8º Capítulo

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Quando a neblina desapareceu consegui ver claramente o que estava à minha volta. Estou... num hospital? Então faz sentido, primeiro assisti a um acidente e agora devo estar no hospital. Se calhar desmaiei e trouxeram-me para aqui. Sentia-me bastante livre, no entanto estava com dificuldade em me levantar.

Com algum esforço saí daquela cama e uma luz muito intensa surgiu a certa de 2 metros de mim. Esta luz era tão linda, atrativa e perfeita. Definitivamente não é deste mundo. 

Estava deslumbrada a olhar para aquela maravilha surreal quando uma sombra se aproximou da luz. Devido à intensidade desta, não consegui reconhecer logo a pessoa que se aproximava. Cerrei os olhos e então percebi que era um homem.

Um homem nem muito alto nem baixo, todo vestido de branco que fazia contraste com a sua pele morena e cabelo negro. Estava arranjado na perfeição e trazia um sorriso ligeiro na cara.

"Alexandra..." imediatamente reconheci a sua voz.

"Pai?" estava completamente perplexa, nenhum músculo do meu corpo se mexia, o único movimento aparente eram os meus olhos que o percorriam de cima a baixo.

"Lamento o que aconteceu, és tão nova... mas prometo que vais adorar isto aqui." a sua voz era angelical, distante mas perfeitamente audível.

"Que queres dizer? E como estás aqui? Que aconteceu?"

"Compreendo que tenhas muitas perguntas, mas acredita, as respostas estão aqui."

"Não percebo... que aconteceu? Como estás aqui, pensei que tinhas..."

Os seus olhos dirigiram-se para o lado, diretamente para a cama onde me encontrava ainda agora. Num impulso em busca de respostas, segui o seu olhar. 

O que vi? Bem... eu vi-me! Não como num espelho, eu vi-me, deitada, imóvel numa cama de hospital. Ligada a milhares de fios e a máquinas. Vi ao meu lado Harry, ele olhava para "mim" naquela cama e chorava lágrimas intermináveis.

Ele olhava-me e agarrava a minha mão repetindo milhões de vezes que ia ficar tudo bem. Eu estava submersa em questões. Então o Harry levantou-se, chamei-o ainda confusa mas ele não me pareceu ouvir. Então a coisa mais estranha de sempre aconteceu: O seu alto, forte e atraente corpo musculado passou através de mim.

Não sei bem explicar mas eu senti-me vazia, ele passou através de mim, não o pude sentir! Um passo após este acontecimento ele parou. Uma esperança miudinha percorreu o meu corpo, ou que restava dele...

Mas ele limitou-se a mexer na cabeça e a estremer como se sentisse um arrepio.Tornei a minha atenção para o meu pai que me olhava com pena, ele sabe mais do que eu.

"Pai preciso que me expliques o que me aconteceu!"

"Filha, chegou a tua hora..."

"Queres dizer... que estou morta?" Se pudesse chorar, chorava mas a minha capacidade demonstrar sentimentos esgotou-se no momento que saí daquele corpo.

"Ainda não... Estás em coma, mas não haverá muito mais a fazer, quero evitar que sofras, vem agora e ficarás em paz profunda e eterna."

"O quê? Não! Eu não posso deixá-los. O meu lugar é aqui."

"Quando estiveres pronta, eu virei buscar-te!" Num flash a luZ desapareceu, e dito isto fui novamente deixada sozinha.

Olhei novamente para aquela cama e estava ao meu lado... uma mulher? Cabelo longo, esticado e dourado. De costas era impossível reconhecê-la, não era de certeza enfermeira ou médica porque não estava vestida como tal. Além disso parecia estar a chorar quase tanto quanto o Harry.

Então pensei em mover-me para o lado oposto da cama, para lhe conseguir ver a cara. Num movimento brusco fui levada mesmo para onde queria, e uma corrente de ar fez-se passar naquele quarto.

Ela não ligou visto que a janela estava aberta. O vento criado fez os seus cabelos esvoaçar, revelando claramente a sua face.

Esta era morena, bastante hidratada e brilhante. Tinha grandes e fofas bochechas que estavam manchadas com rímel devido às lagrimas que libertara.

Eu reconhecia, ainda que estivesse um pouco diferente, não podia esquecê-la nunca.

Maria.

A minha melhor amiga dos meus tempos em adolescente! Fui uma parva por a ter deixado ir... perdia para sempre, mas quem diria que ela estaria aqui agora. Ora pelos piores motivos como é óbvio mas que se podia fazer?

Eu continuei a comtemplá-la e a formular um milhão de perguntas que lhe gostaria de fazer. Ela teria casado? Tido filhos? Tirado um curso? Realizado os seus sonhos de adolescente?

Perguntas que era incapaz de lhe fazer. Decidi apenas tocar-lhe na bochecha esquerda, na tentativa de lhe limpar as lágrimas. Mas elas continuaram lá, apesar de ela depois as limpar, talvez ela me tenha sentido mas como não me vê nem pensou que podia ser eu.

Então de repente os seus olhos encheram-se de horror, parecia que ia gritar, até abriu a boca escandalisada, mas nenhum som saiu.

Correu para fora do quarto como se tivesse visto um fantasma e comecei ouvir berros abafados a pedir socorro. Senti uma terrível dor de cabeça e fui puxada de novo para dentro do meu verdadeiro corpo.

***

Só umas horas mais tarde voltei à minha consciência. Estava numa sala de operações, com uma luz muito forte a incidir-me nos olhos. Nada comparada àquela luz de onde surgiu o meu pai, mas igualmente forte.

Estava rodeada de pessoas vestidas com batas azuis, algumas manchadas com sangue. O meu sangue. Uma das pessoas não parava de me embater com as duas mãos no meu peito. No entanto eu não sentia nada de nada.

O barulho constante das máquinas foi desligado assim como as luzes principais.

"Hora de morte: 17:32" Um deles disse.

Quando a maior parte saiu, decidi sair também do meu corpo. Então olhei uma última vez para ele enquanto umas enfermeiras o limpavam e o cobriam com com um lençól branco.

Então voltou a surgir o meu pai, desta vez não estava acompanhado pela luz cativante. Estava vestido da mesma forma mas sem aquele brilho reluzente.

"Eu apenas queria evitar isto." ele falou.

"Evitar a realidade?" respondi sendo que era a única que o ouvia e via.

"Evitar que te sentisses assim, e que te visses sofrer."

"Eu agora não sinto nada, nunca mais irei sentir nada..."

Ele abraçou-me. E eu consegui sentir aquele abraço, os seus longos braços envolveram-me e umas das suas mãos massajou o meu cabelo.

"Vais sentir se vieres comigo, tenho estado à tua espera meu amor. Não podes ficar aqui presa para sempre, mas não te vou pressionar."

"Então eu tenho escolha?"

"Terás sempre escolha. Podes vir agora comigo em direção àquela luz que viste há pouco, e serás livre, feliz e nunca sentirás dor. Por outro lado podes ficar aqui, na Terra, sem poderes ser ouvida, vista ou entendida. Que vais escolher, filha? Agora é contigo."

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