Décima primeira folha

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Eu me odeio.
Pra sempre vou.
Pelo o que fiz com ela. E que não pode mais voltar
Pois,quando uma pessoa que você ama vai embora
Ela leva junto sua vontade de viver...
Mas...Agora tudo isso acabou
Porque ela está morta. E não posso fazer nada a respeito.
Isso tudo passa na minha cabeça,enquanto os gritos de agonia soam na minha cabeça...Isso é o de menos.
Sai dali. Precisava vômitar,mas eu queria na verdade era morrer.
Foram minutos que se pareciam horas,era perturbador. Aquilo depois de um tempo acabou,percebi porque os policiais estavam saindo e nem perceberam minha falta...Entrei na cabana desesperado,Rezando que não fosse verdade...Mas era.
Não tinha sobrado nada.
Nem um fio dela,apenas as roupas e a pulseira vermelho-sangue,que era para representar nossa união.
POR QUE EU FIZ ISSO?DEUS?
POR QUE?
Peguei a roupa e...Fui em direção a casa dos meus pais,tinha que avisá-los,era a filha deles
O grupo de policiais nem me notava mais,eu só fui um idiota,uma máquina de mente fraca. Um inútil.
Começou a garoar,estava frio as lâmpadas estavam apagadas...
Cheguei em casa,estava com medo,não queria que minha mãe visse o que o filho dela se tornou.
Bati na porta,e meu pai atendeu.
  - Fernando!?O que foi!?
  - ...Pai,me desculpa.
  - Pelo o qu...
  Ele olhou para os meus braços e viu o vestido de Marina queimado,quase as cinzas.
Minha mãe chegou e se apavorou a ver a cena.
  - Pai...Por favor,me perdoe. Eu comecei a chorar enquanto tentava não berrar rangendo os dentes
  - Não...Não pode ser.
  - Mataram ela,pai.
  - Não não não não...Ele dizia desesperado
  - Desculpa.
  -EU TE ODEIO!
Ele me deu um tapa e também começou a chorar
  - POR FAVOR ME ESCU...
  - NÃO,FERNANDO!NUNCA MAIS!VÁ EMBORA DESSA CASA E NUNCA MAIS VOLTE!VAI PRO INFERNO DESGRAÇADO.
  - ...Pai...Eu não queri...
  - NUNCA MAIS ME CHAME DE PAI. Eu te deserdo!
  - Você...Não pode fazer isso,a lei não permite...
  Ele chegou para perto de mim,com os olhos vermelhos de ódio
  - Nem que eu MORRA sem nenhum centavo no bolso eu prefiro do que dar algo que já foi meu para esse verme nojento como você,Fernando
Estava chorando muito,meus olhos estavam ardendo de tanto chorar.
  - M-Mãe. Disse gaguejando põe causa do choro. -
  Ela não olhou para minha cara. Apenas o meu pai falava
  - Você vai embora dessa casa. AGORA.
  - Mas,para onde eu vou?
  - NÃO ME INTERESSA!VAI PRA MERDA!
  - ...
  Ele me chutou para dentro de casa que nunca me parecia tão sombria,minha mãe ia atrás de mim,ela ia sem cor,sem gosto
Subimos as escadas,e fomos em direção ao meu quarto,ela estava me ajudando a arrumar as coisas numa mala de couro preta e dura. Minhas camisa verdes,azuis,pretas. Meus sapatos pretos  como um pingo de tinta,minhas cobertas,ela me ajudava,mas não dizia uma sequer palavra.
Após o término,ela me olha no fundo dos meus olhos e diz
  - Por que..?
  - ...
  - Por que,Fernando?
  - ...Mãe,eu...
  - Ela te amava tanto.
  - ...E-Eu sei,ela era minha irmã.
  - Sim. Ela era. Porque você a matou,Fernando
  - EU SEI!. Eu gritei.
  - ...
  - Eu sei,mãe,eu sei...Estava irritado com ela,e acabei sem querer falando tudo,aonde ela morava,com quem...E aconteceu isso.
  - Entendi...Você não é mais como era Fernando,mas,uma mãe sempre perdoa a filho
Ela me abraçou forte.
  - Obrigado,mãe.
  - Eu não te perdoei,mas eu te amo filho,querendo ou não. Eu te amo
  - Também te amo,mãe.
  - Você...Já pode ir para a França,você sabe?
  - Não,não sabia,acho que é a melhor opção mãe.
  - Sim. Sim é. Agora se arrume e prometa que vai se cuidar.
  - Prometo.
  - Por que você teve que fazer isso,Fernando?Por que você fez isso?
  - ...
  - Pode ir embora já. Mas,não me mande nem um bilhete. Vai demorar até eu te esquecer,filho.
  - Certo...
  - Te amo
  - Também
Desci as escadas com a minha mala,minha mãe ficou no andar de cima,e meu pai deve ter ido para os fundos da casa
Sai de casa,estava frio,garoando a água batia nas estradas de terra e o vento batia nas árvores fazendo elas se moverem e jogarem folhas por todo o lugar...
Deus...Para onde eu vou agora?

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