Hematomas

Festa

No caminho, passaram em uma confeitaria elegante e até então desconhecida para Archie. A decoração era detalhista e ele desejou passar a tarde ali por conta do cheiro de bolo no ambiente. As pessoas que frequentavam o lugar eram da mesma classe social de Marc, algo distinguível nas roupas e acessórios que usavam.  

Ao entrar no recinto, Marc recebeu olhares de pessoas que encararam-no hipnotizadas, como se nunca tivessem visto um homem tão bonito.  Mesmo com sua carranca característica, ele despertava olhares curiosos e tímidos, principalmente quando aproximava-se das pessoas com as sobrancelhas unidas e com uma expressão mal-humorada. Não era rude com ninguém, mas também não era simpático (e nem precisava, pois já causava uma impressão marcante).

As sacolas cobriram todos os balcões da cozinha e os convidados não paravam de chegar. Aquilo tudo era novo para Archie, que nunca havia estado em uma festa na casa de Marc, ou melhor, nunca havia sido convidado.

A sala era iluminada apenas pelas luzes coloridas que piscavam e moviam-se de um lado para o outro. A música pop eletrônica ecoou pelos cômodos. A mesa central, onde haviam comido os doces e se beijado na noite anterior, estava cheia de comidas, salgados, doces e copos vazios.

━Os seus doces estão aqui, Marc tirou uma caixa rosa de uma sacola e empurrou pelo balcão até Archie. Espero que coma tudo, ele arqueou as sobrancelhas com um sorriso sugestivo.

Archie corou e arrepiou-se com aquelas palavras, mas assentiu com a cabeça. Não iria perder sem ao menos fingir que queria ganhar. Aproximou-se de Marc e entrelaçou as mãos em sua nuca, encarando-o diretamente. Uma sensação de tranquilidade dominou-o, pois depois de tantas idas e vindas estava relaxado e alegre.

━O que seu pai achou de mim? Marc sussurrou a pergunta e acariciou-o na cintura lentamente.

━Ele gostou de você, respondeu com sinceridade.

Era bom estar com ele daquela forma: íntima e amorosa. Archie sempre havia tido vontade de abraçá-lo, beijá-lo com carinho e ser correspondido e, finalmente, tinha a oportunidade de fazer tudo o que um casal de namorados faziam. Era incrível tê-lo ali tão próximo, tão intenso e tão carinhoso.

Marc brincou com a barra do suéter dele, os dedos tocaram de leve a pele por baixo da roupa, deslizando pela barriga lisa que devia estar cheia de marcas de seus dentes e dedos. Nunca havia sido romântico, mas estar perto de Archie fazia-o desejar ser uma pessoa melhor. Além disso, estava mais calmo e alegre, o que colaborava para seu bom humor. Por que havia lhe tratado tão mal no início era uma incógnita. Havia sido orgulhoso a ponto de machucá-lo? Precisava provar para si mesmo que não precisava de ninguém? Fechou os olhos com força, evitando lembrar-se de todas as vezes em que o havia magoado. 

Com hesitação, subiu os dedos pelo torso de Archie e deslizou-os por sua bochecha, acariciando-a.

━Eu gosto de você, Archie.

A confissão saiu após um engolir em seco nervoso. As palavras ficaram emendadas uma na outra e Archie sorriu, tentando reconfortá-lo e mostrar o quanto sentia-se grato por ouvi-las. Entrelaçou os dedos nos dele e fechou os olhos, apreciando aquela intimidade nova.

━Eu amo você, disse a frase que Marc tinha medo de pronunciar.

Olharam-se fixamente por minutos longos, nenhuma distração foi capaz de tirar as atenções de ambos, que encheram-se de desejos e vontades conhecidos. Poderiam se comunicar apenas com um olhar, mas Marc não aguentaria apenas olhar., portanto, beijou-o com lentidão. Os lábios se esbarraram com calma, precedendo um desejo de ir além. Abraçou a cintura de Archie enquanto este embrenhou os dedos em seus cabelos numa carícia lenta e gostosa.