Um Amor para Curar...

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          No dia seguinte sai mais cedo para encontrar a Dinha. Queria saber como ela estava e o que realmente aconteceu. Ela me pareceu muito bem, estava disposta como sempre e não quis falar sobre o dia anterior. Tentei abordar o assunto varias vezes e ela desconversou em todas elas. Fomos para o trabalho normalmente e passamos o dia atoladas em cálculos como de costume. Mesmo com minha amiga agindo do seu modo habitual notei que algo estava diferente nela, só não sabia o que. De uma coisa eu tinha certeza, ela estava estranha e o motivo estava no domingo anterior.

À noite Miguel estava nos esperando como sempre. Me recepcionou com um beijo apaixonado daqueles que derretem as calotas polares e abriu a porta pra mim. Depois, abriu a porta para Dinha e foi ocupar seu lugar. Fomos embora conversando sobre trabalho, transito, tempo. A Dinha participava da conversa sem muito entusiasmo.

Chegando em nosso bairro nos deparamos com uma obra enorme na avenida principal. O caminho agora seria inverso. Ao invés de deixarmos a Dinha e seguirmos para minha casa, teríamos que dar a volta em quase todo o bairro e passar primeiro pela minha casa em sentido contrário, voltando pela casa dela. Como a via era de mão dupla Miguel resolveu passar direto da minha casa e ir deixa-la em casa para depois voltarmos. Ela relutou, insistiu pra que ficássemos em minha casa que ela iria embora a pé. Contudo, ele a lembrou de sua indisposição do dia anterior e fomos até a casa dela, mesmo contra sua vontade.

Ela se despediu de nós e entrou rapidamente. Achei aquela atitude no mínimo estranha. Não comentei nada, resolvi colocar meu modo observadora em ação. Fomos pra casa, jantamos, pois eu já havia deixado o jantar pronto pela manhã, e namoramos bastante. Miguel quis saber como eu tinha feito um jantar tão rápido. Respondi que havia deixado pronto pela manhã e que iria fazer assim todos os dias, porque se fosse seguir as vontades dele estaria com o dobro do meu peso em pouco tempo, não dava pra jantar pizza toda noite. Ele riu alto e me abraçou dizendo que meu corpo estava ótimo e que o deixava muito satisfeito. Senti meu rosto queimar e sei que minhas bochechas ficaram vermelhas igual a tomates maduros. Ele foi embora e senti o vazio da sua ausência mais uma vez. Ficar longe dele não era nada fácil.

Durante a semana fizemos sempre o mesmo percurso. Na quinta feira Miguel falou que não poderia ficar na minha casa, que iria apenas nos levar e voltaria por que tinha que terminar de elaborar um teste para o dia seguinte. Ele me deixou em casa, nos beijamos e nos despedimos. Depois ele seguiu para deixar a Dinha e ir embora. Tomei banho, jantei e resolvi trabalhar um pouco nas minhas atividades extras de consultoria particular. Trabalhei até as onze, terminei tudo o que estava pendente e fui dormir.

No dia seguinte levantei cedo, mais que de costume, pois tive uma sensação estranha. Fiz minhas atividades de rotina, que agora acrescentara mais um item, preparar o jantar para mim e Miguel. Me arrumei e sai para o trabalho. A Dinha estava me esperando mais parecia aflita com alguma coisa. Tentei arrancar dela o que estava acontecendo mais ela não me disse. Fechou-se em copas e passou o dia todo me evitando. Nós sabíamos quase tudo uma da outra, bem eu sabia mais dela do que ela de mim. A única coisa que omiti da minha amiga foi as desventuras do meu passado. Ela conhecia a minha família como eu conhecia a dela. Frequentávamos uma os eventos da família da outra, como aniversários, casamentos, batizados, enfim, éramos muito amigas. Conversamos sobre tudo desde banalidades até sexo (quando se tratava dela), casamento e filhos.

Naquela noite quando saímos do prédio fui ao encontro de Miguel como sempre fazia. A Dinha me acompanhou a distancia. O cumprimentei com um beijo e quando nos soltamos ele falou.

- Edna ou fala você ou falo eu. Acho melhor que você fale, pois como você mesma frisou a Antônia é sua melhor amiga. - Percebi o tom de desdém na voz dele.