"Ela teve... um acidente." respondi pausadamente ainda surpreendido pela sua reação.
"Oh não!" ela parou o carro e as lágrimas vieram-lhe aos olhos.
"Hey tem calma, ela... tem de ficar bem! Mas porque estás tão alterada? Tu conhecias a Alexandra?" não me podia demorar mas estava bastante confuso em relação ao que se estava a passar, e de mistérios estou eu cheio!
Após respirar fundo umas três vezes e limpar os olhos cobertos de lágrimas que lhe desfizeram ligeiramente a maquiagem, ela finalmente respondeu: "Eu sei que já passaram muitos anos, e não me admira que te tenhas esquecido, mas o meu nome é Maria, fui eu que vos apresentei."
Ela falou entre soluços, numa voz fraca, quase sussurrando como se sentisse culpada disso. Esta nova informação chocou-me ligeiramente, mas a minha ansiedade para saber como a Alexandra estava era superior.
"Desculpa se não te reconheci mas agora não tenho... temos" corrigi-me. " tempo para conversas, por favor vamos para o hospital!"
"Sim tens razão, desculpa."
Seguimos diretos para o hospital e mal ela estacionou, corremos para a entrada principal do grande edifício. Com a ajuda dela, apresentei-me na receção e rapidamente fomos mandados para uma sala de espera isolada. Esta estava vazia, cheia de quadros limitados por molduras antigas e paredes num tom amarelo esbatido.
Os bancos em fileiras eram azuis e almofadados, pensei em sentar-me num deles mas a ansiedade era tal que não conseguia estar quieto. Em vez disso, andei de um lado para o outro, puxando o meu cabelo para trás várias vezes, ao mesmo tempo que suspirava e olhava para o relógio.
A Maria sentou-se num dos bancos, abanando a perna direita freneticamente, roendo as unhas enquanto fixava o seu olhar na parede com um ar pensativo.
Já tinham passado 10 minutos e ainda ninguém nos tinha dito nada.
"Ela vai ficar bem." disse numa tentativa de reconfortar a Maria mas ao mesmo tempo a mim também.
Eu sei que já a tinha perdido à muito tempo, mas o meu filho não podia ficar sem mãe, e de certa forma, ela nunca deixou de ser parte da minha vida. Nunca amei ou amarei uma mulher como amei a Alexandra.
Se há razões para estarmos separados é a minha ignorância por não ver o anjo que Deus me deu de livre vontade caído do céu. Era demasiado parvo para achar que precisava de mais. Eu não sou capaz de cuidar sozinho do Cody ou mesmo de mim sem ela.
Afinal ela é o meu pilar, se ela caísse eu não me aguentaria mais. No fundo sempre senti que poderíamos dar volta aos nossos problemas. No entanto, agora, só quero garantir que ela está bem.
Para interromper os meus pensamentos, um homem de pele morena vestido de bata branca entrou na sala de espera. A Maria levantou-se imediatamente com a sua presença e eu aproximei-me dele.
A sua expressão era difícil de decifrar. Diria que tinha uns 40 anos mas a máscara em frente à sua cara não me permitia ter a certeza.
"Suponho que estejam aqui a acompanhar a Miss. Ferreira" É nestas alturas que desejava que existissem legendas na vida real. Olhei para Maria confuso e ela rapidamente traduziu.
"Sim, por favor, dê-nos alguma informação!" suplicou a Maria.
"É o seguinte: ela sofreu um grave acidente que lhe provocou graves lesões tanto externas como internas, ela já foi operada mas para evitar as dores teve de ser posta em coma induzida. Está num estado bastante critico mas de momento estabilizada, Tudo dependerá das próximas horas" após a sua longa explicação, retirou-se deixando-nos de novo sozinhos.
Percebi pela expressão de Maria que não era boa coisa.
"O quê? O que disse ele?"
À medida que ela me explicava, várias emoções invadiam o meu corpo. Desde dor, raiva, ansiedade e culpa.
"Mas não podemos vê-la?" Perguntei atrapalhadamente.
"Não sei... ele não disse, e parecia ter pressa. Mas vou tentar encontrar uma enfermeira, espera aqui um pouco." Com isto, saiu rapidamente da sala deixando sozinho com as minhas inúmeras questões.
Para evitar partir qualquer jarra em forma de expelir a minha raiva, decidi ligar à minha irmã para saber como estava a correr as coisas com o seu sobrinho.
Não era a primeira vez que ela ficava com ele mas normalmente a Alexandra estava em casa para a judar.
Ela estava passada comigo por não lhe ter ligado antes, e por ter sido tão imulsivo. Deu-me um longo sermão que até me ajudou a passar o tempo, no entanto não ouvi metade das suas palavras estridentes. Em seguida perguntou-me como ela estava e a isso nem eu sabia responder. Por fim disse-lhe que lhe ligaria mal soubesse mais sobre a sua situação.
Poucos segundos após desligar a Maria entrou novamente na sala fazendo-me sinal para a seguir. Assim o fiz e percorri os longos corredores seguindo-a sem hesitar.
Por fim ela parou em frente ao quarto com uma tabeleta com o número "255" ao seu lado.
"Só podemos ir um de cada vez, podes ir, eu fico aqui à espera."
Agradeci-lhe e entrei ainda que a medo no quarto de hospital. Um arrepio percorreu o meu corpo quando entrei por completo lá dentro. Dois passos chegaram para ter visão total do vulto deitado sobre a cama alta e branca da disvisão.
Hematomas escondiam o seu rosto pálido e suave, ligaduras enrrolavam toda a sua cabeça, braços e provavelmente pernas. Um som irritante soava no quarto, e era esse som que neste momento me garantia que ela estava viva.
Aproximei-me lentamente da cama onde ela se encontrava para me certificar que não estava no quarto errado, pois era difícil de acreditar que isto tinha acontecido à rapariga com quem partilhei a minha vida durantes estes anos todos.
Olhei bem para ela e sem conseguir evitar as lágrimas surgiram nos meus olhos. Serrei os pulsos tentando aguentá-las ao máximo mas sem sucesso. Escorreu uma atrás de uma e pouco depois estava a soluçar.
Não conseguia perceber como isto lhe tinha acontecido. Queria dar-lhe a mão mas toda ela estava ligada a fios que pareciam não ter fim.
Eu queria berrar, gritar, chorar, trocar de lugar com ela se fosse preciso, mas nada a faria mudar agora. Olhei atentamente para ela mais uma vez, na esperança de ver uma pequena reação ao meu toque na única parte da sua cara que estava negra.
Em vez disso, o seu rosto era frio e não mostrou qualquer movimentação, decidi dar liberdade à Maria de entrar na sala para a ver. Antes de a chamar, limitei-me a despedir-me com um sincero e sofrido "Amo-te".
Estava cá fora, em frente ao quarto, encostado à parede, enquanto a Maria estava lá. A imagem do seu corpo distorcido não saía da minha mente. Tinha saudades daqueles olhos verdes a puxar para o azul que me punham louco e feliz só de olhar para eles.
Estava profundamente perdido em recordações quando a Maria saiu aos berros do quarto 255 a chamar por ajuda.
"Socorro! Ela está a ter um ataque! Por favor alguém!" Ela gritou desesperada.
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ORA... VOCÊS VÃO-ME MATAR MAS PROMETO TORNAR-ME MAIS ATIVA E PEÇO QUE NÃO DEIXEM DE LER PORQUE EU ADORO ESCREVER SÓ QUE INFELIZMENTE NUNCA TENHO MUITO TEMPO.
PEÇO-VOS QUE VOTEM CASO GOSTEM E AGRADEÇO SE ESTIVEREM A SEGUIR A HISTORIA DESDE O INÍCIO.
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