Eram 21:50,havia chegado em casa,estava tarde,porém cheguei bem,subi as velhas escadas de madeira,chegando ao meu quarto que estava tomando pela as brisas daquela noite,tirei minhas roupas,esfreguei meus olhos cansados,deitei na cama e fechei os olhos
Ao contrário dos demais dias,dormi rápido,talvez por ser tarde ou porque estava exausto,não sei dizer.
Sonhei com uma garota,tinha o cabelo Longo e liso,ruivos como o fogo,olhos castanhos claros que se misturavam com o olhar feliz daquela garota...Sonhava que ela me abraçava e me contava tudo o que viveu no dia.
Ela tinha um português fechado e complicado,mas era bem entendido a fala dela.
A menina era tão Alegre,após um tempo,ela disse para me contar uma história,eu achei um amor e acabei contando uma das várias que conhecia
Ela ria no decorrer da história final a garotinha me disse:
- Merci!
- De rien. Falei. Já que entendia Francês.
- Salut,ça va?
- ...Je vais...Bien,et toi?
Continuavamos nossa conversa em francês,até que acordei,me arrumei lentamente já que não havia acordado tarde,fui no banheiro lavei meu rosto,tudo bem
Tive um café da manhã mais decente,um pouco mais normal,meu pai,como de costume não olhou para mim,mesmo que disse eu falasse com ele. Sai de casa e fui em direção a delegacia,o dia estava tranquilo,o céu era um azul lindo,com poucas nuvens e um sol refrescante,os bancos de madeira estavam com casais ou senhores que alimentavam os pombos...
Cheguei na delegacia,Leonardo estava no canto esquerdo,fumando. Em minha opinião se não fosse por esse estúpido ato,sua pele não pareceria tão morta,e a sua voz não iria ser tão desgastada.
Mas,ele foi puxar assunto comigo:
- Olá.
- Oi...Leonardo
- Então,Fernando,temos tanta MERDA para fazer hoje.
- Como..?
- Falaram de um protesto anti-Ditadura...
- Mhmm
- Eiiiiiiiiiiiii,Fernando.
- O que.
- É VERDADE?!?!
- O que..?
- VOCÊ É GAY?!
- A-A-AONDE VOCÊ OUVIU ISSO,LEONARDO?!?
- Por aí.
- N-N-NÃO!EU NÃO SOU!
- E EU SOU A LÁ CUCARACHA!
- Eu não sou gay,vamos mudar de assunto.
- Lógico lógico.
- ...
- Então,Fernando...
- O que.
- O que iremos fazer no protesto hoje..?
- Eu...Não sei realmente
- Nós iremos fazer o que é o inimaginável.
- O que seria.
- Você verá.
Leonardo pode parecer alguém feliz,mas eu descobri que é um monstro. Ele não possui piedade e faz de tudo para o que quer.
Felizmente ele não é o único que conheço da delegacia,entretanto é o que eu mais converso.
Aproximadamente as 13:00 era hora do almoço,sai um pouco e fui,passear,e passei pela a casa do Julio,ele estava na janela vendo as pessoas passarem,inclusive eu.
- Oi~
- Júlio!?Olá...Como vai..?
- Vou bem melhor com você,hehe
Tentei me segurar mas,comecei a corar.
- Ob-obrigado.
- ...Tenho,más notícias
- Conte-me.
- Vou me mudar para São Paulo.
- ...O que?
- Sim. Eu vou.
- ...
- DESCULPAS,MAS É UMA QUESTÃO FAMILIAR.
- Entendo.
- Você não quer aproveitar esses momentos?
- Sim
Entrei na casa dele e abracei ele apertado,depois nos beijamos,tinha que voltar às 13:50 e nem tinha almoçado,só comi uma maçã...
Ele me beijava a bochecha e sorria,era realmente um amor,infelizmente iria ser a última vez que iríamos nos ver.
Faltavam dez minutos para 13:50
Então,beijei o pescoço dele e abracei ele bem apertado porque sabia que ia ser a última vez do que podia ser um namoro.
Voltei para a delegacia e não tinha ninguém lá,fui caminhar pelo o centro e lá estavam todos. Mais uma vez um conflito e eu estava desarmado,sem absolutamente nada e logo de cara vi Marina na confusão,ela estava ao lado do namorado e ambos estavam usando pedras contra a polícia.
Peguei no ombro dela e gritei:
- VOCÊ ESTÁ MALUCA?!?!
- FERNANDO ME LARGA!
- POR QUE VOCÊ NUNCA ME ESCUTA?!
- PORQUE QUERO O QUE É CERTO
- VOCÊ ESTÁ PONDO UM GRANDE RISCO AO BEBÊ!NÃO QUERO QUE MEU SOBRINHO MORRA
- NÃO FALE SOBRE ELE!FERNANDO
- NÃO. EU IREI,SAIA DAQUI IMEDIATAMENTE!
- ACHEI QUE VOCÊ TINHA MUDADO. MAS VOCÊ NUNCA MUDA,NADA DO QUE EU FAÇO TE AJUDA. NADA,PORRA NENHUMA,FERNANDO,VOCÊ NÃO TEM AMIGOS,NÃO TEM FAMÍLIA,NÃO TEM UM NAMORADO.
- ...
- NÃO TEM NADA!E EU...ESTOU CANSADA DE TE ATURAR!
- ...
- EU TE ODEIO!Ela falou lacrimejando um pouco.
- ...
- ...
Encarei ela por um tempo,não triste,mas sério,ela está mentindo,eu sei quando ela mente,porém o que ela faz me deixa irritado.
- Marina.
- ...
- Você me irrita muito.
- Não me importa.
- Você sabe o que acabou de falar
- Eu disse Não me importa..?
- Não,você disse que me odiava.
- ...Desculpa
- Não. Não irei. Sabe por que?
- ...Não.
- Porque eu me cansei...
- ...
- PORQUE EU ME CANSEI DE SER O MERDA. DOS MEUS PAIS ME ODIAREM. DE EU LEVAR A CULPA. DE SER FRACO. EU CANSEI!
- ...
- E eu me cansei de você.
- Então,vai embora. Vamos fingir que não somos irmãos
- Certo,Marina
- A partir de hoje você é apenas uma pessoa que conheci.
- Pois bem
Virei de costas e fui embora.
Até umas 15:00 ninguém apareceu,por isso a solidão me chamava,estava irritado,não queria ter falado aquilo,foi estupidez,mas continuava com aquilo na cabeça.
Leonardo e mais alguns caras chegaram,ele estava ferido,mas não gravemente,ele ria e disse
- DA PRÓXIMA VEZ NENHUM DELES VOLTA PRA CASA.
Ele me viu...
- O QUE FOI FERNANDO?
- AGH!MARINA,ELA ESTAVA ENTRE ELES!DE NOVO ELA E O ESTÚPIDO NAMORADO O MARCOS,UGH!
- ...Pode repetir o nome dela..?
- MARINA.
- Ótimo ótimo..Aonde ela mora
- Num sobrado perto do Parque central..
Mas...
- RAPAZES,FERNANDO,HOJE IREMOS FAZER ALGO INÉDITO!VAMOS...FAZER UMA SURPRESA PARA ESSES COMUNISTAS
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Mas Que Nada
Historical FictionEm 1970,um jovem chamado Fernando,é um policial durante o período militar. Sua irmã que é seu completo oposto,é uma comunista forte e completamente contra a ditadura,o contrário dele,mesmo com isso ela é a única companhia que tem. No auge da ditadur...