- Agora? Mas...as minhas roupas... - tinha me esquecido disso, eu estava andando rasgada e toda bagunçada por aí.
- Oh, é mesmo! - Krow fez uma expressão preocupada - Vá para o seu quarto pegar um roupa de treinamento, Finn acompanhe ela, o quarto dela é o 173.
- Sim Senhor - Finn assentiu com a cabeça.
Fomos até o meu quarto, dessa vez de elevador! Senti raiva só de pensar no que tinha acontecido.
- Você deve estar assustada com isso tudo... - Finn confirmou exatamente como eu estava.
- Sim! Isso é muito estranho - respondi quase sussurrando.
- Entendo...na verdade não entendo. Eu nasci aqui, então isso tudo sempre foi normal pra mim!
- Sério? - levantei as sombracelhas - Existe mais algo além desse palácio?
- Existem algumas montanhas e árvores...isso serve? - ele riu.
- Acho que sim! - Ri também.
Finalmente chegamos no meu quarto. Entrei em passos lentos, Mary estava sentada na cama lendo algum livro.
- Oi...vim colocar um roupa melhor... - caminhei até um dos armários.
Mary olhou pra mim e sorriu, depois encarou Finn por um tempo. Eles se olhavam de um jeito estranho...
Abri o armário e tinha uns seis pares de roupas.
- A de treinamento é o conjunto de calça, blusa e bota preta - ela apontou.
Peguei a roupa e entrei no banheiro para trocar.
O banheiro era muito lindo, tinha uma banheira gigante, ele era todo branco e tinha algumas luzes fracas.
Me olhei no espelho pela primeira vez. Meu cabelo estava muito oleoso e tinha muitos fios fora do lugar, mas não estava tão terrível quanto eu achei que estaria.
Tirei as roupas, menos as íntimas. Coloquei a roupa de treinamento que servia perfeitamente em mim. A blusa era de alça e a calça tinha alguns bolsos. A bota também serviu bem.
Fiz um coque bagunçado no cabelo, pra pelo menos esconder um pouco dos fios rebeldes.
Saí do banheiro, Mary continuava sua leitura e Finn encarava o chão.
- Pronta? - ele se desencostou do portal.
- Sim... - respondi incerta - Tchau Mary.
- Tchau! - ela sorriu.
Andamos um pouco em silêncio.
- Então...seu nome é...
- Raven! - respondi antes mesmo de ele terminar a pergunta.
- Ah! Você fica bonita nessa roupa. - Ele sorriu de lado.
Me senti envergonhada e agradeci com um meio sorriso.
Andamos um pouco e descemos dois andares.
Caminhamos por mais um tempo, ele abriu uma porta gigante. Me deparei com um jardim lindo e bem grande. Tinha várias flores de muitas cores! Andei entre as moitas hipnotizada pelos cheiros.
- É lindo não é? - Ele perguntou afirmando.
- Muito.
Depois que passamos pelo lindo jardim, ele me levou até um campo aberto, algumas árvores rodeavam o local. O ar era fresco, era como se eu nunca tivesse respirado algo tão puro.
- Vamoa treinar aqui? - perguntei empolgada.
- Depende, nós preferimos fazer os testes a céu aberto, nunca sabemos o que esperar das criaturas novatas!
- Testes? - perguntei.
- Sim, para descobrir seu dom! - Ele respondeu como se fosse óbvio.
- Ah... - suspirei.
- Me mostre o que sabe - ele pediu e se afastou.
- Mas eu não sei nada! - Apertei os lábios.
Comecei a ficar com medo daquilo.
- Certo. Tente fazer alguma coisa! Com as árvores, o vento - ele abriu os braços.
Tentei mesmo, de verdade, mas não aconteceu nada. Ele me olhava concentrado, tentando perceber cada detalhe ou algum sinal.
- Bem...então...vamos lutar! - ele se aproximou.
- Eu não sei lutar - respondi envergonhada.
- Não tem problema, só quero ver se você tem o dom de luta. Vamos, tente me dar um soco - ele ficou parado na minha frente.
Meio sem jeito, levantei a meu braço e tentei acertar um soco no seu rosto. Mas ele me impediu segurandp de leve o meu braço.
- Assim fica fácil de mais, até uma criança conseguiria desviar esse soco - Ele zombou e riu logo em seguida.
Tentei enganá-lo fazendo que iria dar um soco com o braço direito mas na verdade seria com o esquerdo, mas mesmo assim ele conseguiu impedir.
- Sério isso? - ele bufou.
Foram várias tentativas de acertar um soco nele, nem que fosse na barriga. Mas ele desviou todos e me fez parecer uma completa idiota.
- Eu já disse, não sei lutar! E claramente não é o meu dom - desisti e cruzei os braços.
- Então vamos ver se você sabe se defender! - Finn sorriu maliciosamente.
Ele fez que iria me dar um soco, mas me deu um empurrão de leve e me deu uma rasteira me fazendo cair de costas no chão.
Minhas costas doeram pra caramba e meu cutuvelo também!
Quem deu o direito de ele fazer isso comigo? Eu mal cheguei aqui, nem sei o que está acontecendo direito e ele faz isso?
Me levantei com dificuldade e raiva.
- Não faça isso de novo - o encarei.
- Fica esperta.
Finn me acertou uns bons golpes e eu não consegui me defender de nenhum, e depois de alguns minutos caída e derrotada no chão, ele resolveu perceber que esse definitivamente não era o meu dom!
- Desculpe - ele estendeu a mão para me ajudar a levantar.
- E agora? - perguntei enquanto limpava a grama da minha roupa.
- Acho que vou ter que pedir alguns conselhos sobre isso para o Krow, mas fique tranquila, as vezes o seu poder não tem a ver com a natureza ou habilidades físicas.
- Como assim?
- Geralmente, os novatos já sentem algo diferente em relação a seu dom por simplismente já terem entrado em contato. Por exemplo, o dom de controlar o ar, eles já sentem o esse dom assim que respiram! - Ele explicou.
Não disse nada, apenas fiquei o encarando esperando ele fazer alguma coisa a respeito.
- Volte para o seu quarto e descanse. Enquanto isso eu vou conversar sobre isso com o Krow. - Ele começou a caminhar de volta para o palácio.
Ele me deixou na porta do quarto e saiu correndo.
Mary não estava no quarto, então aproveitei para dormir um pouco. Estava toda dolorida e cansada mentalmente. Me joguei na cama do jeito que estava e acabei dormindo no mesmo instante.
