Capítulo 10

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A tourada em Lorca...

O povo caminhando ao nosso redor querendo abraçar o Supremo. Ele não desprezava ninguém dando atenção devida que o povo almejava dele. Gemeu entre dentes me pedindo para cuidar da hora para não perdermos a hora do início das touradas. Expliquei que eu não estava de relógio e nem poderia estar por que iria tourear. Ele retrucou que eu pedisse ao Juliem que cuidasse, atendi o seu pedido e Juliem cuidava do nosso horário.

Eu não fico nervoso facilmente, porém, eu estava ficando sufocado entre o povo, pois, mesmo as pessoas sendo da mesma cidade que eu, de Lorca, eles abraçavam o Supremo e me pediam autógrafos. Iago com grande dificuldade para passar na multidão, conseguiu chegar do meu lado — Li, vim te chamar, você vai perder a hora, já estão na entrada da arena no aguardo do chamado e sabe que depois não podemos entrar se nós nos atrasarmos.

— Deus, como irei se o Supremo não vai?

Juliem se aproximou do Supremo e comunicou que não haveria mais tempo de nenhum abraço a mais se quisesse entrar junto a mim. O Supremo ergueu os braços explicando que bastava de abraços, pois, teria de me acompanhar na arena e eu já estava atrasado.

Ouvimos inúmeros "Aaah" do povo que estava no aguardo para abraçá-lo. Ele bradou alto que amava o povo espanhol. Acenou sendo praticamente empurrado pelo Comandante Mario, Juliem e Frederick para que conseguisse andar mais rápido na multidão. Conseguimos entrar na arena e deu uma crise de risos no Supremo — Deeeus eles são malucos pelo, Lizandro.

Olhei-o rindo — Pelo Supremo, eles nunca tinham abraçado nosso Supremo, aproveitaram.

Ele guinou seu tronco rindo e sussurrou:

— Não sou de todos, sou só seu Li — Rimos —

Ele ergueu seus braços olhando na marquise das arquibancadas onde se ouvia o povo em euforia total. Gargalhou como sempre olhando o teto. Se recompôs dos empurrões do comandante Mario, gritou — Caramba, cooorram toureiros, estou indo logo atrás de vocês, corram que ainda dá tempo, vããão ou perdem a chance de competir.

Os toureiros começaram a entrar na arena e eu com Iago tínhamos de sermos os primeiros a entrar. Em polvorosa ultrapassamos os outros toureiros e ficamos à frente. Ouvimos reclamações dos toureiros. Uma vez que eu, Iago e Diego não estivéssemos presentes, a chance deles aumentava 100% de vitória. Eram essas as palavras que ouvíamos, mais não daríamos ouvidos naquele momento. Ríamos eu, Iago e Diego que ao nos ver nos abraçou feliz — Toureiros seus malucos, o que deu em vocês dois para se atrasarem tanto quanto agora?

Usei poucas palavras — O povo não deixava o Supremo passar sem abraçá-lo e eu estava junto.

Agora no centro da arena seguido pelas centenas de toureiros presentes. Haveria um prêmio como em Múrcia, porém, de menor valor e seria em dinheiro, sem casas ou mansões, a quantia comprava um carro importado zerado. Um susto do som de clarins anunciando algo importante. Pensei que seria apenas alguns guardiões ao redor do Supremo. Foi surpresa ver mais ou menos uns 1.000 deles enfileirados entrando na arena. Enfileirados ergueram as espadas as cruzando no alto para o Supremo entrar e atrás dele, Mario, Juliem e Frederick.

O povo fazia estremecer as arquibancadas em polvorosa por ver o Supremo em Lorca. Todos nós toureiros e o povo nas arquibancadas aplaudíamos o Supremo passando por baixo das espadas, foi uma cena muito linda vê-los passando pelo túnel de espadas.

No final do túnel de espadas, o Supremo posicionou- se ao lado de nós. Ele nos olhou e mostrou a língua nos fazendo rir da brincadeira dele. O locutor enaltecia a presença dele que se fez presente na pequena arena em Lorca. Era hábito ele frequentar touradas em grandes arenas, não arenas pequenas como era a nossa de Lorca. Deu de presente ao nosso povo, a presença de mil guardiões, visados pela beleza dos uniformes e suas espadas reluzentes. Se eles fariam evoluções como fizeram em Múrcia, aí eu já não sabia.

Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 02 -Where stories live. Discover now