Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 02 -

Capítulo 05

Juliem me amava de verdade...

Depois do jantar, Juliem queria caminhar pela fazenda, esticar as pernas se exercitando um pouco e ver a lua cheia. Estava maravilhosa aquela noite, já que na noite passada foi uma noite de chuva torrencial. Caminhávamos eu, Juliem no meio e Iago na outra ponta, falando sobre o pai — Você pode me contar como é seu pai na casa de vocês? Ele cuida bem de vocês ou não.

— Juliem, o pai só é tratado como pai por que a mãe exige isso de nós, nos ensinou sermos educados. O pai é um canalha e isso é pouco para descrevê-lo. Juliem, não é devido ele esconder a vida dele, da mãe, que ele é gay. O problema é, que a nossa vida toda foi de fome e frio, que quando chovia, era melhor ficar fora de casa do que dentro dela. O pai nunca deu dinheiro para a mãe ajudar ela a nos criar. Somos em três irmãos. Cortês, o mais velho, Marita e eu. A mãe trabalhava de sol a sol, lavando, passando, costurando, limpando casa dos fazendeiros para ter dinheiro para poder dar de comer no mesmo dia do ganho. Cortês cresceu e trabalhava para ajudar a nos criar. Marita borda e costura. Nos meus oito anos tirava leite e entregávamos tudo o que ganhávamos para a mãe comprar comida para nós todos.

Juliem gemeu um Jesus Cristo — Graças a Deus não sofrem mais, eu li nos jornais de Madri a entrevista sua, perguntaram o que faria com o dinheiro e você foi bastante claro dizendo que ajudaria sua família mais nunca se passou na minha cabeça que viviam sofrendo.

Sentamos em um banco e continuei — Eu jurava dia e noite que iria mudar o sofrimento da mãe que é um anjo de mãe — Iago concordou em voz alta — Então, eu fui tourear em Múrcia e ganhei o prêmio. Comprei uma casa para minha mãe e hoje estamos muito bem.

Juliem a cada mexida no corpo exalava o cheiro da sua pele. Ele percebeu que eu discreto torcia a cabeça e me contorcendo tentava cheirá-lo sem que ninguém visse. Ele riu num som nasalado, arqueou seu tronco me olhando sorriu — Estou cheirando mal?

Iago gargalhou dizendo — Acho que o Li percebeu que você tem um cheiro bom na pele.

Iago tinha percebido, fiquei envergonhado mais afirmei num gesto de cabeça. Juliem ficou contente com o que ouviu, me olhou rindo — Sério, Lizandro?

Sorri tímido — Você tem um perfume natural na sua pele muito gostoso de cedro campestre.

Ele cheirou seu próprio braço por algumas vezes e gargalhou — Acho que deve ser por usar tempos um sal de banho que uma senhora faz em Córdoba.

Iago riu — Vamos para Córdoba no mês que vem nas touradas, quero comprar uns sais.

— Depois dou o endereço, aquela mulher é incrível, cria perfumes exclusivos. Exemplo, esse que eu uso, se eu não comprar e dar a vocês dois, ela não fará igual para vender a vocês.

— Que maravilha Juliem, vou querer comprar um exclusivo para mim e para todos de casa.

— Ela faz exclusivo o perfume apenas olhando uma só vez cada freguês dela ou olhando em um retrato do cliente dela e em uma semana está pronto, porém, são caros a perfumaria da Telles.

— Mais pelo seu cheiro vale pagar caro, Juliem.

— Sim vale. Podem me contar como me acharam?

Iago pediu que eu contasse — Estávamos pescando quando nós ouvimos três tiros — Iago riu fazendo-nos rir dizendo que ele pescava e eu dormia — Estamos traumatizados com o sequestro e pensamos que podia ser eles. Escondi os cavalos e nos escondemos. Vimos um homem correndo muito mal por estar ferido. Não tinha como ver no momento que era você, Juliem. Os bandidos te chutaram conferindo se tinha morrido. Esperamos os dois homens ir embora e fomos ver quem era o homem baleado. O viramos e o susto foi grande ao vermos ser você. Fiz uma maca e te puxamos até a fazenda. Foi sorte que aqui tinha um veterinário que de imediato ele retirou as balas do teu corpo te salvando. Depois Iago mandou um funcionário buscar um médico na cidade e veio o Dr. Simão que conhece você, ele se assustou ao vê-lo e disse que era grave, mais por sorte não atingiu órgãos perigosos ele nos disse.