Oi ♥
O cabelo dela havia mudado radicalmente de cor poucos anos depois do seu vigésimo aniversário, o que provocou certo espanto em seus amigos. Além disso, a mudança não foi gradual, com algumas mechas aqui e ali adquirindo amarelados. Em vez disso, em janeiro ela tinha a cabeça coberta por cabelos castanhos, e, em janeiro do ano seguinte, não havia mais sinal do castanho em seus fios. Nem sua mãe nem seu pai foram capazes de entender bem aquilo; até onde elas sabiam, Dinah Jane Hansen era somente uma anomalia para os dois lados da família.
Estranhamente, aquilo não a incomodava nem um pouco. No exército, ela chegou a suspeitar de que os fios louros a haviam ajudado na carreira. Ela trabalhava na Divisão de Investigação Criminal, ou DIC, que tinha bases na Alemanha e na Geórgia e passara dez anos investigando crimes militares, desde soldados que simplesmente desapareciam dos quartéis até casos de invasão de domicílios, maus-tratos domésticos, estupros e até mesmo assassinatos. Ela fora promovida várias vezes, até se aposentar, aos 30 anos.
Depois de completar seus afazeres e concluir sua carreira no exército, ela se mudou para Southport, a cidade natal de sua esposa. Elas eram recém-casadas e o primeiro filho estava a caminho. Embora sua primeira ideia fosse a de procurar um emprego na polícia ou em alguma outra organização que promovesse o cumprimento das leis, seu sogro havia feito uma oferta para que ela comprasse o negócio da família. Era uma loja construída em estilo antigo que vendia artigos rurais, frutas, verduras, geleias e outras conservas. O imóvel havia sido feito com tábuas brancas, com venezianas azuis e alguns bancos do lado de fora; era o tipo de estabelecimento que já tivera seus dias de glória há vários anos, mas que, praticamente, não existia mais. Os quartos para a família ficavam no segundo andar. Uma imensa árvore de magnólias trazia sombra para um dos lados da casa, e um carvalho ficava logo em frente. Apenas metade do estacionamento era feita de asfalto, enquanto a outra metade era coberta por cascalhos — e, mesmo assim, o lugar quase nunca ficava vazio.
Seu sogro havia inaugurado a loja antes que Brianna nascesse, quando não havia muita coisa além de fazendas e pastos ao seu redor. Mesmo assim, o homem se orgulhava de entender as pessoas e queria manter em estoque qualquer coisa de que elas precisassem — o que resultava em um lugar que chegava a ficar desorganizado com o excesso de produtos. Dinah tinha a mesma opinião e mantinha a loja quase do mesmo jeito. Cinco ou seis corredores ofereciam frutas, verduras e produtos de higiene pessoal; refrigeradores ao fundo da loja transbordavam com todo o tipo de bebida, desde refrigerantes e água até cerveja e vinho, e, assim como em qualquer outra loja de conveniência, tinha várias prateleiras de salgadinhos, doces e muitos tipos de alimentos industrializados que as pessoas compram quando estão perto da caixa registradora.
Mas era ali que as similaridades terminavam. Também havia inúmeros tipos de equipamentos para pesca nas prateleiras, iscas vivas e outro balcão com uma churrasqueira e uma chapa quente operados por Roger Thompson, que já havia trabalhado em Wall Street e que se mudara para Southport em busca de uma vida mais tranquila. Ao lado da churrasqueira, onde se podia comprar hambúrgueres, sanduíches, cachorros-quentes e outras delícias, havia algumas mesas e outros lugares para sentar.
Havia também DVDs para alugar, vários tipos de munição, capas impermeáveis e guarda-chuvas, além de uma pequena seleção de best-sellers e clássicos da literatura. Além disso, a loja vendia velas automotivas, correias para motor e latas de gasolina, e Dinah fazia cópias de chaves com uma máquina nos fundos. Ela tinha três bombas de gasolina para os carros e outra no ancoradouro, caso algum barco precisasse encher o tanque — o único lugar onde era possível fazer aquilo fora da marina. Vários potes de picles, sacos de amendoim cozido e cestas de legumes frescos cobriam o balcão.
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