Prefácio

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Os olhos verde-esmeralda de Archie tinham um brilho acentuado difícil de ser decifrado, mas eles não eram a única parte enigmática da sua vida. Os hematomas roxos e rosados pelos braços e pernas eram motivos de especulações por todos que o observavam com mais atenção. Todos menos Marc, que conhecia seu corpo como um perito e adorava marcá-lo.

A vida dele nunca havia sido muito boa, pois sempre penava para pagar as contas da casa que havia comprado com muita dificuldade e muitos empréstimos. A maior parte do seu dinheiro vinha do trabalho como lavador de pratos, o único emprego que conseguira aos 18 anos e sem nenhuma experiência. Seus pais não ligavam muito para o que fazia ou deixava de fazer e, por isso, foi obrigado viver sozinho desde muito cedo.

Mesmo trabalhando precisava arranjar tempo para Marc, que era seu namorado (pensava que tinham uma relação séria).

Ninguém entendia o que ele havia visto em Archie, que era baixo, usava óculos e tinha uma pele branca como a neve quando Marc possuía estatura alta, um corpo definido, pele morena e um rosto de modelo que parecia ter sido esculpido. Todas suas características deixavam as pessoas boquiabertas à primeira vista, inclusive seu jeito arrogante e desinteressado.

Eram o oposto um do outro.

Todos diziam que não combinavam e que não deviam estar juntos, mas no fundo invejavam Archie. Também acreditavam que Marc estava sendo bondoso demais ficando com um garoto que não era rico como ele, que sofria para arranjar dinheiro, não possuía uma beleza tão ofuscante e não vestia as melhores roupas.

Mas o que essas pessoas não sabiam era o que unia aquele casal: o gosto pela dominação e submissão. Um sentia prazer em subjugar e o outro em ser dominado.

Ao contrário de Archie, Marc não era um homem muito sentimental. Aos 23 anos sua única vontade era experimentar coisas novas e curtir a vida, pois o amor romântico era um sentimento muito forte para ele. Claro, amava muitas coisas, inclusive várias partes do corpo de Archie, por exemplo: os quadris estreitos que se empinavam obedientemente quando pedia, as coxas que estremeciam com suas mordidas e o rosto que se contorcia de prazer cada vez que estavam juntos. Não tinha muita paciência para administrar um relacionamento e não era a pessoa mais simpática do mundo, muito pelo contrário. Mas talvez seu lado amável estivesse escondido, enterrado sob sua fachada de durão.

A realidade de ambos era diferente, assim como o modo como se comportavam e como enxergavam a vida. Na cabeça ingênua de Archie, Marc era sua paixão e a pessoa para quem precisava ficar disponível 24 horas por dia. Para Marc, Archie era uma diversão prazerosa e intensa.

Alguém poderia sair bastante machucado daquele relacionamento.

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