two

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the hotel is mysterious.

Em questão de segundos, abro meus olhos; Apesar de estar deitado numa cama, eles estão cansados e isto indica que eu não havia dormido. Entretanto, o ambiente é escuro e de certa forma aconchegante, a não ser pelo fato de que é impossível reconhecê-lo. Permaneço dolorido ao me esforçar para sentar, e cubro os olhos assim que noto uma forte tontura se apossar de mim. Está frio e a extrema quietude acomoda. Meus pensamentos se camuflam em meio a escuridão, imersos pelas mais diversas perguntas.

Contudo, outro turbilhão delas surge quando posso ouvir algumas roucas palavras sendo dirigidas da porta de madeira rústica:

— Bem vindo ao hotel.

— Qual hotel? — respondo de imediato, confuso.

Tudo o que posso ver é uma sombra esguia e mediana, que está encostada no batente da porta. Não olha diretamente para mim, numa leve inclinação de corpo. Não confio nela.

— Ora, por quê todos sempre perguntam a mesma coisa? Isso aqui não é um hotel, é o hotel. Bem vindo ao hotel.

— Não, não... escute, eu não fiz reserva alguma.

A figura dá um passo para o corredor pouco iluminado em sua luz artificial. Com certa dificuldade, consigo agora enxergar seus traços ao longe. Realmente a mesma pessoa da sombra, exibindo um sorriso malicioso de canto junto aos seus cabelos ruivos e desalinhados. Meus olhos percorrem todo o seu corpo; No que aparenta ser um uniforme de trabalho, predominam o preto e azul em suas roupas. Não consigo ler o crachá. Num impasse, ele some de meu campo de visão ao se virar em direção à primeira esquerda.

— Merda... Espere!

Meus pés nus encostam no chão gélido e corro até lá. Me apoio, arfando, ao batente da porta. Nenhum sinal do belo — embora indesejado — visitante enigmático. Desta forma, nenhum sinal de qualquer um não importando quem seja. Apenas me deparo com um extenso corredor de madeira avermelhada e paredes, tais quais uma clara e outra escura, portando alguns retratos. Não consigo ver o final do mesmo.

Penso em dizer algo e minha boca chega a se abrir. Não sai nada dela; O único ruído possível de se ouvir são meus dentes se batendo uns contra os outros.

"Droga, droga, droga..." repito em meus pensamentos, enquanto fecho rapidamente a porta. Ela se tranca num clique. Começo a andar sem rumo pelo quarto, furioso e confuso. Não existem janelas, estantes, armários, decorações ou abajures. De fato, a primeira coisa que encontrasse em minhas mãos iria atingir a parede numa velocidade tanto quanto ultrassônica.

Novamente, uma terrível dor em minha cabeça aparece assim que é possível se ouvir um berro estridente, tão alto quanto se tivesse sido emitido ali mesmo. Levo as mãos ao local que dói, gritando em resposta. Tudo se cala. Minha respiração evidente se mistura ao leve som do ranger da porta, fazendo se elevar meu olhar até ela logo em seguida.

Sua fresta exala um feixe de luz até certa parte do lugar. Meu corpo parece vacilar em meio a escuridão.

Dou um passo involuntário até lá.

hotel [chanbaek]au!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora