Capítulo 10 - Lembranças que deixarei para trás

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   Os dias pareciam não passar para Arthur e Julia, tudo parecia novo para ambos, cada encontro, cada beijo e até o olhar de cada era como se estivessem vivenciando aquele sentimento pela primeira vez.
   Às vezes passavam horas conversando ou simplesmente ficava em silencio a observando para depois o lápis que estava em seus dedos pousar na folha em que a estava desenhando, prestando atenção em cada detalhe de sua face. Havia dias em que passavam horas na cama, as vezes se amando e outras, apenas dormindo abraçados.
    Mesmo ela parecendo feliz, ele sentia que alguma coisa a incomodava, tinha dias que parecia distante, como se estivesse em outro planeta, as vezes percebia que seus olhos estavam vermelhos por ter chorado, mas quando ele perguntava, ela mudava de assunto, estava preocupado, talvez tivesse haver com Kevin, mas alguma coisa lhe dizia que era outra coisa.
Kevin parecia ter parado de insistir, de vez em quando eles se cruzavam no corredor da escola, Kevin sempre o encarava com ódio, mas nunca o incomodava, Arthur não tinha certeza, mas ele sentia que Kevin não havia desistido tão fácil.
   No final da aula, Arthur abriu sua mochila para guardar alguns livros, quando avistou no fundo a carta que Daniel escreveu para Carly, era a que faltava entregar. Ele havia passado esse último mês tentando entrega-la, mas Carly parecia ignora-lo, o evitava na escola ou quando ele ia na casa dela, ela nunca estava em casa ou sua mãe sempre muito gentil, dizia que ela estava um pouco indisposta, ele sabia que era difícil para ela, mas ele precisava ajuda-la, pelo menos a carta podia lhe trazer um pouco de conforto. Ele a viu caminhar a passos largos no corredor, então ele apressou o passo para acompanha-la.
- Carly – Chamou ou se aproximar, ela parou e virou-se para ele.
- Oi, Arthur – Disse com um sorriso forçado.
- Como vai?
- Tentando seguir a vida – Disse um pouco desanimada.
- Eu estava pensando, se a gente poderia conversar em particular, você tem me evitado a semanas, sou seu amigo, estou preocupado com você.
Ela o olhava com uma expressão um pouco culpada.
- Desculpa, Arthur – Ela parecia ainda um pouco triste – Mas, que tal a gente tomar um suco no fênix?
- Pode ser agora?
- Claro – Ela deu um sorriso, o primeiro depois de semanas.
   Arthur acompanhou Carly até o fênix, sentaram em uma mesa no final do estabelecimento e pediram ambos um suco de morango.
- Como você está? – Ela perguntou enquanto bebia um pouco do suco.
- Cheio de trabalhos da escola para fazer – Ela deu uma risada.
- Eu também – Ela observava o suco, como se estivesse pensando se bebia mais um pouco ou não – Desculpa, por sumir. Acho que eu pensei que talvez precisasse de um tempo isolada, no começo, tudo que eu via, o Daniel estava lá. Quando estava na escola, as vezes eu imaginava que eu ia encontra-lo me esperando para ir para casa juntos, era difícil até ficar em casa, eu imaginava que escutaria a buzina do carro dele quando ia me buscar para a gente sair, depois de um tempo eu pensei que tinha superado pelo menos uma parte da dor, mas quando eu cheguei na escola e vi todos aqueles rostos, os amigos dele, parecia que nada tinha acontecido, que eu ia vê-lo passar por aquele corredor.
  Uma lágrima descia discretamente pelo rosto dela, Arthur sentiu uma vontade de abraça-la.
- Foi difícil para todos, Carly – Ela segurou a mão dela que estava em cima da mesa – Mas, por favor, não esqueça que você tem amigos, sempre vou estar do seu lado.
- Obrigado, Arthur – Disse enquanto enxugava a lagrima que descia.
   Arthur puxou a carta do bolso do casaco e entregou na mão dela.
- Passei essas últimas semanas tentando te entregar – Ela observou a carta em sua mão por alguns segundos até segura-la firmemente.
- É dele?
- Sim, ele tinha me pedido para entregar.
  Ela olhou atentamente para a letra dele gravada no envelope.
- Você se importaria se eu fosse para casa?
- Claro que não, quer que eu te acompanhe? – Seu olhar um pouco triste ainda olhava a carta.
- Não precisa, vou sozinha – Ela levantou-se e saiu.
   Arthur não sabia o que estava escrito em cada uma das cartas, só havia lido a sua, mas no fundo ele esperava que trouxesse um pouco de conforto para cada um que recebeu. 

Seu Coração Ainda é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora