6º Capítulo

118 6 0
                                    

"Deixo então todos os meus bens (fora as exceções indicadas em baixo)  ao meu filho, Cody Ferreira Styles, herdeiro legítimo das minhas posses. O gestor dos bens materias e do dinheiro das contas será o pai de Cody, que não poderá exercer transferências sem a autorização do tribunal primeiro.

No entanto, é de minha vontade que seja entregue ao meu marido, Harry Edward Styles, o meu diário que sempre me acompanhou desde os meus 18 anos.

À minha irmã mais nova, Marta Ferreira, deixo o meu carro e o meu apartamento situado no centro do Porto;

Aos meus pais deixo todos os albúns de fotos que guardei no meu apartamento residencial ;

Por fim, à minha amiga chegada, Maria Soares, deixo o meu colar de ouro puro, com um valor total de $1550, que recebi no dia de graduação na sua presença."

"Alguma dúvida em relação à divisão dos bens da menina Alexandra Ferreira?" 

"Não" suspirámos em coro.

"Nesse caso, dou como terminada a divisão dos bens de Alexandra Ferreira."

Lentamente a sala foi ficando vazia, restando só eu e um homem que arrumava os papéis na sua pasta castanha.

"Precisa de mais alguma coisa senhor Styles?" ele perguntou.

"Não... Eu vou já sair."

"Tenha um bom dia." despediu-se.

Um bom dia... já não sei o que é isso há muito tempo. Já nem distingo um dia de chuva dum dia de sol. Não sinto qualquer emoção além da dor desde aquele dia... Passaram uns 5 dias e tudo continua muito turvo, nada parece real. Nada parece ter realmente acontecido desde então.

Teoricamente já tinha ocorrido o funeral, mas na prática eu ainda não tinha aceitado que ela se foi. O meu coração ainda bate forte de cada vez que uma memória surge. E por meros segundos sinto alguma alegria por parecer real aquele momento, no entanto, pouco depois caio numa mágoa ainda maior pois apercebo-me da verdadeira realidade.

Se há coisa mais difícil do que perder a mulher que amamos, é ver o nosso filho perder a mãe. Ele tinha tantas perguntas, e eu não sabia como responder à maioria.

Afinal não há propriamente um manual de como dizer a uma criança que a mamã não vai voltar. Ele tem sido forte, mais forte do que eu, e mais forte do que esperado duma criança tão pequena. Suponho que seja porque ele não tem noção do que se passou. 

Achei melhor levá-lo ao funeral, pois sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria compreender, e sentiria-me culpado de um dia ele pensar em mim como aquele que o proibiu de ir prestar homenagem à mãe.

Enquanto relacionava acontecimentos, estava ainda sentado naquela mesa de madeira antiga e rugosa. Dobrava ligeiramente as pontas do livro que me foi entregue, com cuidado para não o danificar. 

Um diário? Porque raio me deixou ela um diário? Algo dentro de mim dizia que aquele caderno rosa e azul seria a razão para as minhas novas lágrimas. Por outro lado, a tentação e curiosidade de ler o seu conteúdo era mais forte. 

Que tinha eu a perder? Já perdi tudo.

De qualquer forma este não é o melhor sítio para iniciar a minha leirtura profunda. Está na hora de voltar para a nossa casa. Por vezes ainda sinto a sua presença naquela casa, e já pensei seriamente em mudar de residência. Mas ainda não me sinto pronto para seguir em frente, logo mais uns tempos não me farão mal.

Durante a curta viagem de volta a casa  inalei o cheiro do meu carro. Um certo perfume doce pairava ainda no ar e eu sabia a quem pertencia. Por vezes considerava-o enjoativo mas neste momento tornara-se no meu cheiro preferido.

Como é possível que ela tenha mesmo partido e não vá voltar? Não compreendo! O meu cérebro ainda não chegou lá, nem chegará se eu não me esforçar para tal acontecer. Eu próprio criara uma barreira entre o que quero ouvir e a realidade. 

Parei em frente da minha garagem e observei a metade vazia, dantes ocupada por um carro ao qual eu estava quase proibido de tocar. Não tinha um único risco na pintura perfeita preta e brilhante. Estava perfeito e duvido que o volte a ver. Podia então fazer uma analogia com a situação.

O carro era a Alexandra, perfeita, no entanto não a voltaria a ver. E  a garagem é  a minha vida, que acabou de ficar meia fazia.

Peguei nas chaves e no tão misterioso caderno que roía o meu interior, ansioso para saber o que estava contido nele.

Cumprimentei a Rose (ama de Cody) e segui direto para o meu quarto, sabendo que Cody estava a fazer a sesta. Recordei então a última vez que discuti com ele, foi naquele dia, fui tão mau para o meu filho, enquanto a maior das desgraças e a razão dos meus pesadelos acontecia.

Afastei os meus pensamentos para longe visto que já tinha a mente sobrecarregada de dores e recordações dolorosas.

Sentei-me na cama, tentando estar o mais fisicamente confortável possível. Assim que abri o diário, fixei-me nas folhas bejes e na caligrafia muito bem desenhada. Estava tudo ali, era hora de começar!

"Propriedade de: Alexandra Fereira

Nota pessoal: Se estás a ler isto ou és muito importante para mim ou és um ladrão desgraçado sem mais nada que fazer..."

Sorri ligeiramente, impressionante o efeito que simples palavras, só por saber que são dela, têm sobre mim.

"Querido diário...

Hoje faço 18 anos e a minha irmã decidiu oferecer-me este diário. A princípio olhei para ele de lado pois não o comparava ao meu lindo e novo carro ,mas senti uma certa tentação de expor os meus sentimentos em algum lugar, e esta é a tua função portanto...

Em breve acabam as aulas e claro isso só significa uma coisa: VIAGEM DE FIM DE ANO! O melhor é mesmo o destino! LONDRES *-* é que não posso mesmo esperar por pôr os meus pezinhos enormes no chão de Londres.

Sorrio só de ouvir o nome desta cidade maravilhosa. Com certeza nunca irei esquecer esta experiência. Para tudo ser perfeito faltava o meu xuxu estar lá..."

Alto e pára o baile! Nesta altura ela não me conhecia, então como... ela teve um namorado mesmo antes de me conhecer? Mas que... porque parou de escrever logo agora? 

Virei a página desajeitadamente, ansioso por saber mais, pelos vistos ia descobrir muito mais do que esperava...

_____________________________________________

HELLO :)

ENTÃO TALVEZ JÁ TENHAM PERCEBIDO O PORQUÊ DO NOME DA HISTÓRIA. ESTAVA ANSIOSA POR CHEGAR AQUI E MAL POSSO ESPERAR POR CONTINUAR!!!

OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS E VOTOS <3 É MUITO IMPORTANTE PARA MIM QUE GOSTEM :)

Dear Diary...Onde histórias criam vida. Descubra agora