A luz do sol que entrava no quarto de Arthur fez Carly despertar, uma forte dor de cabeça a atormentava, olhou o lugar ao seu redor e aos poucos conseguiu identificar que estava no quarto de Arthur, pequenos fragmentos de memorias surgiram em sua mente, lembrou da festa, e de beber um pouco, depois disso sua memória ficava mais confusa, surgia como flashes, a única coisa que lembrava depois de beber era que tinha chorado, mas não lembrava o motivo e de ver Arthur no estacionamento.
- Puta merda! – Ela xingou a si mesma, saiu das cobertas e levantou devagar.
Arthur não estava no quarto, olhou o relógio no criado mudo, e este já marcava meio-dia, havia dormido bastante, mas a ressaca insistia em aparecer, abriu a porta do quarto e desceu as escadas, Arthur estava na sala lendo um livro.
- Bom dia! Dormiu bem? – Arthur a cumprimentou assim que a viu aparecer na sala.
- Você quer dizer boa tarde, né? Dormi demais, minha cabeça dói, o que aconteceu?
Carly sentou do lado de Arthur no sofá e leu o título do livro que ele estava lendo, era Anna Karenina.
- Não sabia que gostava do clássicos da literatura – Disse folheando o livro.
- Na verdade, não gosto, esses sempre acabam em tragédias.
- E porque os ler?
- Porque elas refletem a dificuldade da época, e não posso viver sempre em livros com finais felizes, acho que a maioria das vezes, leio sempre tentando imaginar que se Karenina e Vronsky tivessem tido atitudes diferentes em relação ao que sentiam, talvez a tragédia pudesse ter sido evitada – Ele pegou o livro e ficou a olhar para a capa - pode parecer meio bobo, mas as vezes procuro palavras que eles podiam ter evitado dizer um ao outro, é um romance de época, eu sei, muita coisa mudou, os valores da sociedade mudou, mas há pessoas que hoje em dia ainda se parecem com Karenina e Vronsky, talvez em certas atitudes e é isso que eu quero evitar para mim.
- Entendo, e gostei do seu pensamento – Carly disse com um sorriso – É por isso que meu romance de época preferido é orgulho e preconceito, devia ler, as vezes, em alguns aspectos, você me lembra o Sr. Darcy.
Arthur e Carly riram, e por um momento parecia que a dor de cabeça dela havia passado.
- Agora que me conte se eu fiz algum vexame na noite passada – Carly assumiu uma expressão séria ao pedir a Arthur.
- Julia me ajudou, foi melhor do que as outras vezes – Olhar sério de Arthur encarou Carly – Porque bebeu? Você estava tão bem, há muito tempo isso não acontecia.
- Sinto muito, Arthur – Carly se desculpou com um sorriso envergonhado – Acho que ver todo os nossos amigos naquela festa, cada um com suas famílias, maridos e esposas foi estranho para mim, me fez pensar que se Daniel estivesse aqui, eu poderia estar como eles, poderíamos ter dançado juntos, ele teria me dito palavras bonitas, e no final da noite, voltaríamos para casa e daríamos um beijo de boa noite em nosso filho, então, Lindsay apareceu e me entregou um copo de ponche, acho que ela colocou bebida dentro, porque estava com um gosto azedo, mas eu bebi mesmo assim, me desculpe.
- Está tudo bem, ok? – Arthur olhou nos olhos dela com um sorriso solidário e a abraçou – Sabe que sempre vou estar do seu lado, você é minha melhor amiga.
- Obrigada, Arthur!- Eu é que agradeço por ser sempre meu amigo – Carly sorriu agradecida - Vou embora amanhã, tenho que sair de Hoverfield.
- Entendo.
- Afinal, tenho trabalho em Nova York e você também – Com os últimos acontecimentos, Arthur havia esquecido completamente da sua empresa.
- Em breve vou voltar também, mas antes preciso deixar as coisas resolvidas por aqui, mas se você precisar de qualquer coisa e só pedi que eu vou correndo.
- Tenho certeza que virá – Respondeu com uma risada.
Conversaram mais alguns minutos e depois foram a cozinha, onde Arthur serviu o almoço para Carly e ela não parava de elogiar seus dotes culinários.
- Não acredito que você nunca cozinhou para Julia – Carly disse surpresa enquanto o ajudava a lavar a louça – Ela não sabe o que está perdendo.
- Ainda não tive a oportunidade.
- Espero que tudo se resolva entre vocês dois.
- Eu também espero, pelo bem de Oliver.
- E pelo seu – Carly concluiu.
Carly voltou para casa volta das três da tarde, depois de tanto conversarem e tirar as dúvidas um do outro, Arthur torcia para que a amiga encontrasse alguém quem a amasse como merecia e torcia ainda mais que esse dia não estivesse longe.
Depois de um merecido banho, Arthur vestiu o jeans preto e uma camiseta branca, o Calor havia aumentado nos últimos dias, decidiu ir a pé buscar Oliver na escola como havia combinado com Julia, queria ter mais tempo para conversarem e ir a pé lhe garantia isso.
Não demorou muito para que Arthur avistasse Oliver sair sozinho da escola, o garoto estava com uma expressão séria, mas logo o sorriso tomou de conta quando avistou Arthur o esperando, Oliver correu até onde Arthur estava.
- Como vai, campeão? – Arthur abaixou, ficando na altura do filho e afagou seu cabelo.
- Estou bem – O garoto respondeu com um pequeno sorriso – Meu pai me mandou mais alguma coisa?
Oliver o olhou com tanta expectativa que Arthur se controlou para não contar naquela mesma hora que era seu pai.
- Não, mas me pediu para dizer que já está perto o dia que vai conhece-lo – Oliver logo se animou ao ouvir sobre notícias do pai.
- Sabe, as vezes eu fico observando no lado de fora da escola se não tem ninguém suspeito.
- Suspeito? Como assim?
- Algum homem que eu nunca tenha visto, que se pareça um pouco comigo, talvez ele possa ser meu pai.
- E você já encontrou essa pessoa?
- Ainda não – Arthur não pôde deixar de perceber que ficou um pouco triste por seu filho não ter reparado nele, talvez não se pareça tanto com Oliver como pensou.
- Minha mãe disse que você vai me levar para casa hoje.
- Sim – Arthur respondeu e ficou de pé – Gosto da sua companhia, me sinto bem conversando com você.
- Eu também – Arthur pegou a mochila de Oliver e colocou nas costas – Você é muito legal.
- Você gosto do presente do seu pai?
Arthur e Oliver começaram a caminhar devagar a caminho de casa.- Eu adorei – O garoto respondeu com empolgação – Foi o melhor presente que ganhei na minha vida
- Seu pai ficará feliz em saber que você gostou – Arthur disse, sorrindo com a empolgação do garoto.
- Conseguiu ver algumas estrelas?
- Houve uma chuva de meteoros e foi incrível.
- Eu vi também, foi mesmo incrível – Arthur não pode deixar de se sentir satisfeito quando o filho e ele compartilhavam a mesma paixão por estrelas.
- Sabe, você parece muito com seu pai.
- Você acha?
- Claro, não só na aparência, mais também na personalidade.
- Meu pai disse que me amava na carta que você me entregou, você acha que e verdade?
Arthur ficou um pouco surpreso com a pergunta de Oliver e parou no caminho, abaixou-se e ficou do mesmo tamanho do garoto.
- Você dúvida? – Oliver baixou o olhar – Seu pai nunca mentiria para você, ele pensa em você todos os dias, o que ele mais quer e te abraçar, ele tem muito orgulho de você e do homem que você se tornará um dia.
- Então, por que ele não me diz logo onde está?
- Seu pai precisa estar preparado quando te encontrar pela primeira vez, ele nunca fez isso antes, ser pai é uma coisa nova para ele, entende?
- Acho que sim – Disse, demonstrando um pouco de dúvida.
Arthur e Oliver continuaram a caminhar e já se aproximavam da casa de Julia.
- Você acha que meu pai ainda ama minha mãe?
- Com toda certeza que sim – Sorriu ao dizer com convicção.
- Acha que eles podem voltar a ficar juntos?
- Infelizmente, isso não depende dele.
- Entendo – Oliver disse com um suspiro.
- Mas, e Carter? Não gosta dele?
- Ele é legal, sempre me traz coisas que encontra em suas viagens, mamãe sempre parece estar feliz quando está com ele, mas as vezes a noite ela fica na janela olhando o céu com um olhar perdido, como se estivesse em mundo distante, não o que isso tem a ver com meu pai ou Carter, mas as vezes ela parece triste, entende?
- Entendo.
Os dois pararam em frente à casa de Julia.
- Quase ia me esquecendo, seu pai me pediu uma coisa.
- O que? – Oliver logo se animou.
- Ele queria sabe se você poderia trazer aquela foto que você disse que sua mãe tem deles dois juntos.
- Eu posso tentar.
- Ótimo, ele promete te devolver logo.
- Também quero que diga uma coisa ao meu pai – Arthur abaixou-se e ficou na altura de Oliver.
- Pode dizer.
- Diga que eu também o amo.
Oliver acenou e entrou em casa.
O Coração de Arthur batia forte, queria tanto abraçar o filho naquela hora e dizer que o amava mais que tudo, se controlou mais uma vez, não sabia se estava preparado ainda, sentia medo de não ser o pai que Oliver esperava. Julia, que estava parada na porta veio até ele.
- Você está bem ? – Arthur ficou de pé e Julia enxugou a lagrima que descia em seu rosto, um pouco preocupada.
- Ele disse que me amava.
Aquele sorriso no canto da boca que ele tanto amava surgiu no rosto dela e depois ela o abraçou.Gostou do capitulo? Se sim, não esquea de deixar seu voto e comentario, isso ira ajudar sua amiguinha escritora aqui com a divulgação da história, até logo.
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Seu Coração Ainda é Meu
Roman d'amourArthur sempre acreditou que sua vida era a melhor possível, tinha um emprego estável, tinha liberdade, digamos que preocupações era uma palavra distante em sua vida. Mas, tudo muda quando recebe um convite da sua antiga escola, o convidando para um...