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          Ao chegarmos Miguel queria ir embora a qualquer custo, não permiti e insisti pra que passasse o final de semana comigo. Ele me disse que não seria uma boa companhia por que estava muito mal com tudo aquilo. Eu mesma estava péssima, porém, não podia permitir que ele se isolasse e sofresse sozinho.

- meu amor, precisamos pensar de forma prática nessa situação. Você tem certeza absoluta que nunca transou com aquela mulher? Certo! – ele apenas meneou a cabeça e eu continuei. – precisamos descobrir de quantos meses ela está e assim que der fazer o DNA. Já vi muitos casos e não necessariamente você precisa esperar o bebê nascer.

- Como faremos isso meu bem? – indagou ele ainda atordoado.

- Liga pra sua mãe e pergunta. Com certeza ela disse pra seus pais.

- Tudo bem vou ligar.

- Enquanto você liga vou fazer uns sanduiches pra nós. – dei-lhe um beijo e fui pra cozinha. Sabia que seria uma conversa difícil.

Quando já havia preparado os sanduiches e suco Miguel chegou na cozinha e me abraçou forte, ele não conseguia mas se conter e se entregou ao choro abraçado a mim. Por muitos minutos eu apenas o abracei o mais forte que pude, dei a ele o colo que precisava para chorar e permitir que as lágrimas lhe lavassem o vendaval de emoções. Quando seus soluços começaram a diminuir e sua respiração a se controlar, comecei a acalentá-lo.

- Miguel meu amor. Eu sei o quanto você está sofrendo com tudo, principalmente com a falta de apoio dos seus pais. Você precisa entender o lado deles. – Miguel me olhou como se eu tivesse duas cabeças.

- como entender o lado deles? Que lado deles? O lado de pais que não confiam no único filho que tem?

- não seja sarcástico com a situação. Seus pais tem um lado que precisa ser entendido sim. Eles são pessoas integras, de bem e honestas ao extremo. Jamais pais assim, que criaram um filho pra ser um perfeito cavalheiro, permitiriam que esse filho faltasse com suas responsabilidades e obrigações morais, principalmente, em uma situação como essa que envolve um possível filho. Pensa um pouco neles dessa forma, eles também estão sofrendo.

- olhando por esse lado você tem razão. Meus pais me criaram pra ser um homem perfeito e perfeito apenas para uma mulher...

- então meu bem, releva o que eles fizeram. Nesse caso as circunstancias estão falando mais alto.

- tudo bem, vou tentar não ficar tão decepcionado.

- E sua conversa com sua mãe como foi?

- foi bem! Ela falou que a Edna disse estar de quatro meses, que ela confirmou tudo o que te fez, e, que continua afirmando categoricamente que o filho é meu.

- se ela está de quatro meses, você pode pedir o DNA o mais rápido que imagina. A primeira coisa a fazer é contatar um advogado, explicar toda a situação e pedir que ele entre com um pedido judicial para o exame. Conhecendo aquela mulher como conhecemos, ela só consentirá o exame sob judicie.

Miguel pensou um pouco, tudo era muito difícil para nós dois, por fim resolveu que faríamos dessa forma que sugeri.

- eu tenho um amigo advogado, que estudou comigo e com a Edna no colegial, vou ligar pra ele agora mesmo.

- Liga sim, vou terminar nossa comida.

Ele foi pra sala e eu terminei nossa comida e arrumei a mesa pra nós. Menos de cinco minutos depois voltou com uma cara mais animada.

- Amor, meu amigo João vai me ajudar. Ele falou que já vai iniciar o processo e que segunda feira providencia a autorização judicial para o exame. Porém tem um problema, o juiz só vai autorizar o exame pra depois que ela tiver com vinte semanas. Ele falou que vai pedir também uma autorização pra exame de ultrassonografia que é pra confirmar primeiro a gravidez.

- Que bom amor, vamos saber a verdade mais cedo do que esperávamos. – falei entusiasmada e o abracei.

Comemos um pouco mais animados conversando sobre outras coisas, deixamos o assunto um pouco de lado e relaxamos com a possibilidade de uma solução próxima. Miguel me contou que o advogado amigo dele se chama João Felipe Tellys e que se conheceram ainda no ensino fundamental, cursaram o fundamental e o ensino médio juntos. Separaram os estudos apenas na faculdade porque João escolheu direito e ele letras, mesmo seguindo carreiras diferentes a amizade nunca se abalou e eles são amigos até hoje. Infelizmente não se veem muito por causa da correria do dia a dia, mesmo assim se falam toda semana por telefone ou por mensagens.

Estranhei ele nunca ter me falado desse amigo ao que ele justificou nunca ter surgido assuntos judiciais que reportassem a figura de João ao contexto. Mesmo assim questionei.

- Miguel você nunca me falou desse amigo. Vamos completar um ano de namoro e você jamais o mencionou, mesmo ele sendo tão importante como você descreve.

- É que não surgiram assuntos que envolvessem o João no contexto. Não se preocupe vou apresenta-la a ele no domingo pela manhã. Iremos ao apartamento dele pra que eu assine uns papeis dando permissão a ele pra me representar.

- que bom amor, vou conhecer ao menos um amigo seu.

- o único. – falou ele cabisbaixo. – João é o único amigo que tive na vida. Ele e Edna.

- não fique triste meu bem. Um amigo verdadeiro vale mais que mil amigos de momentos.

Acabamos a refeição e depois de arrumarmos tudo resolvemos ir deitar. Ainda era cedo, mas como estávamos muito cansados da viagem longa de ida e volta precisávamos de descanso. Tomei banho primeiro e Miguel foi logo em seguida. Deitamos e ele me puxou de conchinha para seus braços. Em poucos minutos adormeci e me deixei levar por sonhos assombrados por mulheres grávidas, bebês e Miguel me deixando em todos eles.       

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