Décima folha

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"-O que vai acontecer..?"
Me perguntava,um grupo de policiais sai do local e foram em direção ao lugar...Tive que acompanhar. Eles iam atrás de Marina provavelmente ou de Marcos.
Em ambos os casos eu ia ser o culpado. Fernando seu imbecil,por que fez isso?
Respirei fundo. E me distancei do grupo,tive que parar de segui-los...Eram 16:00,cedo ainda...
Leonardo percebeu minha parada e deu um sinal para o grupo inteiro parar,eram aproximadamente cinco ou seis pessoas no grupo.
O homem de pele morta,me olhava com um olhar carinhoso e confiável,mas a esse ponto ele me assusta
  - Algo de errado,Fernando?
  - Sim...Eu...Estou com um desconforto no estômago
  - Certo...Vamos esperar até as 18:00,até lá vamos nós preparar,nesse período,Fernando,você descansa
  - O que vocês vão fazer?
  -Já está com dores no estômago. Não crie dor de cabeça.
  - Leonardo...Por favor.
  - Certo,não consigo olhar para esse seu rosto bonitinho triste...Esperaremos a hora exata. Iremos mandá-la para a cadeia
  - Ok,obrigado. Eu sorri
  Leo me deu um sorriso corando,acho que os homens só se atraem por mim.
Mas,essa estúpida confusão não importa... Tenho que rezar para Marina não sofrer.
No caminho para a delegacia,o grupo fazia piadas entre si,estava no canto como sempre ficava,não de se esperar fiquei sozinho e ainda por cima cabisbaixo.
Chegamos no destino e durante algumas horas os rapazes de 30 - 50 anos conversaram,num sofá de couro marrom escuro,fiquei coberto com um cobertor azul marinho era quente e me aconchegava a falsa dor de barriga.
Eram 18:00 e fomos atrás da minha irmã. Não havia dor que parasse Leonardo, ele ia reto.
Não sabia o que ia fazer,apenas ia.
Depois de andar o caminho em direção a casa,eles chutaram a porta abrindo. A conversa foi curta e grossa
"-Temos mandatos contra vocês. Estão contra o regime e portanto terei que levar os dois."
Ambos não resistiram,mas levaram Marina primeiro,Marcos ficará lá com um policial armado em vigia,o resto levava Marina para a cadeia.
Mas...Eles não estavam levando para a cadeia
"- Aonde vamos?"
"-Ela...Ela está bem?"
"-O que vocês vão fazer?"
Perguntas e mais perguntas sem resposta. Por um tempo percebi que estavam me ignorando. O grupo de policiais capciosos estavam cada vez mais se distanciando daquela linda cidade e entrando em um lugar escuro e feio.
Era na verdade uma cabana de madeira estragada esverdeada,com o mato cortado em sua volta...

Estranho...
Parei e respirei fundo. Encostei numa árvore feia e respirei fundo,um rapaz me notou e foi conversar comigo
  - O senhor está bem?
  - Não...Mas,nada que precisa se preocupar...Acho que fiz algo errado com uma pessoa.
  - ...
  - Minhas consequências são coisas que só me sujam a imagem
  - Por certo. Ele disse sério
  - Eu sou meio louco não sou?
  - Todos somos loucos de alguma maneira.
  - ...
  Ele está certo,mas não iria aguentar. Estava esperando o pior do pior.
Fiquei parado na árvore,pensando o que ia acontecer...Até que eu ouvi um grito.
Entrei desesperado. Marina estava com os braços para trás de uma cadeira preta,uma corda grossa,prendia suas finas e pequenas mãos o mesmo acontecia com os pés,ela estava paralisada com a cabeça coberta por saco e provavelmente amordaçada. A  visão era horrível...
Ela estava no meio daquela cabana suja e velha,com diversas teias de aranha. Umas frestas no telhado mofado iluminavam o lugar que só não era tão assustador por causa do gentil soar noturno
Leonardo agarra meu ombro,puxando para trás e apertando firme,sua pele descasca e deslisa sobre o uniforme que usava,o homem de sorriso doentio me olha e diz
  - Aproveite o espetáculo
...
...
...
Eles...
Eles iam matá-la.
Um dos poucos homens jogou algo nela e a incendiou
NÃO.
ISSO NÃO PODIA ESTAR ACONTECENDO..
NÃO COM ELA.
PORRA.
NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO
Os gritos dela abafam o lugar
E eu...Não podia fazer nada...Que tipo de monstro eu sou..?Matei a minha irmã...Sou um monstro. Um lixo
Eu deveria estar no lugar dela. Do meu sobrinho
O QUE FOI QUE EU FIZ?
POR QUE?
EU ME ODEIO.
Chorava,mas fingia que era por causa da fumaça. Os olhos cansados e verdes de Leonardo brilhavam como nunca...Ele se divertia com a dor,se divertia..
E eu me senti tão culpado. Tão ruim
Mereço ficar sozinho..?Sim. Porque eu fiz isso. Se não fosse por mim ela estaria viva,meu sobrinho estaria.
Talvez o meu pai estivesse certo.
Não deveria ter nascido.

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