Capítulo 06

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O primeiro beijo...

A Luz da lua cheia entrava através das frestas das cortinas transparentes da janela do quarto. A claridade refletia no rosto pálido do Juliem o deixando ainda mais belo do que ele já era. Ele dormia tranquilo abraçado em minha cintura, eu o olhava dormir, ele parecia sorrir.

Eu relembrei cada palavra do Iago que dizia me amar e amava segundo ele, mais de um jeito estranho de amor que sentia por mim. Concordava com ele na ideia que ninguém é de ninguém, porém, se temos um alguém, tentamos tê-lo somente para nós mesmos.

Até podia ser egoísmo da minha parte, só que eu não estava preparado para viver um amor do jeito que o Iago me pedia que fosse, aberto e liberal ou, um trio amoroso.

Estremeci ouvindo Juliem sussurrar — Sem sono, Li?

— Que susto me deu, Juliem — Rimos nasalado — Perdi o sono, dorme, ou está com dores?

— Não, nem sequer dói mais o meu coração, sem dores.

Falávamos cochichado para o Iago não se acordar, Juliem riu — Preciso ir no banheiro.

— Claro, eu te ajudo.

Levantei o ajudando se levantar indo ao banheiro, Juliem fechou a porta rindo — Não fuja de mim, Lizandro — Sorri negando com a cabeça o esperando sair —

Ouvi som de água, ele lavava as mãos. Saiu do banheiro, o abracei pela cintura o ajudando caminhar com firmeza. Parou subitamente, o olhei sério. Juliem era muito alto e eu tinha alguns centímetros a menos que ele. Fiquei sem jeito olhando para o chão, pegou no meu queixo — Calma Lizandro, não vou forçar nem se quer um beijo que tanto eu desejo que aconteça, mais eu desejo que isso, aliás, tudo, aconteça naturalmente, nada forçado.

— Obrigado Juliem, mais parou por que?

— Terei paciência para aguardar você me amar, Lizandro, mais eu percebo que você ama o Iago, porém, sente-se mal com as ideias modernas dele.

— É verdade Juliem. Está com sono?

— Nem um pouco, vamos na sala e conversamos.

— Certo Juliem, venha.

Sentados na sala conversar sobre as ideias malucas do Iago. Juliem não condenou ou tentou jogar o Iago contra mim em nenhum momento, ao contrário, ele tentava me fazer enxergar o lado do Iago — Lizandro, Iago te ama de verdade. Ele pensa e tem um jeito diferente de amar. Por ser bissexual, ele sabe que não vive sem ambos os sexos e por isso, não tenta te prender somente a ele e torna-se liberal demais aos seus olhos.

— Sério Juliem, eu juro que tenho tentado compreender o que Iago deseja viver, um trio, namoro aberto, juro eu não sei. Mais eu o amo e não sei o que eu posso fazer ou como agir.

— Você tem ciúmes dele junto da Soraia?

Calei um tempo, me sentei na poltrona erguendo meus pés nela, abracei meus joelhos me embalando. Neguei num gesto de cabeça beijando meus joelhos. Isso era uma mania minha se eu ficasse nervoso. Juliem soltou um suspiro — Sabe Li, eu acho que você não conseguirá se adaptar o vendo namorar a Soraia prometida dele, não vai aguentar vê-los, vai?

— Nunca os vi juntos, mais se os ver, acho que tudo bem, afinal, eu também tenho minha prometida e um dia ou assumo ou sumo da Espanha — Ele riu —

— Você a ama, Lizandro?

— Não. Esse arranjo é coisa do idiota do meu pai que quer seguir as tradições e nem ele as cumpre como teria de ser. Casou sem amar minha mãe, só para manter as tradições. Embrulha o estômago em pensar que ele vai lá em casa e só para me afrontar.

Chuva de Rosas o Diário de um Toureiro - Livro 02 -Where stories live. Discover now