Finn ficou boquiaberto ao receber a notícia de que Archie não trabalhava mais ali.
Passou vários minutos tentando entender o que havia motivado o garoto a pedir demissão e até culpou-se, pensando que o beijo havia sido o motivador daquilo, mas então lembrou-se do curso que Archie faria, da oportunidade de trabalhar meio período na faculdade em que Marc estudava.
Largou a calculadora na mesa, que estava abarrotada de papéis cheios de rabiscos nas margens, e recostou-se na cadeira.
Riu com amargura, pois Archie não se despedira. Mas por que ele deveria avisar que pedira demissão? Não tinham nenhum tipo de relacionamento.
Lembrou-se do beijo e instintivamente tocou os lábios. Podia sentir o gosto da boca dele, a textura de seus cabelos, da pele, sua língua e o cheiro de morangos. Suspirou com resignação.
Passou as mãos pelo rosto e massageou as têmporas. Olhou para o relógio no pulso e viu que era a hora de ir embora. Um fim de expediente sem dar carona para Archie, sem tentar puxar uma conversa e sem fazê-lo rir.
Sentiu-se um idiota. Archie tinha Marc e ele podia ser um imbecil, mas era ele quem o garoto gostava. Não podia simplesmente ficar irritado por não ser correspondido, tinha que respeitá-lo. Mas podia tentar, certo? E foi o que fez, quando beijou-o daquele jeito.
A culpa consumiu-o por dentro enquanto fechava o escritório. Xingou-se mentalmente por ter sido tão afobado. Poderia tê-lo convidado para jantar outro dia e então tentar alguma coisa, aos poucos. Mas não, apressou-se, foi negligente e deixou a ansiedade reinar.
Não era à toa que tinha tão poucos amigos e que se sentia tão sozinho, pensou com tristeza. Pensava que Archie alegraria sua vida, mas não fora correspondido.
Contudo uma parte de si estava feliz por ter feito aquilo. Não sabia quando veria Archie novamente e tinha aquele beijo para relembrar inúmeras vezes.
Trancou a porta do restaurante e, na rua, o vento gelado logo o fez estremecer.
A rua estava vazia porque a temperatura estava em números negativos. Colocou o cachecol em volta do pescoço, vestiu a touca e encaminhou-se para o outro lado da rua, onde a moto estava.
Andou de cabeça baixa, perdido em pensamentos e um pouco triste. Não sabia dizer se estava apaixonado por Archie, mas sabia que estava quase lá, pois ele era cativante e fácil de gostar.
Seus passos ecoaram por toda a rua, e pararam abruptamente ao ver um homem encostado em sua moto. Pensou que se tratasse de um assalto e ficou estático, em choque.
Finn parou, com as mãos nos bolsos e os olhos arregalados, encarando a silhueta do homem por longos minutos. Estava decidindo-se entre correr ou chamar a polícia quando o desconhecido pegou um smartphone em mãos, iluminando o próprio rosto.
O loiro suspirou de alívio ao ver que era Marc. Não diria que sentiu ALÍVIO, mas ficou menos apreensivo por não ser um assaltante.
Aproximou-se com passos hesitantes e, quando ficaram frente a frente, Marc permaneceu mexendo no celular.
Irritou-se com aquele comportamento. Ele gostava de parecer superior com aquela postura arrogante e isso deixava-o enraivecido. Ele continuou fingindo não ver Finn, mesmo que a temperatura doesse nos ossos.
━Marc? A voz saiu abafada pelo cachecol.
Ele ergueu os olhos lentamente, sem guardar o celular. Um sorriso estranho e enigmático tomou conta de seu rosto. Os olhos brilharam com uma intensidade desproporcional.
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Hematomas
Storie d'amore[CONTINUAÇÃO: CICATRIZES] "Os hematomas roxos e rosados nos braços e pernas eram alvos de especulações por todos que o observavam com mais atenção. Todos, menos Marc, que conhecia seu corpo como um perito e adorava marcá-lo." Hematomas não é uma hi...