noite Cecília. Amanhã será um dia melhor, é uma promessa. E seu pai não descumpre promessas.

- Boa noite papai. Que assim seja.

- Papai, você pensou em uma história? - perguntou Clara.

- Sim, filha, eu pensei.

- Venha logo me contar, sente aqui do meu lado.

Na borda da pequena e velha cama de Clara seu pai se sentou, e contou uma história daquelas que todos os homens almejam fazer parte do final.

Depois da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora