Estávamos andando pelas a rua,era quase noite,porém uma brisa gostosa e gelada assoprava nossos rostos com o delicioso cheiro do orvalho enquanto caminhávamos pela a rua de pedra,para compensar,ouvíamos os sons das cigarras e suas doces sinfonias. Fizeram-me esquecer do bendito ódio que meu pai tem por mim. Em outra mão minha irmã,mãe e aquelemeu novo colega,parecem ter afeição por mim,gosto disso.
Continuamos andando entre as ruas e vielas,passando pelas as casas e prédios de várias cores,Rosa,verde,laranja...Marina me puxa para uma casa Branca,bem cuidada por sinal,tinha uma cerca de madeira rústica,não tão alta. Uma porta também de madeira,mas num tom mais escuro,ao lado dois arbustos de cor verde folha. Parecia um bom lugar para morar,honestamente,ao contrário dos casebres dos colegas de Marina. Ao lado,tinha também um homem,alto,forte e bonito,tinha traços mestiços,olhos castanhos e profundos que me encaravam,um cabelo curto,mas bem penteado. Comecei a admirá-lo. Enquanto ficava parado observando o homem,ele me pergunta.
- Quem é você?
- So-So-Sou Fernando!
- Fernando...
- É...Fernando... Corei um pouco.
Marina estava atrás de mim,e não conseguia ver o homem,ela me empurrou para trás e se apresentou,ele rapidamente abriu a porta para nós,indicando que o encontro era no porão e deu as direções para onde era. Passei por ele e soltei um sorriso,ele me encarou e virou o rosto,me senti envergonhado e minha irmã já vinha falando:
- Hetero?Hun?
- Sim,sou.
- Percebo.
- Ele só me intimidava.
- Ou ele roubou seu coração,Fernando?
- Não.
- Você é engraçado,Fe,Uma hora ama mulheres outrora homens. Isso é algo de novo.
- ...
- Não que vou te amar menos por amar homens,pelo o contrário. Vou sentir orgulho.
-Obrigado pela essa hipótese,Marina.
- Disponha!!
Fomos até o porão,era básico,mas extremamente espaçoso,tinha cadeiras mesas feitas de última hora e um pequeno palco,aonde tinha quatro músicos e uma cantora,os músicos também cantavam,mas a cantora se destacava. Marina já logo se soltou de mim e foi atrás de seus colegas,enquanto o lugar estava num som normal,nenhuma música ainda,fiquei vendo ela rir e brincar como uma criança...Estava num canto,parado quando um jovem de aproximou:
- É meio triste ficar sozinho,não é?
- Sim,é muito....Mas,não conheço ninguém daqui além da minha irmã
- Qual é o nome dela?
- Marina
- Conheço,sabe quem sou eu?
- Não
- Júlio.
- Prazer,Fernando.
- Nome bonito...Fernando
- Obrigado.
- Você é bonitinho também
Ele não vai me fazer corar.
- Sabe,Fernando,eu vi você falar com o segurança lá na frente...O nome dele é Jorge,e vi como ficou.
Não vou fazer alguma coisa fora do planejado.
- E também,te achei bem atraente.
- E-e-eu...Estava queimado de tão corar
- Acho que você merece um agrado...
Ele me beijou...
ELE ME BEIJOU
- Então o que achou,Fefe..?
-Achei...Ótimo...
Eu acabei por beijar ele,foi bom. Me senti com um frio na barriga. E tudo que estávamos fazendo era no canto do porão,estava bem limpo,mas não tão bem iluminado naquela área...Ele parou com os amassos e pegou um papel e uma caneta,começou a escrever:
- Fernando,tenho que ir...Mas,aqui está o número e a rua da minha casa?Okay,te vejo qualquer dia. E se fizer besteira saiba que conheço sua irmã!
Ele me deu um beijou na bochecha e foi em direção a escada.
Fiquei parado,respirei. E gritava internamente de alegria,mas também era preocupante...Não é normal ser beijado por um outro homem...
Entre minhas viradas mentais,ouvi um som familiar do piano...Era bem familiar,sai do canto e vi uma roda de pessoas...Quando escuto
-Oh lariá laiô obá obá obá
Era Mas Que Nada,minha música favorita. Escutava ela é me sentia feliz. No meio da roda,Marina estava sambando,ela logo me viu e puxou para a dança.
- Fernando!É a nossa música!!!
- Eu sei!!!!!
- Vamos dançar!
- Marina...Não sei dançar...
- É só se soltar!!!
Me soltava enquanto os músicos:
*Oh lariá laiô obá obá obá*
*Oh ooô ooô lariá laiô obá obá obá*
*Mas que nada sai da minha frente eu quero passar*
*Pois samba está animado que eu quero é sambar*
*Esse samba que é misto de maracatu*
*É samba de preto velho samba de preto tu*
Dançava e ria,era uma música que me enchia a alma.
Dançava entre aqueles que dias atrás perseguia,pois que eram comunistas oi apenas contra o governo. Era aqueles que me encheram com tanta entoação,no meu passo desajeitado imitava o passo dos outros jovens e tentava me virar,mas estava gostando.
Marina via minha empolgação e pegou na minha mão e começou a nos girar
- Está animado hoje!
- Estou!E estou amando!
- Está mesmo!!!Vamos continuar
- ..?
- Vamos cantar,Fe!
- Okay...Mas,eu não sei cant...
- *Mas que nada* . *Um samba como esse tão legal*.*Você não vai querer que eu chegue no final*
Entrei no ritmo e comecei a cantar
-*Oh lariá laiô obá obá obá*
- Você pegou o jeito!Fe!!!Ela ria
- *Oh ooô ooô lariá laiô obá obá obá*
- Aí meu Deus!Nunca vi você cantar!Você canta bem!
- Não muito,mas obrigado,Marina...
Acho que finalmente entendi o lado dela,ela estava querendo me ver bem...Aprecio isso...A música une o que as palavras separam.*Oh lariá laiô obá obá obá*
*Oh ooô ooô lariá laiô obá obá obá*A música continuava. Era a mais animadora. Marina fazia questão de cantar e eu,que já estava no animo,ia no ritmo e dançava. Conversei com várias pessoas e gostei do dia...Chorei por que não queria ter nascido,mas só agora que aprendi a viver.
*Esse samba que é misto de maracatu*
*É samba de preto velho samba de preto tu*
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Mas Que Nada
Historical FictionEm 1970,um jovem chamado Fernando,é um policial durante o período militar. Sua irmã que é seu completo oposto,é uma comunista forte e completamente contra a ditadura,o contrário dele,mesmo com isso ela é a única companhia que tem. No auge da ditadur...