Capítulo 19 - É apenas uma dança.

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    Como vai, Oliver? Espero que esteja tudo bem com você. Quando Arthur me disse que você queria alguma coisa de mim, confesso que fiquei bem nervoso, não sabia o que eu poderia te escrever, já escrevi muitas cartas antes, mas nunca para um filho, pensei que podia ser fácil, confesso que fiquei horas sentado olhando para a folha em branco nas minhas mãos, pensando o que te diria, são tantas coisas que eu queria te falar, mas acho que não caberia em única folha, prefiro mil vezes dize-las pessoalmente, não sei ainda quando será esse dia, mas eu só consigo pensar em que vou te abraçar várias vezes, sabe? Recuperar o tempo perdido, eu espero que você não esteja bravo por eu não aparecer antes, a história é mais complicada do que você imagina, um dia você vai entender, eu realmente estive em uma guerra, felizmente, ela acabou, como toda guerra, alguém sempre sai machucado, eu sempre pensei que essa pessoa era eu, mas agora eu vejo que o mais prejudicado nessa guerra e você, meu filho.
    Toda vez que eu penso em você como filho, um sorriso sempre invade meu rosto, mesmo quando estou triste, ouvir seu nome é o que me traz paz, espero encontra-lo logo, quero saber tudo sobre você, conversar bastante, ainda não sei como e ser um pai realmente, ainda estou em processo de aprendizagem, mas espero que você possa me ensinar tudo, quero ser o melhor para você.
    Você pode pensar que pode demorar mais ainda, mas quero que saiba que eu já estou com você, o vejo você todos os dias, acho você bem parecido comigo, principalmente os olhos, não é querendo me gabar, mas você é inteligente como eu quando eu era criança, eu estou esperando o momento certo para poder ir até você, enquanto isso, quero que obedeça sua mãe e seja sempre um bom garoto, você e sua mãe são muito importantes para mim, cuide bem dela.
   Se precisar de alguma coisa é só falar com o Arthur, ele vai me contar, espero receber alguma carta sua, estou curioso para ver sua letra.

Te amo, filho.

   Arthur leu a carta outra vez, certificando-se que tudo estava certo, havia mais coisas que queria ter dito, mas preferia falar pessoalmente, ele guardou a carta no bolso do casaco e segurou o pacote embrulhado embaixo do braço, era outro presente que resolveu levar para Oliver, tinha quase a certeza que ele gostaria.
   Ele ficou esperando Julia deixar Oliver na porta da escola, esperou o momento certo para abordar o garoto, Oliver sorriu ao vê-lo, Arthur conteve o impulso de abraça-lo e apenas sorriu de volta e se aproximou.
- Como vai, Oliver? Não faz muito tempo desde o nosso último encontro – Arthur passou a mão nos cabelos do garoto.
- Porque você não quer que minha mãe te veja? – Oliver o encarou com ar de dúvida.
- Acho que o clima não seria dos melhores – Disse com um longo suspiro – É meio complicado, coisas de adulto.
- Entendo – Oliver disse pensativo.
Arthur se abaixou para ficar do tamanho de Oliver, ele tirou a carta do bolso e mostrou a Oliver, um sorriso apareceu no rosto do garoto ao ver a carta que o pai escrevera.
- Seu pai ficou muito feliz ao saber que você queria conhece-lo – Arthur entregou a carta nas mãos do garoto – Ele não ver a hora de poder te ver pessoalmente.
- Serio? – Oliver perguntou animado com a possibilidade de encontrar o pai.
- Com certeza – Disse com um largo sorriso – E ele te mandou outra coisa.
Arthur pegou o pacote que tinha deixado no chão e entregou a Oliver.
- Meu pai mandou? – Oliver fez menção de abrir o pacote.
- Não abra agora – O olhar do garoto se voltou para Arthur – Seu pai disse que a melhor hora seria a noite.
- Você sabe o que é?
- Claro que sei, mas não posso te dizer, se não estragaria a surpresa, a única coisa que posso dizer é que o que está dentro deste pacote é uma coisa que seu pai gosta muito, ele tem desde de criança, era a principal diversão dele.
- Se ele gosta tanto, porque ele me deu?
- Ele acho que era a hora de dividir a pequena diversão dele com outra pessoa da qual ele ama muito, ele tem certeza que você vai cuidar muito bem dele.
- Sim, eu vou – Oliver abraçou o pacote.
- Acho que é melhor você ir para a aula – Arthur disse ficando de pé.
- O que eu digo para a minha mãe quando ela ver essa caixa?
Arthur pensou por alguns segundos e depois respondeu.
- Diga a ela que foi o Arthur que mandou.
Arthur esperou até que Oliver entrasse na escola e depois foi embora.

   Ele ajeitou mais uma vez a gravata, ficou um tempo a olhar no espelho e não deixou de notar a expressão um pouco cansada, respirou fundo tentando relaxar, não era mais um adolescente ansioso para encontrar a garota dos sonhos no baile da escola, Julia estaria lá, mas isso não devia deixa-lo tão ansioso, ela não estaria esperando por ele, Carter estaria do lado dela.
   As vezes imaginava Daniel rindo atrás dele por estar nervoso por causa do que poderia acontecer em um baile, imaginava que se Daniel estivesse ali, apareceria com seu terno de militar da marinha e se gabaria o quanto as mulheres adoravam um homem de farda, Arthur riu dos próprios pensamentos, mesmo não estando ali, Daniel ainda o fazia rir.
Arthur tinha convidado Carly para acompanha-lo, ao descer as escadas ela já se encontrava na sala conversando com sua mãe.
- Estar muito bonito, querido – Sua mãe comentou ao vê-lo descer as escadas.
- Obrigado, mãe – Disse indo em direção a sua mãe – A senhora também estar.
- Nem estou arrumada – Disse rindo do elogio do filho.
- Para mim a senhora sempre está deslumbrante – Disse beijando o rosto da mãe – Pronta, Carly?
- Com certeza – Ela ficou de pé e juntos saíram.

  Arthur entregou o capacete para Carly, ela fez uma careta e pegou a contragosto.

- Você podia ter vindo de carro – Ela disse colocando o capacete.
- Moto é mais rápido – Carly se acomodou atrás de Arthur e juntos foram ao baile de reencontro.

   A música tocava alta era uma batida suave e ao mesmo tempo animada, Arthur deixou a moto no estacionamento e de braços dados com Carly entraram na sua antiga escola.
  Algumas pessoas de sua antiga sala dançavam na pista de dança com seu marido ou esposa, a decoração era simples, nada muito chamativo para uma festa de adultos, até bebidas alcoólicas estavam sendo servidas, nada de ponche batizado como nos bailes de adolescentes, Arthur sentia saudades daquela época em que sua única preocupação na vida era tirar boas notas na escola, ele olhou para os lados, mas não consegui ver Julia em nenhum lugar, ele e Carly foram até uma mesa mais afastada da pista de dança e sentaram.
- Com certeza esse é o melhor lugar da festa – Arthur comentou.
- Sabe, as vezes você é bem antissocial.
- Não consigo me controlar.
- Estou vendo meu antigo círculo de amigas, acho que vou te deixar sozinho, ao não ser que você goste de escutar Lindsay Dickens falar como suas antigas festas eram mais divertidas.
- Não, pode ir, divirta-se. – Arthur a incentivou, sabia que ficaria mais perdido ainda no meio daquele papo de garotas.
- Tem certeza que ficará bem sozinho? Se quiser podemos dançar daqui a pouco.
- Ficarei bem e fico no aguardo da nossa dança – Carly sorriu para ele.
- Combinado, até mais tarde – Ela foi em direção ao grupo de garotas.

   Arthur pegou um copo de ponche, se sentiu tentado a pegar o whisky, mas resistiu ao impulso de beber, tinha medo de exagerar, avistou Kevin de longe e este acenou para ele e veio em sua direção.
- Seu rosto ainda dói? - Perguntou ao notar a pequena mancha roxa um pouco abaixo do olho.
- Um pouco, eu deveria ter te deixado com uma igual também – Arthur riu do comentário dele.
- Julia já chegou, sabia? – Kevin tomou um gole do ponche que segurava.
- E porque está me dizendo isso? – Arthur resistiu ao impulso de procura-la pelo salão.
- Sei lá, pensei que se interessaria, afinal, ela não está acompanhada.
- Às vezes você consegue ser bem estranho – Arthur terminou seu ponche.
- Já me disseram isso muitas vezes, a gente se vê – Kevin deixou Arthur sozinho.
  Arthur usou a desculpa de ir pegar mais ponche para poder avistar Julia, felizmente ele logo a encontrou, usava um vestido branco, curto, acima do joelho, com uma leve camada transparente e uma faixa entrelaçada na cintura e decote v, estava com Carly e as outras garotas, Carly acenou para ele, e todas as garotas seguiram seu olhar, inclusive Julia.
- Quem é o seu amigo, Carly? – Lindsay Dickens perguntou.
- Lembra do Arthur? Nosso orador da turma?
- Claro, ele está bem sexy – Arthur percebeu que Lindsay continuava a mesma – Ele não é o seu ex-namorado, Julia?
Arthur tentou fingir que não estava ouvindo a conversa.
- Sim, isso foi a muito tempo. – Julia respondeu um pouco desconfortável.
- Deveria ter investido nele, soube que é empresário hoje em dia e ainda é bonito – Lindsay deu um gole no whisky que segurava – Carly, você é sócia na empresa dele, né?
- Sim e também acho que você já bebeu demais, Lindsay – Carly tentou mudar o assunto ao perceber o desconforto de Julia.
- Tem razão, depois dos meus dois divórcios e só o que eu faço – Disse entre risos – Estou precisando de um homem de verdade, bem que você poderia me apresentar o seu amigo, Carly.
Arthur deixou o ponche para lá e foi até o grupo de garotas, Julia tentou não encara-lo enquanto ele vinha na direção dela.
- Boa noite, garotas – Lindsay abriu um largo sorriso.
- Boa noite – Lindsay respondeu um pouco mais animada do que as outras, que por sua vez ainda agiam como adolescentes.
- Sinto incomoda-las, mas vim roubar uma de vocês para uma dança – Arthur estendeu a mão para Julia, ela por sua vez parecia surpresa com a atitude dele.
- Anda, Julia. Afinal, é só uma dança – Carly a encorajou.
- Claro, é só uma dança – Julia repetiu e a mão dela tocou na dele.


Espero que tenham gosta, deixem seu voto e comentario, isso ajudará sua amiguinha escritora aqui

 

o que será que tinha no pacote que o Arthur entregou para o Oliver?  

Seu Coração Ainda é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora