four

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the hotel is warm.

A sala, totalmente clara, carrega uma nuvem de tensão. Observo bem ao redor. Não existe nenhum tipo de vestígio, nenhum detalhe que comprove que alguém esteve ali. Bocejo enquanto me encaminho, por genuína curiosidade, ao quadro vazio.

A moldura se assemelha a todas as outras que havia visto anteriormente, porém não há retrato algum. A figura foi retirada antes que eu pudesse vê-la?

Viro meu corpo e, após alguns passos ele se encontra em frente ao elevador; Encaro meu reflexo. Por Deus! eu estou horrível. Esfrego os olhos continuadamente, porém isso não ajuda em nada quanto a minhas olheiras escuras. Elas permanecem, insistentes, assim como meus fios de cabelo totalmente desalinhados. Imagino onde está Baekhyun. Não, devo esquecer aquele encosto o quanto antes. O quê ele havia dito sobre não descer?

Volto meu olhar aos botões de um visor ali disponível. Aperto com força o escrito "térreo", fazendo com que as portas se abram de automático. O mesmo mal estar que venho arrastando desde o quarto parece se multiplicar agora. Coloco ambos os pés, nus, dentro do elevador.

Não demora muito para que as portas se fechem, embora antes que isso aconteça, através do reflexo do espelho posso ver alguém chegar.

- Você demorou. - digo enquanto dou de ombros.

Baekhyun se posiciona ao meu lado, com os olhos fixos na porta que se fecha. Ele sorri.

- Eu não o havia deixado para que pudesse demorar.

- Engraçadinho.

Passam-se longos segundos. Não sou o melhor em puxar assunto e o que mais aparenta é o total desinteresse dele em trocar palavras comigo. Entretanto, minha vontade de conversar é imensa. Como vim parar aqui? Ele tem algo a ver com isso? Por quê?

Assim, parece que alguém acaba lendo meus pensamentos.

- Como está se sentindo, Park Chanyeol?

- Como sabe meu nome? - faço minha indagação, antes mesmo que termine a sua.

Penso que estou desenvolvendo a incrível habilidade de desconfiar das pessoas a todo o custo, desde o primeiro momento em que estive aqui. E a minha desconfiança sobre Byun é alta como nada do que já senti. Seus olhos curiosos se assemelham a uma armadilha, e seu sorriso de canto, a um labirinto. A cada segundo que se passa, prometo a mim mesmo não fazer contato visual com estes; A cada minuto, sessenta promessas são quebradas.

- Eu conheço os hóspedes. É a minha função.

- O quanto você me conhece? - Me pego mais uma vez encarando-o, desafiador.

Ele não exita em cravar seus olhos escuros sobre os meus, da mesma maneira que tenho feito desde a primeira vez que o vi. Ele finge pensar em algo, talvez selecionando as devidas palavras, enquanto morde delicadamente seu lábio inferior.

- O quanto falta-me saber?

Abaixo o olhar, sem resposta. Odeio quando respondem as minhas perguntas com novas perguntas e parece que é o que mais tenho presenciado esta manhã.

Encaro o visor do elevador e noto que finalmente estamos chegando ao destino final. Dou um passo para frente.

- Saiba que estou de saco cheio de você.

As luzes se apagam antes que a porta possa se abrir. O elevador parou. Me assusto com o tal, dando um pulo para trás. Minhas mãos alcançam uma barra de ferro como apoio. Começo a xingar todos os palavrões que consigo lembrar e então, meu olhar torna a girar-se para a direita.

É Baekhyun, num extremo canto. Imóvel, pálido, carregando um olhar certamente irado em minha direção.

Sua face é a única coisa possível de se enxergar, sendo esta a única que não gostaria agora. Fora tudo extremamente bem calculado, uma verdadeira emboscada. Agora ele irá retirar uma faca de seu bolso e cravar o objeto violentamente contra todo o meu corpo.

Porém o garoto não faz movimento algum, investindo em seu olhar pesado sobre mim. Isto se arrasta por alguns longos minutos.

- O quê há com você, Baekhyun?

Ele permanece calado.

O cubículo abafado de metal se preenche por completo de minha respiração ofegante, tanto quanto estranhos ruídos nas tubulações. Imagino o que estaria causando aquilo. Fecho meus olhos, jogando a cabeça para trás. Está quente, quente como o inferno, não sei dizer ao certo quanto tempo aguentarei aqui dentro. Não sei dizer o quanto ele aguentará. Meus lábios estão secos.

- Você poderia ao menos me informar...

Minhas palavras não são concluídas, cortadas por um repentino enlace de braços em meu corpo. Byun me envolve num abraço forte e tenso, de maneira inesperada. Seu corpo me sufoca; é tão quente quanto o local. Minhas mãos respondem de automático, fazendo o possível para se livrarem daquilo.

- Me solte. Porra, saia de cima de mim! - reclamo.

O garoto simplesmente finge não ouvir absolutamente nada, e prossegue trancando-se ainda mais. Num momento em que julgo propício, quando um de meus braços se soltam, é o suficiente para que meu punho se feche e atinja o seu rosto. Baekhyun geme baixo em resposta da dor, o que me faz aparentemente me sentir arrependido do que havia feito. Não demora muito para que eu sinta uma dor próxima, senão pior, vinda das suas próprias mãos; Ele atinge minha face em cheio da mesma forma, e se joga contra mim.

Ambos nossos corpos encontram o chão.

Sinto alguns socos em meu estômago e não consigo entender o por quê. Eu retribuo todos sem pensar demais, me esforçando em achar a silhueta de Baekhyun na escuridão. Eu estou cansado, estressado e dolorido. Agora paro, dou a entender que desisto e ele pode me bater o quanto quiser. Me sento, arrastando-me para algum canto.

- Irei perguntar mais uma vez: o quê há com você, Baekhyun? - minhas palavras são fracas e incertas.

Agora não apenas a minha respiração pode ser claramente ouvida.

Ele também se arrasta pelo chão até a mim, sinuosamente. Suspira, num som trêmulo. Vagarosamente noto que ele está de fato próximo demais; penso em dizer algo que o faça ter mais cautela, porém logo sinto nossos quadris entrarem em contato. Ele definitivamente está insinuando aquilo.

Abro minha boca para que possa protestar, contudo não me é permitido. Baekhyun a cobre com seus próprios lábios, mas não faz contato nenhum entre os tais. Seu hálito é quente e me remete ao eucalipto puro. Ele delineia minha face com a ponta dos dedos; elas se encaminham por toda a extensão de meu corpo, sempre abaixo. Fecho os olhos.

Byun solta uma breve risada anasalada, agora próximo a um de meus ouvidos.

- Descubra.

hotel [chanbaek]au!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora