seventeen

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the hotel is the hell

Abro meus olhos com certa dificuldade, os fechando logo após. Mantinha uma tensão elevada sobre meu corpo, encontrando forças para não me contorcer pela dor naquele colchão úmido. As vozes que outrora eram baixas e discretas, tornam-se ruidosas e preenchem o quarto. Minha cabeça está a ponto de explodir.

— O quê está sendo discutido aqui, Byun Baekhyun, é o quê este homem faz aqui? Desde o início isso me fora muito curioso...

— Senhor, eu...

— Cale a boca! Cale a maldita boca! Você sabe que eu sou o seu chefe, eu mando em tudo e inclusive posso fazer com que sofra da pior maneira possivel. Você não é ninguém aqui, Byun, não passa de um malandro que gostaria de estar no meu lugar... quem sabe?

Permaneço fingindo dormir; Quem é este homem e o quê quer com Baekhyun? Não pode tratá-lo dessa maneira. Meu furor parecia me consumir internamente mas eu precisaria aguentar, deve haver um jeito melhor de resolver a situação do que simplesmente se levantar e lhe desferir um soco.

A fala que sai num volume quase inaudível chega até meus ouvidos.

— Senhor, tenho a permissão para falar?

— Não. Fique quieto. Eu definitivamente não quero ter que te cortar ao meio, Baekhyun, você sempre me pareceu tão fiel. Entenda que isto — imagino que tenha feito referência a mim, pois seu tom de voz vinha de mais perto.— não deveria estar aqui. E com toda essa história você apenas deve estar querendo me causar problemas.

— Senhor, tenho a permissão... — a voz firme de Baekhyun tenta indagar novamente.

— Não, Byun, você não tem permissão nenhuma, cale a porra da boca! Eu deveria enchê-la com ratos, dos mais diversos tipos, tão sujos quanto você. Não consegue ver que só me traz mais e mais problemas, o quê vão pensar da minha forma de chefia? No Hotel tudo é perfeito, tudo foi muito bem preparado para um determinado tipo de pessoa, eu sou esse tipo de pessoa, você é esse tipo de pessoa, mas isto aqui passa longe do que queremos para nós. A minha liderança é impecável e não tolera tais questões, você está cansado de ouvir isso. Já se fazem quantos milênios que trabalha para mim, Baekhyun? Eu estou decepcionado. — o outro parece estar imerso em fúria, tenho medo do que possa fazer.

O silêncio toma a sua vez; Duras palavras, eram difíceis para eu ouvi-las mas eu mal conseguia me colocar no garoto ali, erguido num olhar compreensivo.

— Pode falar.

— Perdão, senhor. Eu estava certo de que ele viria para cá, você deveria ter visto!

Ele acabava por atropelar as palavras na intenção de se explicar completamente.

— Byun, você não tem mentalidade suficiente para ficar perto de pessoas. Pessoas humanas são questões complicadas e você acaba de me provar que não sabe lidar com esta responsabilidade. Há quanto tempo tem acompanhado esse homem?

— A sua vida toda.

— Imaginei. Tudo bem, continue.

— Eu estranhei por que ele não estava em nenhum quadro de nenhuma das paredes depois de uns dias. Pensei em fazer algo mas... Senhor, eu tive medo. — sua voz vacila em alguns momentos.

— É natural que tenha tido. Você é fraco, Byun. Então, o que vai fazer a respeito para consertar a merda que fez?

— Entendi que tudo deve voltar a ser como antes e estarei providenciando isso. Ele acordará.

— Gosto de ouvir essas coisas. Voltarei amanhã nesse mesmo lugar para conversarmos, e espero não ver o seu parceiro de favores sexuais por aqui. Consegue me entender, Byun Baekhyun?

— Sim. Completamente.

Ninguém diz mais coisa alguma pelos próximos longos segundos, e me sinto impulsionado a levantar-me dali. Entretanto, o quê eu diria a ele? Não, não poderia deixar transparecer que eu estava ouvindo aquilo tudo, ele certamente ficaria constrangido.

— Pode falar, Chanyeol.

— C-como sabe? — abro meus olhos mais uma vez, irritados pela luz do quarto. — De qualquer forma... Eu quero entender melhor. Disse que estou no inferno, e de acordo com essa conversa, você me trouxe aqui. Por quê, Baekhyun? Por quê fazer uma loucura dessa? Por quê acompanhar-me "por toda a vida"?

Eu me sento na cama, esforçando meus olhos para encará-lo. Ele delineia o chão com a ponta do sapato.

— Sim, eu não sabia se poderia te dizer antes. Te trouxe aqui e pensei que iria se adaptar, é simplesmente um paraíso caído. — força um sorriso. — Quem almeja sexo, luxúria, bebidas, drogas, jogos e diversões banais? Todo mundo, e eu me esforcei, eu juro que me esforcei para que você almejasse também. Esse é o meu mundo.

Baekhyun olha subitamente para o seu lado, encarando a porta. Caminha alguns passos para deixá-la, voltando ao ponto inicial. Sua voz se transforma num sussurro carregado de repulsa.

— Chanyeol, você não pertence ao Hotel. Não que algum dia você não mereça estar aqui, isso já não cabe a mim. Eu quis que viesse para que isso se tornasse um lugar menos  pior para mim.

— Por quê quis que eu viesse? — minha voz ainda é rouca, seguida por um pigarro rápido.

— Por quê eu o amo. — diz, num volume quase inaudível.

O encaro, sem que palavra alguma saia por minha boca.

— Não quero que se assuste — ele prossegue — aqui é um lugar terrível e tedioso para alguém solitário como eu. Recebo ordens e as executo. Vou às festas e faço tudo o quanto pode imaginar de errado, mas o errado é o meu certo. E chega a hora em que ele não lhe satisfaz tanto.

— Baekhyun, eu preciso sair daqui.

— Eu sei o que eu disse para o dono, você ouviu perfeitamente, mas nós podemos ter outra ideia. Não vamos nos separar, é apenas questão de tempo para pensar em...

— Eu quero sair daqui. Agora.

Eu dizia tudo o que sentia em meu peito, um tudo que estava preso feito um animal acorrentado. Não sabia o que pensar, mas eu possuía a certeza de que o Hotel exercia uma influência de pensamentos negativos sobre mim a todo momento. Eu queria me libertar. Não importava o que viesse a acontecer, numa coisa ele estava certo: eu não pertenço a este lugar.

Pela primeira vez, Baekhyun chora. Caminha lentamente até a porta, cobrindo o rosto com a mão.

— Me desculpe. Me desculpe, Baekhyun. Não sabia que... Porra.

— Não. — o garoto ajusta a camisa ao corpo como se estivesse amassada. Não olha mais em meus olhos. — Vamos embora daqui.

Deixa o quarto.

— Baekhyun? Para onde está indo? Baekhyun, me espere, por favor eu não queria ter dito aquilo.

Não sabia se o sentimento de alívio era maior que o da culpa. Vendo pelo lado positivo, ambos nós estaremos livres da vida que só o causa dor, insegurança, indiferença. Eu sinto nutrir em mim um sentimento cada vez mais forte por aquele cara de cabelos escuros tão bem penteados.

— Baekhyun?

depois eu arrumo os errinhos #taacabando

hotel [chanbaek]au!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora