Devido ao tempo excelente que fazia, a loja estava mais movimentada do que o habitual naquele domingo. Quando Dinah destrancou a porta, às 7 da manhã, já havia três barcos amarrados no ancoradouro esperando para que a bomba de gasolina fosse ligada. Como já era típico, enquanto pagavam pela gasolina, os donos dos barcos aproveitavam para comprar petiscos, bebidas e sacos de gelo para levar nos barcos. Roger — que estava trabalhando na churrasqueira, como sempre — não teve um minuto de folga desde que colocou seu avental, e as mesas estavam cheias de gente comendo salsichas empanadas, cheeseburgers e pedindo alguma dica sobre o mercado de ações.
Geralmente, Dinah ficava no comando da caixa registradora até o meio-dia, quando passaria as rédeas a Joyce. Assim como Roger, Joyce era uma funcionária que facilitava muito o trabalho de cuidar da loja. Joyce, que havia trabalhado no tribunal até o dia de sua aposentadoria, veio "de presente" com a loja, por assim dizer. O sogro de Dinah a contratara havia dez anos e agora, mesmo contando 70 anos de idade, ela não dava qualquer sinal de que quisesse levar uma vida mais tranquila. Seu marido morrera alguns anos antes, seus filhos haviam se mudado para outras cidades e ela tratava os clientes como se fossem sua verdadeira família. Joyce era tão característica da loja como os produtos nas prateleiras.
Além disso, ela entendia que Dinah precisava passar o tempo com seus filhos, longe da loja, e não se incomodava de ter que trabalhar aos domingos. Assim que chegava, ia direto para trás do balcão onde estava a caixa registradora e dizia a Dinah que ela podia ir para casa, parecia ser realmente a chefe do lugar em vez de uma das funcionárias. Joyce também era a babá, a única pessoa em quem ela confiava para ficar com as crianças se ela tivesse que sair da cidade. Aquilo não era comum — acontecera apenas duas vezes nos últimos dois ou três anos, quando ela se encontrara com uma velha amiga dos tempos do exército em Raleigh — mas Dinah reconhecia que Joyce fora uma das melhores coisas que já acontecera em sua vida. Quando ela precisava dela, Joyce sempre estava pronta para ajudar.
Enquanto esperava pela chegada de Joyce, Dinah andou pela loja, verificando as prateleiras. O sistema informatizado era ótimo para gerenciar o inventário, mas ela sabia que fileiras de números nem sempre contavam toda a história. Às vezes, achava que tinha uma noção melhor do que precisava ser reposto se realmente olhasse as prateleiras para verificar o que havia sido vendido no dia anterior. O sucesso de uma loja exigia que as mercadorias fossem repostas o mais rapidamente possível, e aquilo significava que, vez por outra, tinha que oferecer produtos que nenhuma outra loja oferecia. Ela tinha compotas e geleias caseiras, temperos em pó feitos com base em "receitas secretas" e que davam mais sabor às carnes e aos cortes de porco e uma boa variedade de frutas e vegetais enlatados produzidos nas redondezas. Até mesmo pessoas que faziam compras regularmente em supermercados como o Food Lion ou o Piggly Wiggly vinham frequentemente dar uma olhada na loja de Dinah para comprar os produtos especiais que ela fazia questão de manter em estoque.
Ainda mais importante do que o volume de vendas de um produto, ela gostava de saber sobre quando certos produtos eram vendidos, algo que não aparecia necessariamente nas suas planilhas. Dinah havia percebido, por exemplo, que o pão para cachorro-quente vendia muito bem aos fins de semana, mas raramente saía das prateleiras durante a semana; com pães tradicionais, era o oposto. Percebendo isso, aproveitou para manter mais unidades de cada um deles em estoque quando a demanda aumentava, e as vendas cresceram. Não era muito, mas o dinheiro extra o ajudava a manter sua pequena loja lucrando enquanto as grandes cadeias de lojas e supermercados tiravam a maioria das pequenas empresas locais do mercado.
Enquanto examinava as prateleiras, ela começou a imaginar o que iria fazer com as crianças naquela tarde, e decidiu levá-las para um passeio de bicicleta. Brianna sempre gostou de colocar as crianças em um carrinho de bebê especialmente feito para ser conectado à sua bicicleta e de pedalar em direção à cidade. Mas um passeio daqueles não era o bastante para ocupar a tarde toda. Talvez eles pudessem ir de bicicleta até o parque... Talvez fosse algo que eles quisessem fazer. Com uma rápida olhada em direção à porta da frente para ter certeza de que ninguém estava prestes a entrar na loja, ela correu até o cômodo que servia como depósito na parte de trás da loja e colocou a cabeça para fora de uma janela.
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Safe Haven || D.J.H
FanfictionNos momentos mais difíceis, o amor é o único refúgio.