- Uau, parece que você descobriu um novo dom - Trevor deu um sorriso sínico - e por que você está parada desse jeito?
- Estou esperando...o Finn chegar com o Krow - falei sentindo as palavras entalarem em minha garganta.
- Interessante! - Ele se aproximou.
Quis me mexer, sair correndo da frente desse menino. Mas infelizmente não podia.
Ele estendeu a mão e tocou a fumaça, logo retirou e soprou o dedo. Ri da cara dele, péssima hora pra rir, droga!
Senti meus cabelos caírem nas minhas costas e a fumaça começou a desaparecer aos poucos.
Engoli seco e fechei os olhos já esperando aquela lança atravessar minha cabeça. Mas percebi que isso não aconteceu e quando abri os olhos novamente, vi Trevor segurando a lança que continuava bem perto do meu rosto.- O-obrigada - gaguejei.
Ele revirou os olhos e jogou a lança no chão.
- A cara que você fez foi tão engraçada - ri baixo.
- Tenho certeza de que não foi mais engraçada do que a sua quando estava segurando aquela cadeira no ar - ele arqueou as sombrancelhas.
Senti raiva só de lembrar disso!
- Ei, você fica irritada muito fácil! Olha aí, seus olhos já estão vermelhos - ele fez cara de deboche.
Pisquei algumas vezes e desviei o olhar.
- Continuam vermelhos - ele me encarou.
- É claro, você... - não terminei de falar a frase mas ele completou.
- Eu te levo á loucura - ele riu e fez uma cara sexy.
Confesso que eu me derreti naquele momento, mas mantive postura. Ele mordeu os lábios e me olhou dos pés a cabeça, senti tanta vergonha nesse momento.
Finalmente, Finn e Krow apareceram por teletransporte.
- Olha iss... - Finn estava todo empolgado e quando me viu sua expressão mudou na hora e ele abaixou os braços desanimados.
- Foi culpa dele - apontei para o Trevor, mas o mesmo não estava mais ali. Então paguei papel de boba apontanto pro nada.
- Ele quem? Eu sei que eu demorei Raven, mas pensei que você iria aguentar! - Finn pegou a lança do chão e a transformou em bastão de novo.
- Se acalme Finn, ela ainda está descobrindo o seu dom. Não sabe controlar ainda. - Krow segurou o braço de Finn que assentiu com a cabeça.
Passei as mãos pelo meu cabelo tentanto ajeitar alguns fios que insistiam em ficar fora do lugar.
- Está bom por hoje não? - Krow sugeriu e sorriu meio de lado.
- Sim, por favor! - dei um sorriso amarelo.
- Pode ser, amanhã cedo a gente retoma - Finn disse já pegando suas coisas e andando.
Krow estendeu a mão para mim e me teletransportou para a porta do meu quarto.
- Obrigada - agradeci e entrei mo quarto fechando a porta bem devagar.
- Você não estava no refeitório na hora do almoço, estava treinando né? É melhor você correr pra ver se a comida ainda está disponível - Mary disse assim que olhei para ela.
- Sério? Meu Deus, ninguém me avisou! - Falei com uma pontada de raiva da voz.
- Anda garota, acho pouco provável que o almoço ainda esteja disponível - ela se levantou e me expulsou pra fora do quarto.
Fui literalmente correndo até o refeitório, algumas pessoas me cumprimentaram e outras riram de mim, mas nem me importei. Meu estômago estava roncando e doía um pouco.
Cheguei no refeitório e algumas moças já tiravam as comidas das vasílias.
- Moça, por favor, deixa eu comer pelo menos um pouco. Estava treinando e ninguém me avisou que o almoço já havia começado. - cheguei perto de uma delas e juntei as mãos pedindo.
Fiquei parecendo um cachorrinho com um olhar pidão.
- É claro senhorita - ela disse sorridente.
A moça me mostrou algumas panelas que não tinham sido lavadas ainda. Tinha uma de arroz, outra de lesmas e um bixo estranho que eu desconhecia (como que alguém consegue comer isso), e outra com bifes.
Peguei arroz com bife e me sentei em uma mesa perto das comidas.
Rodei o olho pelo refetório vazio, agora eu percebi o quão imenso o local era.
Parei de reparar no local e comecei a comer e me deliciar.Comi tudinho e no final eu estava completamente sozinha, não havia nem mais aquelas moças.
Peguei o prato e resolvi achar uma pia pra lavar aquilo, entrei em uma porta e me deparei com muitas pias e os cozinheiros e funcionários da limpeza estavam ali. Todos me encararam e dei um sorriso de lado.Um homem caminhou até mim com pressa.
- Obrigada pela gentileza de trazer o prato - ele sorriu.
Sorri de volta e saí de lá. Me deparei com o mesmo menino...como era o nome dele mesmo? A é! Lucca. Ele estava sentado em uma das mesas e olhava pro nada.
Tentei passar despercebida, mas ele me viu e me encarou.- Boa tarde - ele disse e continuou sério.
- Boa...tarde! - abaixei a cabeça e continuei andando.
Saí do refeitório aliviada, não sei por qual motivo!
Me senti bem melhor agora que havia comido e estava bem preparada pra tirar um cochilo.
Andei em direção ao meu quarto, entrei e vi Mary e logo me joguei na cama dormindo na mesma hora.-//-
- Acorda! Hoje você não vai pular a janta não. - Mary me sacudia.
Abri os olhos com certa dificuldade, minha visão estava meio embaçada. Cocei os olhos e me levantei meio tonta.
- Por quanto tempo eu dormi? - minha voz quase não saiu.
- Por cinco horas, agora já são sete da noite.
- Cinco horas? - arregalei os olhos - Como assim...
- Também não entendo esse seu sono... - Mary suspirou.
- Preciso tomar um banho antes, estou toda suada e com roupa do treinamento - me analisei.
- Então anda rápido.
Me levantei e fui pro banheiro, tomei um banho rápido e relaxante. Me enrolei na toalha e saí para escolher uma roupa. Peguei uma calça de couro preta e uma blusa de manga cinza que batia acima do meu umbigo. Calcei um tênis preto e simples e deixei meu cabelo solto.
- Você só vai jantar - Mary riu - Mas tá certa, tem que arrasar sempre e em qualquer ocasião!
- Desculpe, não sei me arrumar muito bem! - Ri também e a acompanhei para fora do quarto.
- Fique perto de mim, acredite, o refeitório fica mais cheio na janta do que em qualquer outro horário.
- Ok... - fiquei desesperada só pensando no reboliço.
Mary cumprimentava a todos por onde passava e eu só lançava um sorriso tímido.
Confesso que eu só queria voltar para o quarto e dormir ou ler alguma coisa.
- Olá meninas! - Finn apareceu, acenou e sorriu para nós.
- Oi Finn - dissemos juntas.
O sorriso de Mary ficou menor e ela não encarava ele e nem ele olhava pra ela. Suspirei com o clima pesado que tinha ficado ali.
- Por que paramos de andar? - tentei quebrar essa tensão toda.
- Tem razão - Mary voltou ao normal e voltou a caminhar.
Finn nos acompanhou e de vez em quando ele cochichava algumas piadinhas pra mim, todas bem idiotas, mas que me faziam rir.
Enfim chegamos no refeitório e aquilo estava mais cheio que tudo...
